Kalil admite falha em telefone de emergência, compara chuva em BH a terremoto e alerta: ‘Não acabou’

Rodrigo Clemente/PBH

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), comparou a chuva recebida pela capital mineira nos últimos dias a terremoto e tufão, e afirmou que “tem por hábito assumir o que é dele, mas não é herói de assumir o que não é”. O administrador ressaltou que a população precisa cuidar da própria casa e alertou: “não acabou”.

“O que aconteceu aqui foi um desastre natural, estamos falando da maior chuva da história de BH. Isso que aconteceu em BH é mais ou menos um furacão, tufão, terremoto… Tenho obrigação de cuidar das pessoas, mas isso é um desastre ambiental”, afirmou o prefeito, em coletiva à imprensa concedida na Vila Bernadete, na região do Barreiro, onde deslizamento derrubou residências e matou ao menos duas pessoas.

“Quando você não cerca uma rua, deixa gente dentro do carro afogando, é incompetência do poder público. Quando você tem a maior chuva da história de uma cidade com 3 milhões de habitantes, é desastre natural”, reforçou Kalil ao ser pressionado sobre a responsabilidade pelas mortes. Em 2018, uma adolescente morreu ao tentar sair do carro que estava sendo tomado pela água na região de Venda Nova (relembre aqui).

‘Não acabou’

O prefeito também foi enfático ao reforçar que novos deslizamentos podem ocorrer nas próximas horas. “O mais importante para a população [é dizer que]: não acabou, não acabou. Ainda temos problemas”, afirmou. A Defesa Civil emitiu alerta hoje para o risco de novas chuvas fortes – está previsto um volume de até 50 mm, bem abaixo de 200 mm registrados em algumas regiões ontem, mas ainda significativo.

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Sobre o deslizamento específico registrado na Vila Bernadete, Kalil disse que o local não poderia ser considerado uma área de risco já que nunca tinha tido uma ocorrência do tipo em 50 anos de existência. Ele sinalizou também que os moradores insistiram em continuar em casa mesmo com um deslizamento tendo ocorrido por volta das 16h de ontem – as casas desmoronaram mais tarde.

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“Cada um cuide da sua casa porque vai voltar a acontecer. Essa água não veio da incompetência administrativa, essa água veio do céu. Da maior chuva da história de BH”.

Kalil ainda admitiu que o telefone de emergência registrou uma falha – os moradores da Vila Bernadete alegam que a Defesa Civil ignorou diversas chamadas. “Houve um problema na Telemar, que é a operadora da Defesa Civil. Houve esse problema. [Mas] O que aconteceu em BH, nem se colocasse toda Defesa Civil de Minas em BH, ia dar jeito”, afirmou, sem detalhar por quanto tempo o órgão ficou sem receber chamada.

Ao todo, a Defesa Civil foi acionada, ontem, cerca de 500 vezes. O órgão trabalhava com a possibilidade de sete pessoas estarem soterradas sob os escombros da Vila Bernadete.

Por fim, o prefeito pediu desculpas e descartou a possibilidade de retirar as pessoas de casa de forma compulsória. “Peço desculpa porque sou um cara indignado, trabalho feio cavalo e eu sou cuidador dessa gente”, afirmou. “Temos que conscientizar a população que tem de sair. Essa população já muito violentada pelo poder público. Vamos parar de violentar gente”, respondeu, ao ser perguntado sobre possibilidade de retirar as pessoas de casa à força.

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