Mulher tenta ajudar rapaz esfaqueado e é agredida por policiais de BH; PM nega excesso

Jovem denuncia agressão de PMs
Caso aconteceu no último sábado no Centro de BH (Arquivo pessoal)

Guilherme Gurgel e Vitor Fórneas

Policiais militares agrediram uma estudante de biologia nesse sábado de Carnaval na região central de Belo Horizonte. O caso ocorreu quando a moça de 24 anos saia de um shopping da capital. O momento está registrado em um vídeo. A corporação, porém, nega a acusação e sustenta que a moça agrediu os militares (veja a nota abaixo).

A vítima revelou ao BHAZ que tudo começou quando ela resolveu ajudar um jovem que estava passando mal. Ele estava desmaiado e a moça se aproximou para prestar os primeiros socorros. “Como faço biologia e minha mãe é médica eu tenho algumas noções. Já cheguei e virei ele de lado, caso ele tivesse uma convulsão”, releva ao BHAZ.

Enquanto ajudava o rapaz, militares se aproximaram, já que uma multidão de formou ao redor dele. A universitária conta que os policiais agiram com truculência e “já chegaram batendo em todo mundo”. “Pedi calma e falei que não precisava disso tudo”. Ela acrescentou ainda se sentiu “completamente violada”.

Agressão

Para a surpresa da foliã, uma policial começou a bater nela. “Na hora eu também parti pra cima da policial, como reação. Aí veio um policial e me deu uma mata-leão, eu caí, mas eles me deram um outro. Fui prensada contra a parede e eles me desnudaram. Fiquei com os seios à mostra”, disse. Ela considera que a força usada pelos militares foi desproporcional e desnecessária.

Durante a abordagem, outros foliões gravaram a ação dos policiais. A indignação tomou conta dos presentes. “Isso é agressão. Sai fora. Isso é covardia, um homem em cima de uma mulher. A PM tem que dar exemplo”, afirmaram revoltados. Após a condusão, ela foi levada para um centro de saúide.

‘Me colocaram com os homens’

Após sair da unidade de saúde, a jovem foi levada a duas delegacias. Em uma delas, ela ficou numa sala com homens, mesmo estando de biquíni.

“Eu estava toda machucada na delegacia, me colocaram numa sala que tinha outros presos, todos homens. Eles começaram a me cantar. Todo mundo me olhando, não me deixaram colocar a blusa”, relata.

Na outra delegacia, a universitária ficou em uma cela. Ela relembra as condições do local. “Uma cela com muito cheiro de xixi e resto de comida”, detalha.

Jovem fotografou as agressões sofridas (Arquivo pessoal)

‘Vou te apagar’

Pelo corpo da universitária, as marcas mostram as agressões sofridas. Apesar disso, ela conta que o médico da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) diagnosticou apenas “leve escoriação no ombro e no joelho”.

A jovem contesta o diagnóstico. “Eu tenho marca no pescoço, manchas na coxa, joelho muito ralado, muito inchado, não consegui dormir a noite, revirando de dor”, acrescenta.

A moça relembra a situação com tristeza. “Eu me senti completamente violada quando fiquei pelada. Enquanto eu estava levando o mata-leão, o policial olhou no meu olho e falou: ‘Vou te apagar”.

O trauma vivido deixou marcas. “Estou com medo. Fui ao supermercado e vi várias viaturas e só tive medo. Sempre respeitei, nunca fiz nada pra falar que tinha motivo”, desabafa.

A jovem e o advogado dela vão procurar a Justiça para denunciar a ação violenta.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a PM negou as agressões. Em nota, a corporação disse que a jovem não tinha nenhuma relação com o rapaz ferido, mas que se recusava a afastar para que os militares pudesse chegar próximo dele e chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

“Quando a soldado solicitou que ela mantivesse distância do homem ferido, a autora entrou em luta corporal com a militar, agredindo-a com tapas no rosto”, diz trecho da nota.

Ainda segundo a corporação, a jovem resistiu a prisão após o desacato, mas continuou agredindo os policiais, mesmo estando algemada. “Ela foi encaminhada ao hospital em razão de algumas escoriações e, posteriormente, conduzida à delegacia”.

Nota da PMMG na íntegra:

“Com relação à ocorrência envolvendo à autora citada na demanda, a PMMG esclarece que durante atendimento a uma ocorrência no centro da capital, envolvendo um indivíduo que havia sido esfaqueado, a guarnição solicitou que as pessoas se afastassem do local para que os militares pudessem passar as informações ao Samu sobre a vítima. A autora, mesmo não tendo qualquer relação com a vítima, negou-se a afastar-se do local.

Quando a soldado solicitou que ela mantivesse distância do homem ferido, a autora entrou em luta corporal com a militar, agredindo-a com tapas no rosto. Um desses tapas acertou o rosto do cabo, causando lesão em sua boca. Ao resistir à prisão, a autora precisou ser contida pelos militares e, mesmo algemada, agrediu outros militares.

Ela foi encaminhada ao hospital em razão de algumas escoriações e, posteriormente, conduzida à Delegacia.

Não obstante aos relatos contidos nos Boletim de Ocorrências, a PMMG reafirma seu compromisso com a verdade e reitera não coadunar com qualquer desvio de conduta, podendo os cidadãos buscarem os órgãos competentes para denunciar qualquer irregularidade”.

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