Uma reunião que, a princípio, serviria para decidir detalhes da distribuição de ingressos para as torcidas do Atlético e do Cruzeiro no clássico acabou causando uma confusão por uma decisão da Polícia Militar. Um trecho da ata da reunião, ocorrida nesta terça-feira (3), determinou a proibição da entrada de “qualquer artefato que tenha a imagem com a letra B”, em provocação ao rebaixamento do Cruzeiro.
A decisão da PMMG foi questionada pelo vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido. “Isso é uma censura que não pode ser tolerada. Ou a PM faz a revisão completa disso, ou, caso contrário, vamos acionar o Ministério Público para que a decisão seja revertida”, afirmou o advogado ao BHAZ.
A PM “proibiu” o torcedor do ATLÉTICO de portar no jogo de sábado qq “artefato” q tenha a imagem da “letra B”. Trata-se de proibição ilegal. O ATLÉTICO vai oficiar p q o Ministério Público tome as medidas legais urgentes p impedir essa censura absurda… pic.twitter.com/VWPJoQ4MvH
— Lásaro Cândido (@lasaroccunha) March 3, 2020
A notícia da determinação da Polícia Militar chegou a nível nacional e, nas redes sociais, torcedores de vários times do Brasil lamentaram a decisão de censurar a “zoação” do Atlético com o rival. “Que vergonha, estão acabando com o futebol!”, escreveu um usuário no Twitter.
Acabou agora é oficial, futebol morreu não pode comemorar não pode brincar. Tô esperando a notícia Flamengo é proibido de cantar Palmeiras não tem copinha nem mundial.
— Klayton Souzaᶜʳᶠ (@klaytonsouza139) March 3, 2020
Daqui a pouco, ao sair o gol, só vai poder aplaudir. E olhe lá!
— Eduardo Santos ᶜʳᶠ ᕦ(ツ)ᕤ (@eduardo_ssilva) March 3, 2020
Afinal, pode ou não pode?
Depois da repercussão negativa, a PMMG esclareceu que a determinação só vale para torcidas organizadas. Ou seja, torcedores comuns podem usar roupas e levar objetos com a letra B: bonés, camisas, bolas, a letra escrita no rosto, nada disso será barrado entre torcedores que não são membros de organizadas.
Já as torcidas organizadas não podem entrar com mastros, bandeiras ou faixas. “Nós sabemos como funciona o futebol, as pessoas brincam umas com as outras. O problema está na violência das torcidas organizadas, porque ano passado vimos tentativas de homicídio, crimes até mesmo entre pessoas do mesmo time”, explicou o major Flávio Santiago, porta-voz da PM.
“O trabalho da PM será especificamente com as torcidas organizadas. Se o cidadão vai com seu filho, sua esposa, e vai levar um balão, uma camisa com a letra B, qualquer coisa que não tenha referência ao ódio, não há problema nenhum”, completou o major. Além disso, nenhum torcedor pode entrar com materiais inflamáveis no estádio, conforme determinado pelo Estatuto do Torcedor.
A ata da reunião, que foi assinada por representantes dos clubes, da Federação Mineira de Futebol (FMF), do poder público e do Mineirão, especifica a proibição em relação às organizadas. “Está proibida a entrada de mastros, bandeiras, faixas e instrumentos de todas as torcidas organizadas para o jogo Atlético e Cruzeiro”, diz um trecho do documento.
Em relação à distribuição de ingressos, ficou definido que o clássico no Mineirão, às 19h do sábado (7), terá 90% da torcida do Galo. Serão disponibilizados, no total, 60 mil ingressos para o jogo, sendo 6000 destinados aos torcedores do Cruzeiro.