Sem guardas nas ruas, BH vive tensão após Kalil barrar agentes: ‘Não é momento de radicalização’

Amira Hissa/PBH + Amanda Dias/BHAZ

O belo-horizontino foi surpreendido com a ausência de guardas municipais nas ruas da cidade em plena efervescência do comércio causada pelas festas de fim de ano – o que atrai as atenções da criminalidade. A medida partiu nesta quinta-feira (12) justamente do prefeito Alexandre Kalil (PSD) em reação a um movimento de agentes para melhorar as condições de trabalho. Os representantes dos guardas, por sua vez, afirmam que o clima é de tensão e, justamente por isso, não é “momento de radicalização”.

“A nossa expectativa é que a discussão a respeito do reajuste seja retomada em uma nova reunião com o Executivo. É uma situação que requer muito diálogo de ambas as partes e bom senso. Estamos diante do momento mais tenso, pois envolve servidores da área de segurança, com porte de armas e, por isso, não é o momento de radicalização”, afirma ao BHAZ o presidente do Sindibel, Israel Arimar, que representa os guardas na negociação.

A PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) propôs 7,2% de aumento para a categoria, sendo 3,7% dado no início de 2020 e outros 3,3% no fim do ano que vem. Os guardas municipais pedem um aumento de 20%.

Após protestos com marcha de guarda municipais pelo Centro e ameaças de greve, Kalil resolveu suspender os trabalhos da Guarda Civil Municipal nesta quinta (12) e aplicar outras sanções, como o cancelamento da compra de 780 armas para os guardas e o recuo na proposta inicial de reajuste.

“A proposta está na Câmara e vai ser retirada. Vão ter que negociar o que já estava negociado”, disse Kalil, antes de acrescentar que a proposta já enviada é o que a PBH pode fazer.

“Não vou quebrar a prefeitura. Vocês devem ter notado o que aconteceu com a saúde do Rio de Janeiro. Você vai atendendo a todos fora do seu alcance e, no final, ficam três meses sem receber. Isso aqui não é banco, é a prefeitura de Belo Horizonte. BH tem que ser o exemplo de como gerir uma cidade”, afirmou.

Movimento político

O prefeito declarou que os protestos são movimentos políticos e os responsáveis já teriam sido identificados. “Não estou preocupado com caça às bruxas, estou preocupado com a segurança da população. Isso – o suposto movimento político – é coisa que tem de ser tratado internamente”, disse.

O presidente do Sindibel rebateu. “Na avaliação do sindicato cabe a prefeitura, ao mencionar isso, colocar os nomes e em qual situação chegaram a essa conclusão. Do nosso ponto de vista, trata-se de um descontentamento normal, como em qualquer outra categoria. O sindicato ficará por conta de analisar melhor a situação e encontrar um desfecho para esse impasse. Agora, é importante ter boa vontade e sensibilidade de todos os lados para chegar a uma solução”, afirma Israel.

Sem previsão de volta

A Guarda Civil Municipal seguirá nos quartéis, sem prestar serviço na capital por tempo indeterminado, por ordem do prefeito. “Não sei quanto tempo vai demorar. Os guardas estão com os veículos recolhidos. Não tem ninguém de greve, segunda vamos ter resposta que ainda não tivemos”, disse o prefeito ao determinar o aquartelamento dos guardas.

O sindicado disse que monitora a situação. “Acabamos de ser comunicados e estamos acompanhando a repercussão das ações do prefeito junto da guarda. O que pedimos no momento é tranquilidade, pois há um momento de tensão entre a guarda e administração municipal”, afirma Israel.

PM garante efetivo

Sem o apoio da Guarda, caberá à PM (Polícia Militar) suprir o patrulhamento na capital durante o período de maior demanda por conta do movimento provocado pelas festas natalinas e a virada de ano.

Segundo o coronel Anderson de Oliveira, comandante o CPC (Comando de Policiamento da Capital), haverá efetivo suficiente sem comprometer as operações de fim de ano da polícia.

“A PM já faz patrulhamento em áreas patrimonialistas em conjunto com a guarda, o que vamos fazer é estender esse trabalho através de rotas, ponto base de viaturas e posicionamento fixo em cada localidade para verificar qual a melhor forma de policiamento”, afirma o coronel.

Nota do Sindibel na íntegra:

“Em relação à coletiva realizada pelo prefeito Alexandre Kalil nesta quinta-feira (12), o SINDIBEL vem reiterar o seu posicionamento de que, neste momento, é fundamental manter a serenidade e o espaço de diálogo entre a Guarda e a administração municipal.

Na próxima segunda-feira (16), o presidente do sindicato e um representante da Guarda Municipal irão se reunir com o prefeito.

O sindicato mantém a convocação para assembleia geral da categoria na terça-feira (17). A expectativa é que o impasse entre a Guarda Civil Municipal e a prefeitura seja resolvido de forma construtiva e satisfatória para todos, principalmente para a população de Belo Horizonte”.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!