Petroleiros de todo o país seguem em greve nesta terça-feira (18). A categoria está com as atividades suspensas desde o começo do mês e continuam de braços cruzados mesmo após a Justiça suspender o movimento. A Petrobras descarta que o abastecimento de combustível seja comprometido, mas a categoria teme que isso aconteça.
Cerca de 20 mil funcionários da estatal aderiram à greve que ainda não tem data para o fim. Um dos atos do movimento foi a venda de botijão de gás ao preço de R$ 40 em Belo Horizonte e outras cidades brasileiras. A ação foi realizada por integrantes do Sindipetro-MG (Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais) em manifestação contra preços considerados abusivos.
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Ao BHAZ, um dos diretores da FUP (Federação Única dos Petroleiros) Tadeu Porto alega que a greve ocorre porque a Petrobras não dialoga com a categoria. “O que motivou a nossa greve é a Petrobras não estar cumprido o acordo coletivo firmado no ano fim do ano passado. Eles querem impor a vontade própria sem diálogo. Além disso, demitiram todos os funcionários da fábrica de fertilizantes. O que dá em torno de mil pessoas”, disse.
A Petrobras informa, por nota, que as demissões citadas por Tadeu Porto aconteceram após decisão do ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra. “Ele declarou inconstitucional a incorporação dos trabalhadores da fábrica da Araucária Nitrogenados S.A aos quadros da Petrobras, uma vez que são empregados não concursados”.
Justiça suspende greve
O mesmo juiz declarou como ilegal e abusiva a greve dos petroleiros, nessa segunda-feira (17). Ives Gandra ponderou que o movimento “tem motivação política e desrespeita ostensivamente a lei de greve e as ordens judiciais de atendimento às necessidades inadiáveis da população”. A Petrobras foi autorizada a adotar medidas cabíveis para cumprimento da decisão.
Multas diárias de R$ 250 mil a R$ 500 mil podem ser aplicadas, em caso de descumprimento da determinação judicial. O setor jurídico da FUP analisa a decisão, mas o movimento garante que não vai cumprir o determinado.
“Não estamos entendendo o que vem acontecendo. Movimento grevista não acaba assim. O sindicato não toma as decisões por conta própria. Temos que consultar, por meio de assembleia, todos os que estão envolvidos. E olhar isso com 20 mil pessoas demanda tempo”, disse Tadeu.
Abastecimento normalizado
Apesar da greve continuar, a Petrobras afirma que “a produção diária e os estoques de combustíveis garantem a oferta ao mercado e afastam a possibilidade de desabastecimento”.
A estatal tem atuado com equipes de contingência e com funcionários que não aderiram à greve. “As equipes de contingência são formadas por trabalhadores da Petrobras e profissionais temporários ou empresas contratadas, conforme autorização da Justiça. Esses profissionais são treinados para operar os ativos da companhia em condições especiais como é o caso da equipe de contingência”, informa.
Mesmo com a mensagem “tranquilizadora” da estatal, Tadeu teme que isso possa acontecer. “Não desejamos comprometer o abastecimento nos postos de combustíveis. Porém questionamos o discurso da Petrobras, pois na TV dizem que não há risco, mas na peça apresentada à Justiça falaram desta possibilidade. Se chegar a faltar gasolina a culpa não é nossa, é da empresa”, disse o diretor.
O BHAZ entrou em contato com o Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais) e foi informado que até o momento não foi notificado sobre falta de combustível.