O canal Porta dos Fundos, que tem mais de 16 milhões de inscritos no YouTube, se envolveu em mais uma polêmica. Desta vez, o motivo é um filme da produtora que mostra Jesus namorando outro homem e Maria de Nazaré sexualizada. Uma petição online mostra que mais de 700 mil pessoas, até o momento desta publicação, querem censurar o conteúdo.
O Especial de Natal que conta essa história foi lançado pela Netflix em 3 de dezembro e desde então tem acumulado críticas entre religiosos e conservadores. Muitas pessoas alegam que o filme desrespeita a religião cristã, entre elas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Em postagem no Twitter, o filho do presidente diz que a “Netflix ataca cristãos”.
A @NetflixBrasil acaba de lançar um “Especial de Natal” onde Jesus Cristo (@gduvivier) é gay e tem relações com @FabioPorchat, além de se recusar a pregar a palavra de Deus
— Eduardo Bolsonaro?? (@BolsonaroSP) December 11, 2019
Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população? Fica a reflexão. pic.twitter.com/OtgLJ8ryGu
Além do deputado, lideranças religiosas também se manifestaram. O bispo Dom Henrique Soares publicou em seu Facebook um longo texto criticando a produção. “O ideal seria uma ação judicial. Mas, com a desculpa de liberdade de expressão, todo lixo é permitido”, escreveu.
O deputado bolsonarista Otoni de Paula usou o microfone da Câmara para atacar a liberdade religiosa ao criticar a Netflix e o grupo Porta dos Fundos que realizaram o filme ‘A primeira Tentação de Cristo’.
— Henrique Fontana (@HenriqueFontana) December 10, 2019
Temos que respeitar e defender a liberdade religiosa e o Estado Laico! pic.twitter.com/gUPmY75oGX
A deputada federal Chris Tonietto (PSL/RJ) requereu na Câmara dos Deputados uma moção de repúdio à Netflix, alegando que a produção contém “ostensivo vilipêndio e escárnio da fé cristã”.
‘Aqui quem fala é Jesus’
Gregório Duvivier, que interpreta Jesus no filme, escreveu uma resposta às críticas através da sua coluna da Folha de São Paulo. “Queridos seguidores, aqui quem fala é Jesus”, é a frase que abre o texto, escrito na voz de Jesus.
“A novidade é que tão fazendo um abaixo-assinado em meu nome pra proibir um especial de comédia ‘ofensivo’. Se ofende a mim, deixa comigo, pessoal. Eu sou foda. Quando não gosto de alguém, eu dou meu jeito”, escreveu Gregório.
“‘Ah, mas o Jesus deles é gay’. Gente, o humorista que quiser me irritar vai ter que se esforçar mais um pouquinho. Mas tem gente no Brasil que tá conseguindo. Desempregado pagando INSS?”, conclui o ator.
Outras pessoas reagiram aos ataques contra a produção, dizendo que existem outros assuntos mais relevantes para que cristãos se mobilizem. “Quem tá incomodado com o especial de Natal da Porta dos Fundos deveria se incomodar também com quem defende torturador e espalha ódio contra minorias. Do contrário é hipocrisia”, publicou uma conta no Twitter.
Há pessoas cancelando Netflix por causa de uma produção. Asqueroso. Acham que o mundo gira em volta delas. Já fizeram isso com “O Mecanismo”, que é muito bom, e agora com Porta dos Fundos. Precisam aprender o que é catálogo.
— Heitor Mazzoco (@mazzocoheitor) December 10, 2019
gente o mundo ta chato, nao pode fazer piada com nada /// COM JESUS NAO SE BRINCA (tira do @DiaboReal) pic.twitter.com/OwZBHv77Pd
— Gregorio Duvivier (@gduvivier) December 11, 2019