O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), voltou a se desentender com o governador Romeu Zema (Novo) por conta das medidas para impedir o avanço do novo coronavírus na capital. Nesta quinta (19), em transmissão ao vivo pelas suas redes sociais, o gestor municipal disse que Zema não tem “coragem de fazer o que tem que ser feito”. A afirmação foi uma resposta à postagem do governador, que sugeriu que Kalil esteja em um “palanque político”.
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Ainda na transmissão, Kalil explicou o decreto que suspende o funcionamento de bares, restaurantes e shoppings de BH a partir de amanhã. O prefeito garantiu ainda a continuidade do transporte público na cidade, afirmou que tem se reunido com especialistas e desafiou Zema.
Atrito político
A confusão entre Zema e Kalil começou por conta da suspensão do funcionamento de bares e restaurantes, academias, shoppings e espaços de aglomeração em BH. Governo e PBH estudavam a proposta, no entanto, nessa quarta (18), Zema recuou na medida e Kalil acabou determinando a ‘paralisação de Belo Horizonte’, por meio de decreto (veja mais aqui).
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Ainda ontem, Kalil disse que Zema estava “preocupado com votos e não com vidas”. Na manhã de hoje, o governador criticou a medida de Kalil e insinuou que foi uma ação política. “Convido aqueles que subiram em palanques para descer. Não é hora de ataques e sim de união. Todos por Minas”, escreveu Zema.
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Covid19 teve o poder de unir a todos como nunca. Temos um inimigo comum. Ninguém está imune. Momento de sermos maduros e responsáveis, juntos. Convido aqueles que subiram em palanques para descer. Não é hora de ataques e sim de união. Todos por Minas.
— Romeu Zema (@RomeuZema) March 19, 2020
Kalil rebateu o governador. “Quero dizer a ele que eu não preciso de palanque porque sou um homem conectado a realidade, eu leio pesquisas, inclusive recentes. O que eu preciso é de um governador de palavra”.
O prefeito ainda desafiou o governador e disse que pode revelar as conversas que os dois mantiveram. “O senhor não tem palavra. Ele esqueceu, mas está tudo printado aqui [disse enquanto mostrava o celular]. Se ele me autorizar, porque não sou moleque de expor coisas pessoais, eu mostro, porque eu tenho palavra”, afirmou.
“O governador é o único que não fez nada até agora, assim como não fez na chuva. Não é populismo, é coragem de fazer o que tem que ser feito”, complementou Kalil.
Transporte
O prefeito pediu desculpas pela superlotação causada na estação São Gabriel na manhã de hoje. Segundo ele, a PBH entrou em contato com as empresas de ônibus e vai fiscalizar as linhas para que o mesmo não aconteça durante o período de crise.
Kalil garantiu que não vai parar o transporte público em BH. “Não podemos parar o ônibus. Como o agente que vai te atender no posto, vai chegar ao posto de saúde? Como doente vai chegar? São coisas complexas que estão sendo estudadas, mas o transporte continua”, disse.
BH parada
Entra em vigor nesta sexta, o decreto do prefeito que suspende o alvará de funcionamento de locais com grande concentração de pessoas. Kalil disse que tem estudado maneiras de reduzir o impacto econômico na cidade.
“Quero pedir desculpa à população e a esses empresários que estão sendo diretamente impactados. Estamos estudando ao máximo medidas para reduzir esse impacto. Não é uma medida populista, foi uma ação definida a partir de uma reunião com três infectologistas renomados e o secretário de saúde”, informou.
“Isso é muito desgastante, mas esses que estão criticando, estão tão desconectados, que estão achando que é assunto de palanque político. É uma pandemia muito grave e vamos encarar a gravidade, igual tem que ser”, finalizou o prefeito.
Todos os bares, restaurantes e shoppings de BH terão o alvará de funcionamento suspensos temporariamente, para evitar aglomeração de pessoas e o avanço da Covid-19.
Segundo o decreto, a medida vale para:
- casas de shows e espetáculos de qualquer natureza;
- boates, danceterias, salões de dança;
- casas de festas e eventos;
- feiras, exposições, congressos e seminários;
- shoppings centers, centros de comércio e galerias de lojas;
- cinemas e teatros;
- clubes de serviço e de lazer;
- academia, centro de ginástica e estabelecimentos de condicionamento físico;
- clínicas de estética e salões de beleza;
- parques de diversão e parques temáticos;
- bares, restaurantes e lanchonetes.
O decreto permite a continuidade de empresas que trabalhem com entrega de alimentos ou disponibilize a retirada de produtos no local, embalados e para consumo fora do estabelecimento. O funcionamento de bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres no interior de hotéis, pousadas e similares, também poderão ser mantidos para atendimento exclusivo aos hóspedes.
A decisão não afeta o funcionamento de supermercados, farmácias, laboratórios, clínicas, hospitais e demais serviços de saúde em funcionamento no interior de shoppings centers, centros de comércio e galerias de lojas.