Laudo preliminar encontra substância tóxica em amostras de cerveja da Backer

Amanda Dias/BHAZ

Exames preliminares realizados pela Seção Técnica de Física e Química Legal, da Polícia Civil de Minas Gerais, em duas amostras de cerveja da marca Belorizontina apontaram a presença da substância dietilenoglicol em dois lotes do produto. As garrafas foram entregues lacradas para os peritos após serem recolhidas pela Vigilância Sanitária de Belo Horizonte nas casas de consumidores que passaram mal. A corporação investiga as causas da internação de oito pacientes com sintomas similares. Um deles morreu após ser hospitalizado em Juiz de Fora.

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O laudo – que vazou nas redes sociais e tem sua autenticidade conferida por meio do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do Governo de Minas Gerais – aponta que foram analisados os lotes L1 1348 e L2 1348 da Belorizontina, cerveja pilsen fabricada pela cervejaria Backer. O dietilenoglicol é um composto normalmente utilizado no processo de refrigeração em diversas atividades industriais. A ingestão dessa substância pode afetar principalmente os sistemas nervoso, cardiopulmonar e renal.

Os pacientes hospitalizados em Belo Horizonte são moradores do bairro Buritis, na região Oeste da capital, e consumiram a cerveja, segundo a Polícia Civil. Eles apresentam sintomas similares em diferentes fases das internações, o que criou a suspeita da existência de uma síndrome. Os casos mobilizam investigações da Polícia Civil e da Secretaria de Saúde de Minas Gerais.

Na noite desta quinta-feira (9), por meio de nota, a Backer reforçou que não utiliza a substância no processo de produção da cerveja. “Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação”, diz o comunicado (leia na íntegra abaixo).

Investigação

Ao todo, nove casos da síndrome não identificada foram notificados, mas um deles acabou descartado pelo fato de não apresentar os mesmos sintomas dos demais relatados. A SES-MG (Secretaria de Saúde de Minas Gerais) confirmou os dois últimos pacientes – homens com 56 e 64 anos -nessa quarta-feira.

A secretaria acionou o Ministério da Saúde no dia 5 de janeiro a respeito de casos graves de insuficiência renal aguda com alterações neurológicas, cujas causas ainda não foram identificadas.

Especialistas do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde desembarcaram em BH na última terça-feira (7). Os profissionais irão colaborar, segundo o comunicado, “na investigação epidemiológica, confirmação diagnóstica, na busca e descrição dos casos, no levantamento e na análise de hipóteses sobre o modo de adoecimento para o desencadeamento de ações de prevenção e controle da doença”.

A SES-MG elaborou uma nota técnica com a definição dos casos a fim de orientar profissionais de saúde no atendimento e identificação dos pacientes. Segundo o órgão, eles devem estar atentos ao seguinte: indivíduo que, a partir de primeiro de dezembro de 2019, tenha iniciado sintomas gastrointestinais (náusea, vômito e dor abdominal), associados a insuficiência renal aguda grave de evolução rápida (em até 72 horas), seguida de uma ou mais alterações neurológicas, como paralisia facial, vista borrada, cegueira total ou parcial, entre outros.

A partir da identificação de supostas vítimas, os casos devem ser notificados imediatamente, em até 24 horas, pelo profissional de saúde às secretarias municipais e estaduais, além do próprio Ministério da Saúde.

Nota da Backer

“Após entrevista coletiva nesta tarde, a Polícia Civil divulgou laudo informando que a substância dietilenoglicol foi identificada em duas amostras recolhidas da cerveja Belorizontina na casa de clientes, que vieram a desenvolver os sintomas. Vale ressaltar que essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer.

Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação.”

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