Envolvido em polêmicas, o policial militar do Rio de Janeiro e youtuber do MBL (Movimento Brasil Livre), Gabriel Monteiro, conhecido por fazer vídeos confrontando pessoas, vai passar por um processo disciplinar interno da PM fluminense e pode ser expulso da corporação. O motivo seria um desentendimento com o coronel e ex-comandante da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro), Íbis Pereira.
Desde o ano passado, Gabriel tem gravado vídeos questionando o coronel pelo fato de o ex-comandante ter frequentado uma região dominada pela criminalidade no Rio de Janeiro. Por duas ocasiões, o youtuber espreitou Íbis, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Em um vídeo no corredor da Casa, o coronel chegou a alertar o soldado, que também é assessor parlamentar, de que seu comportamento não correspondia à hierarquia da corporação. “Você está me forçando a tomar uma medida administrativa contra você que eu não quero tomar”, disse o coronel à época.
O youtuber tentou associar Íbis aos criminosos. Gabriel foi processado judicialmente pelo coronel, que pedia uma indenização de R$ 40 mil pela exposição indevida de sua imagem e as afirmações de que Íbis estaria ligado ao crime feitas pelo youtuber. Agora, Gabriel vai passar pelo processo interno da PM.
Em nota (confira na íntegra abaixo), a PMERJ diz que vai avaliar conduta de Gabriel. “A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como as demais instituições militares do país, tem como pilares os princípios da hierarquia e disciplina”, diz a corporação.
Em vídeo publicado em sua rede social nesta quinta (5), Gabriel disse que teve seu porte de arma suspenso e que deve ser expulso da corporação.
Pode ser meu último vídeo, e decidi fazer enfrentando ainda mais os Coronéis que desonram a sociedade. Se conseguirão me matar, talvez, mas nunca tocarão na minha dignidade. https://t.co/Hqkf45X7Mt
— Gabriel Monteiro (@GMonteiroRJ) March 5, 2020
O soldado também alega que tem sido ameaçado de morte por integrantes do Comando Vermelho, organização criminosa que atua no Estado. “Pode ser meu último vídeo, e decidi fazer enfrentando ainda mais os coronéis que desonram a sociedade. Se conseguirão me matar, talvez, mas nunca tocarão na minha dignidade”, escreveu o militar.
Youtuber polêmico
Essa não é a primeira polêmica envolvendo o youtuber que conta com mais de 1,2 milhões de inscrições em seu canal. No ano passado, Gabriel agrediu um jovem, durante um protesto por conta da morte da menina Ágatha Vitória, de oito anos, assassinada por um disparo policial, em uma operação, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Em sua rede social, Gabriel Monteiro disse que agiu em legítima defesa, pois estava sendo xingado e agredido. Após dar um soco no rapaz, o militar entrou em um carro e fugiu do local.
Apoio nas redes
Nesta quinta, o soldado pediu apoio nas redes sociais contra sua expulsão. Ele pediu para que seus apoiadores levantassem a #somostodosgabrielmonteiro.
“Vamos dar vazão ao caso, minha vida está em risco. Bandidos e comandantes da PM corruptos querem me matar”, escreveu. A tag chegou a ocupar o primeiro lugar nos assuntos mais comentados do Brasil no Twitter.
Nota da PMERJ
“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro esclarece que o referido Soldado responde a Comissão de Revisão Disciplinar, procedimento interno previsto para avaliar conduta dos integrantes da Corporação.
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como as demais instituições militares do país, tem como pilares os princípios da hierarquia e disciplina.
Vale ressaltar que o rito do procedimento prevê a ampla defesa e o contraditório quanto às imputações de transgressões disciplinares nele contidas. Todas as garantias constitucionais são asseguradas aos integrantes da Corporação, oficiais ou praças”.
