Boatos sobre suposta intoxicação levam temor ao Buritis; autoridades de BH investigam

Divulgação/ABB + Reprodução/Facebook

A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte investigarão se há alguma relação entre quatro casos de internações hospitalares envolvendo pessoas que passaram as festas de fim de ano no bairro Buritis, na região Oeste da cidade. Desde sábado (4), circulam pelas redes sociais mensagens que apontam a ocorrência de uma suposta intoxicação coletiva. O BHAZ entrou em contato com o presidente da ABB (Associação do Bairro Buritis) e com a filha de um dos pacientes citados nas publicações. Eles destacam que informações inverídicas estão sendo compartilhadas pela internet.

Até o momento, há a confirmação apenas da internação de três pessoas em unidades de saúde de Belo Horizonte e de um quarto homem na cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata. Os quatro passaram os últimos dias do ano passado no Buritis e, posteriormente, foram hospitalizados. As primeiras informações apuradas pelo BHAZ apontam que três deles moram de fato no bairro. Ainda não há detalhes do estado de saúde dos pacientes.

Textos – publicados no Facebook e também enviados por meio do WhatsApp – apontam que os quatro precisaram receber atendimento médico depois de ingerir uma marca específica de cerveja. Em outras mensagens, consta ainda a informação de que eles frequentaram um mesmo espaço, onde teriam sido intoxicados. Diante da repercussão dos boatos, autoridades sanitárias e policiais iniciaram investigações sobre os relatos.

ABB e filha de paciente apontam desinformação

Neste domingo (5), o BHAZ conversou com o presidente da ABB (Associação do Bairro Buritis), Braulio Lara, a respeito da situação. No sábado, ele gravou um vídeo no qual pede doação de sangue para dois homens internados em unidades de saúde de BH. Os moradores citados fariam parte do grupo de quatro pacientes que virou alvo de boatos.

Braulio explicou que não há, até o momento, nenhuma coincidência confirmada entre as internações, exceto o fato de que os homens estiveram no bairro ao longo dos últimos dias (três deles moram no Buritis). ”Desde que esse caso apareceu, eu já ouvi umas cinco ou seis versões diferentes. Conversei com o delegado que atua no bairro e isso de envenenamento foi descartado”, explicou Lara ao BHAZ.

Segundo o presidente da associação, que conversou diretamente com familiares dos envolvidos, também não existem diagnósticos que correlacionem os casos de forma efetiva. ”Descartamos a informação de que alguém morreu envolvendo essa situação. Publiquei o vídeo para pedir doações e as pessoas começaram a descredibilizar focados nessa suposta intoxicação coletiva”, contou.

”O Buritis tem cerca de 30 mil moradores e quatro pessoas passarem mal não é um recorte muito significativo, mas a gente se preocupa. Estamos acompanhando e em contato com as autoridades para dar uma resposta aos moradores e evitar desinformação”, disse.

Braulio ainda conta que o medo de que a ingestão de algum produto ou alimento tenha ocasionado as internações, levou pânico a parte dos moradores. ”Ontem [sábado] rolou um principio de pânico, mas agora a situação esta estável. Uma moradora me ligou dizendo que comeu uma coxinha e estava apavorada com a possibilidade de passar mal. Toda hora essa mensagem volta”, explicou. Segundo ele, no entanto, o foco agora e a doação de sangue para os envolvidos. ”Precisamos dar auxílio a essas pessoas e esperar que as autoridades investiguem”, finalizou.

Isabella Schayer, filha de um dos pacientes citados na postagem da ABB e também alvo dos boatos, conversou rapidamente com a reportagem. Ela disse que as informações a respeito do pai são falsas, ou seja, nada tem a ver com o suposto envenenamento coletivo, mas que a família prefere se resguardar e não conceder entrevista.

Cervejaria crava: notícia mentirosa

Nas mensagens que circulam pelas redes sociais, uma marca de cerveja tem sido apontada como elo entre os pacientes internados. A Vigilância Sanitária de BH explicou, por meio de nota (leia abaixo), que apura se houve contaminação durante um evento específico, mas não revela as circunstâncias em que ele ocorreu (como a data e o local). Na nota, o órgão diz que produtos foram recolhidos para análise, sem dar mais detalhes.

A cervejaria Backer, responsável pela marca Belohorizontina, citada nos boatos, informou que monitora ”todos os lotes de cerveja que vão para o mercado” e que o fato do produto ter sido citado nas mensagens ”não passa de uma tentativa de denegrir” a imagem da empresa. ”As medidas legais já estão sendo tomadas para punir os responsáveis dessa MENTIRA”, destacou em nota.

Nota da Polícia Civil

”A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que, até o presente momento, não foi registrado nenhum Boletim de Ocorrência sobre o referido caso. A PCMG vai instaurar diligência de investigação preliminar a fim de verificar se o fato tem indícios de crime. A autoridade policial realizará essas diligências preliminares, a exemplo de entrevistas e comunicação com outros órgãos estatais, com o objetivo de averiguar se os fatos narrados nessa denúncia são materialmente verdadeiros e só então iniciar as investigações e abrir o inquérito policial”.

Nota da Vigilância Sanitária

”A Secretaria Municipal de Saúde foi notificada sobre quatro pacientes internados em hospitais da rede privada de Belo Horizonte, com suspeita de intoxicação. O inquérito epidemiológico já foi aberto para investigação mais detalhada sobre os  sintomas apresentados e os alimentos consumidos pelos pacientes. As amostras biológicas coletadas foram encaminhadas para laboratório de referência. A Vigilância Sanitária do município também recolheu alimentos para análise. 

Até o momento, não há confirmação de óbito relacionado ao caso”.

Nota da Cervejaria Backer

Nos 20 anos de história da cervejaria sempre prezamos, acima de tudo, pela qualidade de nossos produtos, que são produzidos e monitorados por excelentes profissionais do setor, pelo nosso laboratório interno e chancelados por laboratórios externos credenciados. Nossos fornecedores de matéria prima enviam laudos e certificados de cada lote dos insumos utilizados de cada produção. Monitoramos todos os lotes de cervejas que vão para o mercado e somos fiscalizados por todos os órgãos de vigilância sanitária e Ministério da Agricultura. Devido ao grande sucesso da Belorizontina e a grande concorrência no mercado, utilizam dessa notícia MENTIROSA, para atingir a marca Belorizontina que é tão querida pelos mineiros e não passa de uma tentativa de denegrir a nossa imagem. As medidas legais já estão sendo tomadas para punir os responsáveis dessa MENTIRA”.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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