Parte de um dos bairros mais nobres de Belo Horizonte, o Lourdes, amanheceu nesta quarta-feira (29) em um cenário de destruição. A praça Marília de Dirceu e a rua homônima estão irreconhecíveis, com estabelecimentos tomados pela lama, carros capotados e até mesmo sem asfalto – outras vias, como a Curitiba, estão interditadas.
Cenário de guerra: difícil sair do clichê ao tentar classificar a situação em que parte de um dos bairros mais nobres de BH, o Lourdes, amanheceu. A praça Marília de Dirceu está irreconhecível, carros capotados, asfalto destruído… pic.twitter.com/wwq1IGzuHb
— BHAZ (@portal_bhaz) January 29, 2020
“Nunca vi isso na minha vida. Já trabalho aqui há seis e nunca vi algo parecido. Cheguei para trabalhar aqui hoje, às 6h, e levei um susto. Estou impressionada, estamos desolados”, conta ao BHAZ a atendente Kátia Barroso. A loja na qual ela trabalha não só foi tomada pela lama, como os freezer e a estufa foram arremessados e travaram a porta.
“Vamos precisar chamar um profissional pra liberar, arrumar [a porta] pra, aí sim, a gente poder entrar direito e limpar”. complementa. Em outro ponto, a tradicional drogaria Araújo também iniciou a manhã fechada, com as marcas dos estragos causados pela chuva.
‘Cenário de guerra’
Por mais clichê que seja, difícil não associar as imagens desta manhã a um local que passou por um intenso ataque. Ainda nesta manhã, ao menos 12 carros bastante danificados – alguns capotados -, oito estabelecimentos danificados, ruas sem energia elétrica e presença de agentes, especialmente da BHTrans.
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“Parece sim cenário de guerra. Nunca vi isso. Ficamos todos muito apreensivos quando vimos a força da água”, conta Diogo Assis, morador de um prédio na rua Felipe dos Santos há 7 anos.
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Na continuação da via em direção ao bairro, a avenida Prudente de Morais, uma das vias que alagaram durante o temporal de ontem, não apresenta o mesmo nível de destruição, mas está com muita lama. Alguns comerciantes contabilizam as perdas.
Para se ter uma ideia da violência da chuva, especialmente nesse ponto da cidade, a região Centro-Sul recebeu mais da metade, em cerca de 2h, do esperado para todo o mês de janeiro. Foram registrados 183 mm entre 19h50 e 22h20, segundo a Defesa Civil – de longe, a área onde mais água caiu.
ACUMULADO DE CHUVAS (mm), por regional de 19h50 até às 22h20 de terça-feira 28/01:
- Barreiro: 136,6 (42%)
- Centro Sul: 183,4 (56%)
- Leste: 44,8 (14%)
- Nordeste: 18,2 (6%)
- Noroeste: 41,2 (13%)
- Norte: 4,2 (1%)
- Oeste: 103,6 (31%)
- Pampulha: 10,6 (3%)
- Venda Nova: 0,4 (0%)
Fonte: Defesa Civil de Belo Horizonte
Média Climatológica JANEIRO: 329,1 mm
Mais chuva!
E a previsão é de ainda mais chuva na capital mineira. “Possibilidade de pancadas de chuva (50 a 70 mm) com raios e rajadas de vento que podem superar os 50 km/h até 8h de quinta-feira (30)”, afirma, em alerta emitido, a Defesa Civil de BH.
Portanto, o morador deve tomar precauções para não se colocar em risco ou mesmo ter transtornos. Confira as recomendações do órgão:
- Redobre a sua atenção! Evite áreas de inundação e não trafegue em ruas sujeitas a alagamentos e próximos aos córregos e ribeirões no momento de forte chuva.
⠀⠀ - Não atravesse ruas alagadas ou deixe crianças brincando na enxurrada e nas águas dos córregos.
⠀ - Não se abrigue nem estacione veículos debaixo de árvores.
⠀ - Atenção especial em áreas de encostas e morros.
⠀ - Jamais se aproxime de cabos elétricos rompidos. Ligue imediatamente para CEMIG (116) ou Defesa Civil (199).
⠀ - Se você observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas e o surgimento de minas d’água avise imediatamente a Defesa Civil (199).
⠀ - Em caso de raios: não permaneça em áreas abertas e altas, não use equipamentos elétricos.