Menino de 7 anos tem sonho de ser pedreiro e acompanha o pai nas obras: ‘É a melhor profissão’

Camilla de Oliveira/Arquivo pessoal

“Ele veste a roupa do pai, as botas, acorda cedo e pede para ir nas obras com ele. Sinto o maior orgulho”. Camilla de Oliveira de 26 anos é mãe do pequeno Kayo Victor, de 7, que tem o sonho de seguir os passos do pai e se tornar pedreiro. A jovem, que mora com um filho em uma comunidade no Rio de Janeiro, contou a história por meio do Facebook e o caso viralizou.

Ao BHAZ, Camilla explicou que não é a primeira vez que o filho pede para acompanhar o pai, Alex de Oliveira, de 29 anos. “Teve um dia que ele me pediu para colocar o celular para despertar às 6h, que ele iria acordar para ir trabalhar com o pai. Até duvidei um pouco, mas não é que ele foi mesmo?”, relata.

“Ele que me acordou pedindo café e dizendo que iria trabalhar. Ele pegou uma bermuda, colocou no corpo, olhou pra mim e disse: ‘Essa bermuda combina para trabalhar? Porque eu vou mexer com cimento’. Eu ri e falei que combinava sim, e lá foi ele para a obra com o pai”, continua Camilla.

Não é trabalho

A mãe de Kayo explica que o menino está de férias, por isso acompanha o pai. “Moro em uma comunidade carente, aí prefiro ele junto do pai do que aqui na rua, vendo coisas erradas, meninos vendendo drogas. Já expliquei para ele que isso é errado, o que os meninos fazem. Infelizmente, aqui não é seguro para ele brincar”, relata.

Camilla ainda reforça que o filho não trabalha. “Jamais eu vou colocar meu filho para ficar no sol quente, pegando peso. Ele vai porque sente orgulho do pai, que está sempre ao lado cuidando dele. É a forma que os dois têm de ficar mais juntos, criarem ainda mais laços”, continua.

Na escola, Kayo está no 2º ano do Ensino Fundamental. “O que ele mais gosta é de matemática, ele gosta muito de estudar. É um menino bem querido na escola. Muito atencioso com todo mundo, gosta sempre de ajudar quem está por perto”, diz.

Camilla de Oliveira/Arquivo pessoal

“Pedreiro é a melhor profissão”

Na volta da obra, o menino ficou todo feliz e disse para a mãe que recebeu o “pagamento” pelos “serviços”. “Veio com uma nota de R$ 20 e me pediu para tirar foto. Eu fico toda entusiasmada, tenho muito orgulho dele. Mesmo pequenininho, ele já tem consciência e força de vontade”, conta.

Muito animado, Kayo conta que gostou muito de acompanhar o pai. “Eu gosto de pegar tijolo, usar aquele negócio de medir. Quando eu crescer quero ser igual ele. Acho que pedreiro é a melhor profissão, é um trabalho bom, que ajuda as pessoas”, explica o menino.

Quando não está estudando ou acompanhando o pai, Kayo procura se divertir com outras coisas. “Gosto de soltar pipa, jogar video-game, brincar de muitas coisas. Mas o que mais gosto é de ir com o meu pai, trabalhar com ele”, explica. Ele também conta que gostou muito da repercussão da postagem. “Fiquei famoso, todo mundo me conhecendo, achei muito legal”.

Kayo já deu um destino para o “pagamento” recebido. “Ele disse que vai comprar salsicha para eu fazer com macarrão, uma pipa, linha e que vai ao shopping. Eu falei com ele que o dinheiro não daria para isso tudo, aí ele falou que iria ‘ajudar’ mais o pai e guardar o que ganhasse”. Além disso, o menino também tem o sonho de comprar uma moto.

Camilla explica o que ele faz nas obras quando acompanha o pai. “Ele fica na obra mais como companhia, joga água em algum lugar quando o pai pede, ajuda com alguma coisa mais leve. O pai é uma referência para ele, o Kayo gosta muito dele, é uma pessoa que ele admira”, diz.

Além de pedreiro, Alex também trabalha como mototaxista, ficando fora de casa grande parte do tempo. “Ele fica todo alegre com o Kayo querendo acompanhá-lo sempre. Fica rindo, achando o maior barato. Os dois se dão muito bem”, completa.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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