Alê Oliveira se defende de antiga acusação de racismo: ‘Minha esposa é negra’

Rica Perrone/YouTube/Reprodução + @ale_oliveiraoficial/Instagram/Reprodução

Dois anos depois de rescindir o contrato com a ESPN, Alê Oliveira se manifestou sobre a acusação de injúria racial que repercutiu antes da saída dele da emissora. Em entrevista para o YouTuber Rica Perrone, o comentarista contou que não se dava bem com colegas de trabalho e que a situação repercutida foi um mal entendido.

Em julho de 2017, o colunista Leo Dias divulgou em seu blog que Alê teria chamado uma maquiadora da ESPN de “preta de merda”. Segundo a notícia, a profissional teria denunciado o caso à diretoria da emissora, que trocou seu turno de trabalho para que os dois não se encontrassem mais.

A emissora anunciou a rescisão do contrato com o apresentador e se manifestou afirmando que não houve ofensa racial: “A ESPN e o comentarista Alexandre Oliveira decidiram, em comum acordo, encerrar o contrato nesta terça-feira. Muito embora não tenha sido constatada ofensa racial em recente episódio envolvendo uma funcionária da ESPN, as partes optaram por não continuar com o contrato”.

Na entrevista, Alê explicou a situação e se defendeu das acusações. “Eu venho do futebol e do samba, onde só tem negão. Como se não bastasse, a minha esposa é negra e minhas duas enteadas são negras”, argumentou o comentarista e ex-jogador de futsal.

Alê contou que não frequentava a redação da ESPN e convivia com as pessoas que ficavam na cozinha, como os cinegrafistas e a maquiadora. “O ambiente era estranho pra mim, eu era muito diferente da turma da redação. A vida inteira eu vivi no vestiário, como atleta ou treinador, e as brincadeiras do vestiário são inaceitáveis pro politicamente correto. Todo mundo brinca com todo mundo e ninguém se ofende, quem se ofende é a pessoa que está passando atrás, e é ela que tem o preconceito”, explicou ele.

Outro lado da história

O problema com a maquiadora ocorreu em um dia em que Alê estava gripado e chegou ao trabalho com o nariz escorrendo e os olhos vermelhos. Por isso, ele pediu que ela retocasse a maquiagem dele nos intervalos.

“Acho que ela esqueceu, mas ela não apareceu lá para retocar. Como o programa era muito de zoeira, fizeram muitos memes com meu rosto, todo mundo estava rindo e comentando no Twitter. No intervalo, eu mandei uma mensagem para a diretora e pedi para ela avisar a maquiadora, aí acho que a diretora foi na alma dela, e ela ficou meio com medo meio brava, porque tomou uma dura, e apareceu no último intervalo”, contou.

Depois do programa, a maquiadora contou para a diretora que Alê a tratava mal, ficava nervoso e fazia muitas brincadeiras. O apresentador estranhou ela só ter reclamado depois do ocorrido, já que os dois trabalhavam juntos há 6 anos. “Não é estranho? Ela errou e estava tentando jogar pra cima de mim, no medo, no desespero. Falei que não ia deixar isso assim, ia tomar providências, porque sempre tratei todo mundo tão bem, principalmente esse pessoal”, explicou ele.

Alguns dias depois, a maquiadora reclamou de Alê no departamento jurídico da emissora e ele foi chamado na sala da advogada. “Falei que já tinha até esquecido que tinha acontecido, mas que agora não queria mais trabalhar com ela, porque perdi a confiança nela, depois que ela mentiu. Posso entrar sem maquiagem, podem mudá-la de horário, mas com ela não trabalho mais”, contou.

A maquiadora passou a trabalhar no turno da noite e, segundo Alê, as pessoas que trabalham nesse horário não gostam dele. “Ela contou essa história pra eles, e uma dessas pessoas pegou e falou “Ah é? Deixa comigo”. Aí juntou as brincadeiras que eu e os cinegrafistas, a mulher do café, que a gente fazia um com o outro, e transformou isso numa ofensa pra maquiadora. Essa pessoa, que era muito ligada ao Léo Dias, jogou isso aí e ele soltou a matéria”, explicou.

Assim que a notícia repercutiu, o apresentador pediu que a emissora se pronunciasse em sua defesa e sugeriu que gravassem um vídeo dele com a maquiadora para esclarecer a situação. A decisão da ESPN foi protocolar uma nota à imprensa e, para Alê, a atitude não foi suficiente.

“O Léo Dias é muito maior do que essa nota. Falaram pra deixar pra lá, que depois o povo esquece. Eu não aceitei, achei pouco, e decidimos pela rescisão do contrato”, explicou.

Depois da repercussão, Alê postou um “decreto” – quadro de humor que compartilha às sextas-feiras no Instagram – diferente. “Vieram minhas enteadas, negras, e me abraçaram, sem falar nada. Minha esposa, negra, me abraçou. Minha filha, que é branca, abriu um cartaz escrito ‘Que Deus perdoe essas pessoas ruins’. Agradeci publicamente as pessoas que me apoiaram. Quase ninguém acreditou nessa história de racismo, só quem não gostava de mim”, finalizou o apresentador.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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