Eduardo Bolsonaro culpa China pelo coronavírus e cria (mais uma) crise diplomática

Eduardo Bolsonaro culpa China por coronavírus
Embaixada chinesa retrucou declarações de Eduardo dizendo que o deputado teria “vírus mental” (Valter Campanato/Agência Brasil + Fabio Rodrigues Pozzebom)

O deputado federal Eduardo Bolsonaro se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter, nesta quinta-feira (19), após um comentário sobre a pandemia. Na publicação, de quarta-feira (18), o filho do presidente diz que a culpa pelo coronavírus é da China.

Eduardo usa a série Chernobyl para fazer uma comparação entre o desastre nuclear e o coronavírus. “Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, escreveu.

Junto às declarações, Bolsonaro compartilhou uma publicação de Eduardo da Silva, fundador do canal no Youtube Spotniks. O texto contém uma série de notícias que dariam indícios de negligência por parte do governo chinês, o que teria facilitado a proliferação do coronavírus. Apesar disso, a China anunciou nesta quinta-feira (19) que não houve registros de infecções locais, pela primeira vez desde o início da epidemia.

Ainda assim, o posicionamento do deputado e filho do presidente não foi bem aceito por autoridades políticas e uma crise diplomática se instaurou. A embaixada chinesa no Brasil rebateu as acusações de Eduardo e disse que o deputado tem palavras irresponsáveis. “Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”, escreveu.

As declarações do deputado podem ter impacto na economia do Brasil, já que a China é o principal parceiro comercial do país desde 2009, segundo o Itamaraty. O embaixador do país asiático no Brasil, Yang Wanming, disse ainda que vai registrar sua indignação junto ao ministério. “A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês”, publicou na conta que mantém no Twitter.

Rodrigo Maia pede desculpas

Após a tensão causada por Eduardo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pediu desculpas ao país asiático e ao embaixador Wanming. “A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países”, escreveu.

Além de Maia, outras figuras públicas repudiaram a atitude de Bolsonaro. Muitos ressaltaram a falta de atitude do próprio presidente brasileiro, pai de Eduardo, e destacaram a importância da diplomacia em tempos de crise. “Em vez de procurar briga com a China, nosso principal parceiro comercial, Eduardo Bolsonaro deveria estar trabalhando para ajudar o país a enfrentar a crise”, escreveu o deputado Marcelo Freixo.

Estímulo à xenofobia

Por outro lado, bolsonaristas e pessoas que compartilham da visão de Eduardo engrossaram os ataques à China, nas redes sociais. A expressão “vírus chinês” foi a mais comentada no Twitter, na manhã desta quinta-feira, com pessoas atribuindo ao país asiático a responsabilidade pela pandemia.

Além das questões diplomáticas envolvidas nas acusações, muitos usuários das redes sociais fizeram comentários xenofóbicos contra os chineses. “É vírus chinês sim, seu comedor de morcego!”, escreveu um usuário do Twitter.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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