Proteja-se! Pisar em enxurrada já pode ser o bastante para contrair doenças; veja o que fazer

IMAGEM ILUSTRATIVA (Tomaz Silva/Agência Brasil)

As chuvas volumosas dos últimos dias em Belo Horizonte causam diversas preocupações para a população. Além dos desabamentos, alagamentos, enchentes e trânsito caótico, existe a apreensão com relação ao aumento da incidência de doenças nesse período. Esse é o alerta do especialista ouvido pelo BHAZ.

Para o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcos Cyrillo, os perigos vão desde dengue até leptospirose. “Com o acúmulo de água e proliferação do mosquito (Aedes aegypti) podemos ter mais dengue, zika, chikungunya”, exemplifica o médico.

Além disso, o infectologista explica que o contato com a água contaminada de enchentes pode crescer os casos de infecção de pele e até leptospirose, no caso de contaminação por urina de rato. “Também aumenta o risco de infecção gastrointestinal, se houver consumo de água contaminada pela urina do rato”, acrescenta.

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A SES (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) explica quais são as principais doenças que podem aumentar nesse período e os sintomas:

  • Leptospirose: a ocorrência dos casos da doença tende a ser maior nos períodos de enchentes porque a enxurrada traz para os ambientes humanos a urina de roedores que estão nos esgotos e bueiros. Por isso, qualquer pessoa que entrar em contato com a água ou lama pode acabar infectada. Em 2019, em Minas Gerais, por exemplo, ocorreram 160 casos de leptospirose, com 17 mortes.
  • Hepatite A: a transmissão está relacionada diretamente às condições de saneamento básico e higiene pessoal. Normalmente transmitida por meio de alimentos mal lavados, também pode surgir com a ingestão acidental de água das chuvas contaminada. No ano passado, foram 40 casos notificados da doença.
  • Diarreia: a doença, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para uma desidratação grave e até mesmo levar ao óbito. Em crianças menores de 5 anos, por exemplo, foram notificadas, em 2019, 23 mortes causadas pela doença.
  • Febre tifoide: é outra enfermidade que pode ter a incidência aumentada nesse período. Transmitida por bactéria, provoca febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarreia e tosse seca. É transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria.
  • Chikungunya, Zika e Dengue: também tendem a aumentar nesse período. Isso porque, com a chegada da época do calor e do período chuvoso, aumenta a quantidade de água parada, facilitando a proliferação do vetor dessas doenças.
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Entenda a prevenção

De acordo com a pasta, é importante evitar o contato com a água de enchente e com a lama. “Nessas situações, a recomendação é o uso de sacos plásticos duplos nas mãos e pés, ou luvas e botas. Quando o contato da água for inevitável, a única forma de reduzir os riscos à saúde é permanecer o menor tempo possível em contato”, orienta a SES.

Para evitar as infecções gastrointestinais, o infectologista orienta sobre os cuidados com a água a ser bebida. “Precisa limpar a caixa d’água de seis em seis meses, tratar a água adequadamente e manter o encanamento adequado”, enumera. Além disso, o médico explica que é importante a devida higienização das mãos e dos alimentos.

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Amanda Dias/BHAZ + Reprodução/Whatsapp

O que diz a prefeitura?

O gerente de Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte, Fabiano Gonçalves, reforça ainda a importância de manter a vacinação em dia. Segundo ele, os agentes de saúde do município estão mobilizados para orientar a população nesse período.

Além das orientações gerais, os agentes também estão mapeando os locais de risco e localizando pessoas com dificuldades de locomoção. “Em alguns centros de saúde, psiquiatras também tem feito atendimento de pessoas que foram atingidas e possam estar passando por algum sofrimento”, acrescentou o gerente.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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