Consumo de cerveja é ponto em comum entre pacientes; Backer nega uso de dietilenoglicol

Giovanna Fávero + Amanda Dias/BHAZ

O consumo da marca de cerveja Belorizontina, da Cervejaria Backer, é apontado como ponto em comum entre pacientes internados com a chamada “síndrome misteriosa” que já afetou oito pessoas em Minas Gerais – uma delas morreu após ser hospitalizada. A informação foi confirmada em coletiva de imprensa realizada na noite desta quinta-feira (9) pela Polícia Civil, que contou ainda com representantes do Ministério Público de Minas e das áreas de vigilância e saúde da SES-MG (Secretaria de Saúde de Minas Gerais).

“As cervejas, que foram recolhidas na casa dos pacientes, foram levadas ao laboratório do instituto de criminalística da Polícia Civil. Ontem, por volta das 23h, saiu o resultado da análise dos dois lotes e deu positivo para etilenoglicol“, explicou Thales Bittencourt de Barcelos, superintendente de Polícia Técnico-Científica.

De acordo com as autoridades, as secretarias municipal e estadual de Saúde receberam a primeira notificação relacionada à doença no dia 30 de dezembro e, a partir de então, novos casos começaram a surgir. No dia 6 de janeiro, uma força-tarefa foi criada para investigar o que causou o quadro dos pacientes internados. Eles foram hospitalizados com náusea/vômito e ou dor abdominal, associados à insuficiência renal aguda grave de evolução rápida. Foram diagnosticados também com alterações neurológicas, como paralisia facial e borramento visual.

Equipes da área da saúde que trabalham nos casos foram até as residências das famílias dos afetados e recolheram amostras de produtos consumidos, encaminhados à Polícia Civil em seguida. A princípio, as investigações são bastante amplas e incluem a possibilidade de intoxicação.

+ Laudo preliminar da Polícia Civil encontra substância tóxica em amostras de cerveja da Backer

A Polícia Civil abriu uma investigação preliminar sobre o caso e, nesta quinta-feira (9), o Setor Técnico de Física e Química Legal da corporação detectou a existência de um elemento que levou as autoridades a instaurarem um inquérito para apurar possíveis crimes. Quatro garrafas da cerveja belohorizontina foram analisadas e um laudo preliminar apontou a presença de uma substância tóxica, o etilenoglicol, nas amostras dos lotes L11348 e L21348.

Segundo a corporação, ainda não é possível precisar como a substância foi parar dentro das amostras e nem onde se deu a contaminação. A Polícia Civil comunicou as vigilâncias sanitárias de Minas e de BH a respeito do fato para que os órgãos avaliem quais medidas devem ser tomadas.

A Backer divulgou nota destacando que não usa a substância dietilenoglicol na produção da cerveja. “Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação”, reforça o comunicado.

Backer ainda não pode ser apontada como culpada

Coordenador do Procon Estadual, o promotor Amauri Artimos também esteve na coletiva e explicou que o órgão acompanha o caso desde o começo devido à gravidade. Ele ressaltou que, apesar da identificação da substância na cerveja, ainda não é possível atribuir culpa à empresa responsável pela produção da bebida, a Backer.

“Essa informação surgiu porque há um laudo que evidenciou a presença dessa substância nessas duas amostras, não há informação de que a empresa tenha intenção ou seja responsável por isso, já que a cerveja estava na casa dos consumidores”, disse. “Naturalmente, o Procon Estadual e o Ministério Público irão tomar as providências para que os consumidores não sejam lesados em razão desses fatos”, acrescentou.

Por fim, as autoridades recomendam que consumidores que tenham lotes da cerveja ( L11348 e L21348) não façam ingestão dela e, se possível, colaborem com as investigações disponibilizando os produtos. “Importante ressaltar que estamos ainda em um momento de investigação incipiente, o inquérito foi instaurado hoje, todos os órgãos estão trabalhando em conjunto, mas ainda demanda muito tempo para finalizar as investigações”, contou.

Agora, a Polícia Civil tem um prazo de 30 dias para finalizar o inquérito a respeito do caso.

Nota da Backer

“Após entrevista coletiva nesta tarde, a Polícia Civil divulgou laudo informando que a substância dietilenoglicol foi identificada em duas amostras recolhidas da cerveja Belorizontina na casa de clientes, que vieram a desenvolver os sintomas. Vale ressaltar que essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer.

Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação.”

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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