Santa Casa BH realiza cirurgia, dentro do útero, com técnica inédita pelo SUS em Minas Gerais

Grupo Santa Casa BH/Divulgação

Nasceu, em 25 de novembro, na Maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa BH, Beatriz Gonçalves Silva. Seria um fato normal e corriqueiro, em se tratando de uma maternidade. Entretanto, a chegada da pequena Beatriz – saudável e sem sequelas – representa conquistas importantes para a mamãe Jordana, o papai Leandro, e para a própria Santa Casa BH: pela primeira vez, a instituição realizou uma cirurgia fetal, ainda dentro do útero, bem-sucedida de mielomeningocele (MMC) pela técnica de Peralta.

O diagnóstico do problema enfrentado por Beatriz veio em 20 de agosto, quando estava com 22 semanas de gestação. Após uma consulta de pré-natal, a mãe, Jordana, de 33 anos, foi orientada a procurar com urgência um especialista na cidade de Bom Despacho, a 120 km de Pains – onde a família vive.

O fetólogo e cirurgião fetal Fábio Batistuta de Mesquita, coordenador do serviço de medicina fetal de uma grande maternidade privada de BH, confirmou o diagnóstico de MMC e trouxe Jordana e Beatriz à Santa Casa BH, onde passaram pela cirurgia em 30 de agosto – com 24 semanas de gestação. 

Grupo Santa Casa BH/Divulgação

Da Santa Casa BH, estiveram à frente dos procedimentos as equipes do neurocirurgião Franklin Faraj, do obstetra Luiz Guilherme Neves Caldeira e do cirurgião fetal convidado Fábio Batistuta, que também realizou a cirurgia.

“A técnica de Peralta é a que tem tido os melhores resultados no mundo, tanto na parte neurológica do bebê quanto do ponto de vista materno, pois permite uma intervenção mais precoce com um corte menor no útero. Pela primeira vez, essa técnica foi realizada pelo SUS em Minas Gerais”, explica Fábio Batistuta .

“A necessidade de colocar válvula na cabeça do bebê por conta de hidrocefalia reduz em cerca 85%. E a chance de a criança andar sem o auxílio de órteses e próteses dobra após a realização da cirurgia”, complementa.

O procedimento foi um sucesso e Jordana se recuperou rapidamente. Ficou internada na Santa Casa BH por cinco dias. “Estou me sentindo a pessoa mais feliz do mundo”, ressalta, com a voz embargada pela emoção.

Parto e internação

Beatriz nasceu de cesariana na Maternidade Hilda Brandão, com 37 semanas e 3 dias de gestação, pesando 2,32 Kg. Ela permaneceu internada, em observação, na Unidade de Cuidados Intermediários da Maternidade Hilda Brandão até o dia 3 de dezembro e teve a mamãe Jordana como sua acompanhante.

Beatriz não tem sequelas decorrentes da cirurgia, mas deverá passar por consultas de acompanhamento médico e sessões de fisioterapia. 

A família de Beatriz

Jordana, de 33 anos, e Leandro, de 42, sempre sonharam em ter uma família grande. Beatriz é a quarta filha do casal, que mora no município de Pains, a 220 km de Belo Horizonte, na região Centro-Oeste de Minas.

Em casa, ela tem a companhia e o carinho dos irmãos Rayane (19 anos), Carlos Henrique (14) e Pedro Augusto (6). 

Sobre a mielomeningocele e a cirurgia

A mielomeningocele (ou espinha bífida) é um defeito congênito que ocorre quando os ossos da coluna não se fecham completamente deixando expostos os nervos da medula, que sofrem agravamentos irreversíveis durante o curso da gestação. Ocorre no início da gravidez e, geralmente, na coluna (região lombar e sacral).

Como consequência, pode resultar em graves problemas de saúde, como hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro), paralisia dos movimentos do quadril e pernas e, problemas urinários e intestinais. A cirurgia para correção intrauterina da mielomeningocele é indicada assim que é feito o diagnóstico pré-natal. 

Segundo a literatura médica, quanto mais rápido e preciso o diagnóstico, melhores serão as chances da correção intrauterina e melhores serão os resultados para o bebê. Feito o diagnóstico, a cirurgia poderá ser realizada entre a 19ª e 26ª semanas de gestação.

O procedimento consiste na abertura da cavidade abdominal materna e posteriormente, na exposição do útero, que sofre uma abertura mínima de 2,5 centímetros. Em seguida, é realizada a cirurgia diretamente no feto.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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