Motorista de app foge de passageira ao vê-la usando máscara de proteção

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Motorista fugiu do local de embarque após ver passageira com máscara (Amanda Dias/BHAZ + Arquivo pessoal/Raquel Lima)

A cabeleireira Raquel Lima de 54 anos foi prejudicada após ter uma corrida de aplicativo rejeitada na manhã desta quinta-feira (27), apenas pelo fato de usar uma máscara de proteção no rosto. O caso ocorreu na rua Pouso Alegre, no bairro Horto, na região Leste da capital. Ao ver a mulher, que acabou de passar por uma cirurgia no coração e por isso usa o acessório, o motorista de app travou as portas e fugiu com o carro.

Por conta do “cancelamento da corrida”, a mulher se atrasou para ir a um hospital e acabou perdendo um exame. Uma nova data foi remarcada e ela precisará esperar por mais três meses. “É muito triste ter que passar por isso. Eu já sofri muito antes da cirurgia. Sofro agora por ter que usar a máscara, tomar remédios e passar por esse tanto de exames e ainda me acontece isso”, disse emocionada ao BHAZ.

Em nota (confira na íntegra abaixo), a 99POP diz que apura o caso e que lamenta a experiência vivida pela passageira. “Esclarecemos que a empresa orienta e sensibiliza seus motoristas parceiros a atenderem passageiros com gentileza e respeito. Em seus termos de uso, a plataforma ressalta que condutores parceiros não podem selecionar passageiros por quaisquer motivos, além de tratá-los com boa fé, profissionalismo e respeito. Em casos de cancelamentos constantes ou atos discriminatórios, o motorista está sujeito a sanções que vão desde orientações educativas a bloqueio temporário ou definitivo do aplicativo”, diz a empresa.

Raquel relata que pediu uma corrida pelo aplicativo 99POP por volta de 6h10 desta quinta, saindo da rua Pouso Alegra, local onde ela tem um salão de beleza, em direção ao hospital Hilton Rocha, no Mangabeiras.

“Eu estava aqui na porta esperando, quando ele chegou. Eu fui abrir a porta, ele travou a maçaneta e saiu correndo. Eu estava arrumada, não tinha motivos para ele desconfiar de nada. Acho que ele ficou com medo por eu estar usando máscara. Achou que tenho o coronavírus, mas não tem nada a ver com isso”, conta Raquel.

A cabelereira explica o motivo para usar o acessório. “Eu fiz um transplante de coração recentemente e preciso tomar remédios imunossupressores para não rejeitar o coração novo. E, por conta disso, eu tenho que usar máscara por até um ano para evitar doenças oportunistas” ressalta.

Sem a corrida para o hospital, onde deveria estar às 7h, a cabelereira acabou se atrasando e perdeu um exame importante para a continuidade do tratamento.

“Eu fiquei muito nervosa na hora, comecei a me sentir mal. Até que eu consegui chamar um outro carro, mas mesmo assim cheguei atrasada. De lá, eu tinha que me deslocar para o hospital Vera Cruz, onde eu faria uma avaliação do coração. Perdi o exame e, agora, vou ter que aguardar três meses para refazer esse exame”, explica.  

A cabeleireira registrou um boletim de ocorrência contra o aplicativo e repassou dados do motorista para a polícia. “Perdi exames importantes por conta do preconceito e fiz o boletim porque espero que isso não ocorra mais, senão ninguém vai querer carregar a gente mais não. Já estou muito triste por passar por esse sentimento todo, já tenho vergonha de usar a máscara e, ainda, as pessoas descriminam a gente. Dói demais ter que passar por isso”, diz Raquel.

Coronavírus

Ainda há muita desinformação e preconceito acerca de casos do novo coronavírus no Brasil. Até o momento, Minas Gerais tem apenas dois casos listados oficialmente no boletim de suspeitas da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde).

Os dois casos são de Belo Horizonte, duas mulheres que estiveram em viagem ao exterior e voltaram para a capital nesta semana. No entanto, a infecção por coronavírus não está confirmada.

Nessa quarta (26), o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso da doença no Brasil, em São Paulo. Trata-se de um homem de 61 anos, morador da cidade de São Paulo, que esteve na região da Lombardia, no norte da Itália, entre os dias 9 e 21 de fevereiro. O ministério também afirma que não há motivos para histeria, já que apenas um caso foi confirmado e a doença ainda está sob controle.

No momento, há vinte casos suspeitos da doença no país. Os casos suspeitos estão assim espalhados: Paraíba (1), Pernambuco (1), Espiríto Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2) e Santa Catarina (2) e São Paulo (11). Cinquenta e nove casos suspeitos foram descartados.

Cinquenta e nove casos suspeitos foram descartados. De acordo com o Ministério da Saúde, no mundo, já foram registrados mais de 80,2 mil casos do coronavírus em 34 países. Foram registradas 2,7 mil mortes causadas pela doença, sendo que os casos mais graves são aqueles que afetam pessoas com mais de 60 anos.

Cuidados

A SES-MG orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

Nota da 99POP

“A 99 recebeu o relato grave da passageira Raquel Dias, que teve sua corrida negada por um motorista da plataforma. Assim que tomamos conhecimento do caso, bloqueamos temporariamente o motorista e mobilizamos uma equipe que está buscando contato com Raquel para oferecer todo apoio e acolhimento necessários. 

Lamentamos profundamente a situação e reiteramos nosso repúdio a qualquer tipo de discriminação. Temos uma política de tolerância zero em relação a isso. Em nosso termo de uso, ressaltamos que motoristas parceiros não podem selecionar passageiros por quaisquer motivos, além de tratá-los com boa fé, profissionalismo e respeito.

Por isso, investimos continuamente em educação para prevenir esse tipo de situação. Realizamos periodicamente rodas de conversas para orientar motoristas parceiros a terem uma postura de respeito e gentileza com todos. Além disso, uma nova plataforma de cursos para 100% dos motoristas com foco em diversidade e cidadania. Entre os módulos está práticas de bom atendimento.

Passageiros que tenham sofrido qualquer forma de discriminação devem reportar imediatamente para a empresa, por meio de seu app ou pelo telefone 0800-888-8999, para que medidas corretivas sejam adotadas. Trabalhamos 24 horas por dia, 7 dias por semana, para cuidar exclusivamente da proteção dos usuários. A 99 continua à disposição para qualquer esclarecimento”.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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