Ao seu jeito, ou à falta dele, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), continua marcando gols. E o faz, muitas vezes fora das regras do jogo, no impedimento e até de mão, mas sem quaisquer marcações. Ele é confessadamente pré-candidato a buscar novo mandato em 4 de outubro próximo.
Cinco dias depois de sua manifestação, na segunda (6), até agora, nenhum adversário ou concorrente o contestou ou tratou do assunto em questão. Qual seja, o aumento das tarifas de ônibus da capital mineira. Kalil não só barrou o reajuste, mas voltou a comprar briga com o setor falando que será desse jeito mesmo: “no diálogo ou no porrete”.
Efeito eleitoral marcará ações do prefeito
É claro que que tudo que o prefeito fizer, neste ano, na área administrativa, ou fora dela, terá influência e efeitos eleitorais. Estamos, afinal, a menos de nove meses das eleições municipais.
Ainda assim, ninguém, nem aquele que é apontado como segundo colocado nas pesquisas pré-eleitorais se manifestou. No caso, o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que, apesar do recesso na Assembleia Legislativa, lidera a audiência nas tardes da TV Record. Como ele, não reagiram os pré-candidatos do partido Novo, do PSOL, Cidadania sobre o pretendido reajuste do setor ou sobre os arroubos do prefeito.
O prefeito negou o reajuste, foi para justiça e conseguir barrar o aumento do valor da passagem de ônibus na capital. Depois, usou as redes sociais e endureceu o tom, dizendo que a tarifa de ônibus será R$ 4,50 ‘no diálogo ou no porrete’.
Disputa quase que solitária
Pode até ser jogo de cena, ou não, mas Kalil sempre exibiu relação turbulenta com o setor. Não custa lembrar que um dos motes de sua eleição passada foi afirmar que abriria a caixa preta dos contratos das empresas com a BHTrans, a empresa municipal de trânsito e transportes. Disse que abriu e que nada encontrou de errado, mas agora, ano eleitoral, volta a brigar com o setor.
Tudo somado, marcou seu golzinho nessa disputa quase que solitária por mais um mandato na prefeitura. O assunto tarifa de ônibus terá recurso judicial, e pode até mudar, mas o efeito político e eleitoral já produziu seus resultados.
Talvez, com receio do “porrete”, os adversários o poupam de suas falhas e defeitos por não fazerem o debate e enfrentamento. Assim, ele segue sozinho na disputa eleitoral, que, por conta de sua provável recandidatura, já começou na capital mineira. Novas pesquisas sairão até o início de fevereiro e poderão apontar os rumos da disputa.
Copasa vira vilã em ano eleitoral
Em ano eleitoral, a Copasa, estatal de tratamento de água e saneamento, será a bola da vez no interior mineiro, especialmente onde houver reajuste por conta de serviços. Na última terça (7), a Prefeitura de Coronel Fabriciano (Vale do Aço) ajuizou ação civil pública contra a Copasa requerendo a suspensão imediata da taxa de esgoto.
A ação, com pedido de tutela de urgência, foi protocolada junto à Vara da Fazenda Pública da Comarca local. A tarifa começou a ser cobrada nessa cidade em dezembro passado, mas só 43% dos moradores contariam com tratamento de esgoto. O valor da taxa chega a 97,3% sobre o consumo de água, aumentando em cerca de 52% a tarifa final.
Saída é judicializar e afastar o problema
“Sou morador de Fabriciano, também fui surpreendido com o aumento na conta de água e acho um abuso pagar por um serviço que não é prestado. Desde dezembro, mais de mil pessoas procuraram o município para contestar a cobrança. E em defesa do interesse público, não vamos aceitar o descumprimento de leis e contratos por parte de nenhuma empresa ou concessionária. Por isso, a decisão em acionar a Justiça”, afirmou o prefeito Marcos Vinicius (PSDB).
Como ele, vários outros prefeitos adotaram o mesmo discurso contra o reajuste da tarifa, onde foi implantado o tratamento do esgoto. A direção da companhia contestou o que foi chamado de cobrança indevida. De acordo com sua assessoria, a taxa de esgoto está sendo cobrada de quem efetivamente recebeu o serviço.
Maioria das prefeituras atrasará fornecedores para pagar 13º salário neste ano