Belo-horizontinos vivem 5 anos mais do que moradores de cidades vizinhas

Henrique Coelho/BHAZ

Da Faculdade de Medicina da UFMG

Um estudo inédito identificou relevantes desigualdades na expectativa de vida de seis grandes cidades latino-americanas, incluindo Belo Horizonte. Na avaliação, houve disparidades quando essa expectativa foi comparada entre as cidades analisadas ou mesmo dentro de cada região metropolitana. 

Na área da capital mineira, por exemplo, considerando 21 cidades, há uma lacuna na expectativa de vida de cerca de oito anos para homens e quase sete para mulheres, dependendo do local de moradia. Os dados são do projeto Saúde Urbana na América Latina (Salurbal) e foram publicados na The Lancet Planetary Health.

Os resultados também destacam a relação entre expectativa de vida e a condição socioeconômica, medida pelo nível de escolaridade, da área de residência dos cidadãos. No caso da região de Belo Horizonte, viver em uma área com maior nível de escolaridade pode implicar em uma expectativa de vida maior em quase cinco anos.

Faculdade de Medicina da UFMG/Reprodução

De acordo com a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Waleska Caiaffa, pesquisadora coordenadora do ramo Brasil no Salurbal, a capital mineira apresenta a maior expectativa de vida da região, assim como o maior nível de escolaridade.

Para Waleska, essa heterogeneidade entre as subáreas, assim como a diferença na expectativa de vida de homens e mulheres encontradas em todas as cidades analisadas, compromete a qualidade de vida da população. “Em relação as outras metrópoles do estudo – Buenos Aires, Santiago, San José, Cidade do México e Cidade do Panamá-, BH está bem situada, porque a disparidade entre a expectativa de vida do homem e da mulher (média de cinco anos) é menor do que outras analisadas”.

Salurbal/Divulgação

Apenas São José, capital da Costa Rica, tem uma diferença inferior (média de três anos). “Isso é interessante. Apesar de muitos problemas, ainda somos uma região boa para se viver quando comparada as outras cidades analisadas da América Latina”, avalia Waleska.

Por outro lado, os dados sobre os homens estarem morrendo mais cedo, a professora considera um sério problema demográfico. “Ao inverter a pirâmide etária temos disparidade de proporção entre mulheres e homens. Sem contar que há muitos casos onde só eles trabalham, então essas mortes precoces comprometem a renda da família”, comenta Caiaffa. “Esse é o primeiro estudo que possibilita comparar a expectativa de vida de seis importantes regiões urbanas da América Latina, bem como verificar as disparidades dentro de cada uma e começar a investigar o quanto podem ser modificadas”, destaca a professora.

A partir de agora, os pesquisadores do estudo defendem a necessidade de entender os determinantes da saúde urbana das regiões e desenhar políticas públicas mais voltadas para o bem-estar da população.

“Um país com melhor expectativa de vida é considerado com melhor qualidade de vida, porque as pessoas têm melhores condições para viver mais. Isso inclui a forma de viver de modo geral, a alimentação, o ar respirado, a prática de atividades físicas, ter acesso a diagnóstico e tratamento das doenças, bons serviços de saúde, morar em uma região que te permite sair e caminhar, bons meios de locomoção, bom sono e outros hábitos saudáveis, por exemplo”, lembra Caiaffa.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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