Ruas vazias, falta de máscaras e mais: Mineiros relatam rotina após descoberta de novo vírus na China

@e_luosi/Twitter/Reprodução

Notícias a respeito de um novo vírus se espalhando pelo mundo, a partir da China, têm causado impacto internacional. Para brasileiros que estão naquele país, a preocupação é ainda maior justamente pela proximidade com o local de disseminação da doença. “A gente não pensa em voltar para o Brasil, mas estamos muito preocupados”, relata o estudante universitário Lorenzo Magalhães, de 24 anos.

O jovem é um dos mineiros com quem o BHAZ conversou para entender como o coronavírus tem impactado a vida na China. Lorenzo foi para Macau, na região Sul do país, para estudar. Ele conta que até mesmo algumas aulas já são afetadas pela situação. “As pessoas estão começando a ficar mais preocupadas e já tem uma movimentação da comunidade. A gente já percebeu uma diminuição de pessoas na rua”, afirma.

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As autoridades chinesas confirmaram nesta quinta-feira (23) que o número de mortes decorrentes do coronavírus já chega a 25. Ao todo, mais de 600 pessoas já foram afetadas.

Informações para prevenção do coronavírus são divulgadas no elevador da Saint Joseph University, em Macau (Lorenzo Magalhães/Reprodução)

Lorenzo conta que a preocupação ficou ainda maior quando dois casos foram identificados na região de Macau. No entanto, o estudante acredita que as autoridades chinesas estão lidando com a situação de forma eficiente. “Quando tem esse tipo de situação aqui e o governo se pronuncia, as pessoas começam a se movimentar para proteger a si mesmo e aos outros também”, avalia.

Como o vírus se espalhou

O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez na cidade de Wuhan, na região Central da China. A OMS (Organização Mundial de Saúde) emitiu orientações para que a cidade fosse mantida em quarentena, já que concentra a maior parte dos casos.

Vídeos compartilhados pelas redes sociais mostram a cidade sendo isolada até mesmo com barreiras físicas. Com 11 milhões de habitantes, a cidade tem apresentado problemas com o isolamento. Além de Wuhan, Huanggang também foi isolada. As duas estão a cerca de 65 quilômetros de distância uma da outra.

Publicado no Jornal de Virologia Médica, um estudo conduzido por cientistas chineses levanta suspeita de que o novo coronavírus tenha relação com uma iguaria local: a sopa de morcego. “Os resultados obtidos em nossas análises sugerem que o 2019‐nCoV [nome oficial do novo vírus] parece ser um vírus recombinante entre o coronavírus de morcego e um coronavírus de origem desconhecida”, afirmam os autores.

No entanto, o vírus já se espalhou pela China, com mais de 600 casos e foi identificado em outros oito países: Estados Unidos, Japão, Tailândia, Taiwan, Coreia do Sul, Vietnã, Singapura e Arábia Saudita.

Paula Nardy, de 22 anos, também está em intercâmbio na China e relata que as últimas notícias a deixaram mais apreensiva. “Eu não estava com medo, mas agora que a situação ficou bem mais grave muito rápido, eu comecei a ficar com medo”, diz.

Natural de Belo Horizonte, a estudante conta que familiares que estão no Brasil demonstram preocupação com a segurança dela. “Os brasileiros que eu conheço aqui também estão bastante preocupados, evitando sair na rua, evitando ir em lugares muito cheios”, ressalta.

Coronavírus em MG

No Brasil, as autoridades da área da saúde estão em contradição sobre a possível chegada do vírus a Minas Gerais. A notícia começou a circular a partir da publicação de um boletim da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais). Na nota, o órgão afirma que foi identificado um caso suspeito do coronavírus na região Centro Sul da capital.

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Após a divulgação da informação, nessa quarta-feira (22), o Ministério da Saúde se pronunciou negando a existência de casos suspeitos no Brasil. Segundo a pasta, não existe no país, até o momento, a detecção de nenhum caso suspeito relacionado ao evento na China.

O que é a doença

A OMS não conseguiu identificar como ocorreu a infecção de humanos pelo novo coronavírus. As outras variações de coronavírus, anteriores a essa, tiveram transmissão de animais para humanos.

De forma geral, a infecção por coronavírus afeta o sistema respiratório. Assim, os principais sintomas incluem febre, tosse e dificuldades na respiração. Em casos mais severos, a infecção pode causar pneumonia, síndrome respiratória aguda, falha nos rins e até morte.

Como a febre é um dos sintomas, as autoridades tem utilizado termômetros para monitorar casos suspeitos da doença. No caso de viajantes, se a pessoa apresentar alta temperatura, é encaminhada para exames de identificação do vírus.

Como se prevenir

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de infecções respiratórias agudas. Entre as orientações estão: evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas; realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente; evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

Na China, as autoridades ainda acrescentaram as precauções de evitar aglomeração de pessoas e uso de máscara. Por isso, a comemoração do ano novo lunar chinês, celebrado em 25 de janeiro, foi cancelada, para evitar aglomerações de pessoas.

Brasileiros compartilham recomendação de máscaras para prevenção (Paulo Wu/Facebook/Reprodução)

Outra brasileira residindo na China, a consultora comportamental Ana Beatriz Alarsa conta que observa a prevenção acontecendo, mas com algumas dificuldades. “Acabaram as máscaras em algumas farmácias e quando você ia comprar no site, várias máscaras estavam com um preço muito mais elevado”, relata.

Ainda assim, Ana defende que mesmo com a preocupação, os brasileiros acreditam nas autoridades chinesas. “Existe uma confiança no governo de que ele está fazendo o seu melhor. Mas é engraçado, qualquer um que tosse ou espirra, as pessoas já olham feio”, comenta.

Caos em Wuhan

Apesar da relativa tranquilidade e controle em várias regiões da China, existem diversos relatos de caos nas cidades que estão em quarentena. Principalmente em Wuhan, local onde foi identificado pela primeira vez o novo coronavírus.

Nas redes sociais, circulam vídeos das pessoas usando máscaras pelas ruas da cidade. Em alguns registros, moradores da região tumultuam um supermercado e brigam pelos produtos.

Além dos supermercados, hospitais também têm registros de superlotação. As notícias do aumento de casos do coronavírus geraram preocupação na população, que acaba sobrecarregando os centros de saúde.

Em Wuhan, também foram compartilhados registros de pessoas desacordadas nas ruas, com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Além disso, alguns vídeos mostram a área residencial da cidade sendo fumegada com produto desinfetante.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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