‘Questionei a truculência de um PM com um morador de rua e fui agredido’

engenheiro agredido pm
Rosto do engenheiro ficou com marca do coturno do PM (Arquivo pessoal/Daniel Machado Rodrigues)

Por Arthur Stabile, da Ponte Jornalismo

Daniel Machado Rodrigues, 33 anos, voltava de um show no Carnaval de Belo Horizonte, na noite de sábado (22) quando viu uma abordagem truculenta da PM. Ao tentar intervir para que os policiais não agredissem uma pessoa em situação de rua, ele virou alvo e foi espancado, como relata.

À Ponte, o engenheiro civil contou que estava com a namorada indo para o ponto de ônibus por volta de 22h30 e se depararam com um bloqueio da PM. Ao se aproximarem, viram o enquadro feito com agressividade, o que gerou sua revolta.

“O homem aparentava estar em situação de rua e eu interpelei o motivo daquela abordagem, disse que não podia ser assim. Aí o policial disse: ‘Então você é valentão?’ E começou a me agredir”, relembra Rodrigues.

Os policiais acertaram golpes de cassetete em sua cabeça e costas, deixando um dos olhos roxo, conforme registros feitos pelo engenheiro. Ele conta que primeiro apenas um PM o espancava, mas depois um grupo que estava no bloqueio também o agrediu.

“Eu consegui me desvencilhar e correr, estavam me batendo muito. Minha cabeça está cheia de galos. Corri e me pegaram de novo”, contou. Em seguida, uma nova agressão ao ser colocado no camburão: Daniel afirmou que um dos policiais deu um jato de spray de pimenta no chiqueirinho (área traseira da viatura, onde as pessoas são colocadas para transporte) da PM antes da viatura sair.

Segundo o engenheiro, os policiais andaram e fizeram algumas pausas com o carro antes de levá-lo a um batalhão da tropa. No caminho, mais um engenheiro foi colocado no espaço. Ao chegarem no batalhão, que Daniel não soube precisar qual era, mais violência.

O homem conta que o efeito do spray o impediu de identificar por quanto tempo ficou na viatura. “Me levaram para o batalhão, um policial chutou meu rosto, meu estomago. Depois me levaram para o João XXIII [hospital]”, explicou, dizendo ter ficado algemado à maca.

Na unidade, Daniel recebeu atendimento médico e depois os PMs o levaram para a delegacia Ceflan 2, de central de flagrantes, no bairro de Santa Teresa. O engenheiro apontou que seu nome está errado no boletim de ocorrência e que terá uma cópia do documento apenas na quarta-feira (26/2), como informado a ele pela Polícia Civil, conforme explicou à Ponte.

“O policial me jogou em uma cela, fiquei de 3 a quatro horas com dez presos em quadradinho minúsculo, mal ficava em pé”, disse. Segundo ele, a cabeça ainda doem mesmo quase 18 horas depois das agressões.

Ponte questionou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, administrada pelo general Mario Araújo neste governo de Romeu Zema (Novo), e aguarda um posicionamento.

Ao BHAZ, a Polícia Civil afirmou que o delegado lavrou um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por desacato.

Já a Polícia Militar enviou uma nota na qual diz que Daniel “teria agredido policiais militares, tendo um deles sido ferido com maior gravidade, o que causou luxação em sua mão direita e o afastou de suas atividades por dois dias”.

Nota da Polícia Militar

“A Polícia Militar de Minas Gerais esclarece, a respeito dos fatos narrados, que o autor DMRS, 34 anos, foi conduzido à Delegacia pelo crime de desacato.

Segundo o REDS, o autor ainda teria agredido policiais militares, tendo um deles sido ferido com maior gravidade, o que causou uma luxação em sua mão direita e o afastou de suas atividades por dois dias.

Não obstante aos relatos contidos no Boletim de Ocorrência, a PMMG reafirma seu compromisso com a verdade e reitera não coadunar com qualquer desvio de conduta, podendo os cidadãos buscarem os órgãos competentes para denunciar qualquer irregularidade”.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!