Regiões de BH recebem, em 1h30, (muito) mais chuva do que todos os meses do período seco: ‘Caos total’

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“Um caos total”. Dessa forma que uma moradora do bairro Vale do Jatobá, na região do Barreiro, define a manhã desta quinta-feira (16), após o forte temporal na noite de ontem. Carros foram arrastados e avenidas foram tomadas pela água que transbordou de córregos. E a meteorologia prevê mais chuvas até o fim de semana (veja abaixo).

A força da chuva da noite de ontem, sentida na pele por milhares de belo-horizontinos, assusta também no “papel”. A Defesa Civil da capital mineira registrou mais de 75mm de precipitação em duas regiões da capital mineira – Noroeste e Oeste – em apenas 1h30, entre 20h30 e 22h (veja mais abaixo).

Isso é superior ao que chove, historicamente, em todos os meses do período seco, compreendido entre abril e setembro.

  • Abril – 74,7 mm
  • Maio – 28,1 mm
  • Junho – 9,7 mm
  • Julho – 7,9 mm
  • Agosto – 14,8 mm
  • Setembro – 55,5 mm

As informações acima são a quantidade de chuva que atinge a capital mineira, historicamente, nos meses listados. A fonte é a Defesa Civil de BH. Portanto, apenas para efeito de comparação, as regiões Noroeste e Oeste receberam, em 1h30, um volume de chuva quase 10 vezes maior do que BH recebe durante o mês de julho inteiro.

“Os volumes de chuva nessa regiões foram intensos, pois quando chove até 50 mm em uma hora já é considerado forte, nesse caso é violenta”, define Claudemir de Azevedo, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Estrago

Imagens do estrago causado pela chuva – e, obviamente, pelo sistema de drenagem falho de Belo Horizonte – assustaram e ainda assustam. Carros empilhados, pessoas ilhadas e vias transformadas em córregos. Um dos locais mais castigados foi o Vale do Jatobá, na região do Barreiro.

“Aqui no Vale não pode chover que tudo alaga. As enchentes são constantes, mas dessa vez foi pior. O grande problema é que as autoridades não fazem nada para melhorar a situação. Hoje estamos fazendo a limpeza, pois a igreja foi tomada pela água, até mesmo no escritório lugar onde nunca inundou”, afirma ao BHAZ Lorraine Sabrine, responsável pela frase que abre esta reportagem.

No bairro, a Igreja do Evangelho Quadrangular foi tomada pela água durante um culto. “Tinha aproximadamente 300 pessoas no culto e, de repente, começou a chover e de uma hora pra outra a água foi entrando na igreja. Foi desesperador e uma agonia tremenda, pois os carros dos fiéis eram arrastados pela água e ninguém podia fazer nada. Ainda bem que não tivemos notícia de vítimas”, conta Lorraine.

‘Virou mar’

A Defesa Civil de Belo Horizonte interditou sete avenidas da capital por conta do temporal. A medida foi necessária devido ao risco de transbordamento de córregos que cortam as vias.

Esse foi o maior número de vias bloqueadas, segundo o órgão. Uma delas foi a avenida Tereza Cristina, visto que a via “virou mar”, conforme uma moradora denominou.

“A Tereza Cristina tem duas pistas mais o rio. Só que tudo virou mar aberto, ou seja, não tem rio, não tem avenida. Aqui a chuva não para. Não sei o que vai ser de nós esta noite”, diz uma pessoa que gravava a chuva.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, quatro ocorrências de enchente/inundação foram registradas nos bairros Universitário, Tirol, Barreiro e Nova Suissa.

Os militares também foram chamados para atender pessoas que estavam ilhadas, porém com a diminuição do volume de água, eles foram dispensados pelos solicitantes.

Meteorologista explica

Temporais como o de ontem são explicados pela meteorologia devido a um conjunto de elementos, entre eles o forte calor e a umidade do ar. Claudemir de Azevedo, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), destaca que as altas temperaturas ajudam na formação das pancadas de chuva.

“A forte chuva é resultado de condições atmosféricas como calor, umidade e a atuação dos ventos. Esses ingredientes ajudam na formação de nuvens de tempestade e isso proporciona temporais em determinadas áreas”, diz.

E a população de Belo Horizonte e região deve ficar atenta! Até o próximo domingo (19), há a possibilidade de mais chuva e a meteorologia não descarta novos temporais.

Acumulado de chuva (em mm) entre 20h30 e 22h de ontem (quarta, dia 15 de janeiro):

Barreiro – 36,4
Centro Sul – 43
Leste – 3,4
Nordeste – 36,8
Noroeste – 75,2
Norte – 27,2
Oeste – 76,2
Pampulha – 53,6
Venda Nova – 0

Acumulado de chuva (mm) em janeiro até 23h50 de ontem (quarta, dia 15 de janeiro):

  • Barreiro – 213,8 (65%)
  • Centro Sul – 373 (113%)
  • Leste – 309,6 (94%)
  • Nordeste – 285,8 (87%)
  • Noroeste – 397,4 (121%)
  • Norte – 205 (62%)
  • Oeste – 378,2 (115%)
  • Pampulha – 348,2 (106%)
  • Venda Nova – 299 (91%)

Média Climatológica janeiro: 329,1 mm
Fonte: Defesa Civil de Belo Horizonte

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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