Bolsonaro contraria órgãos de saúde, ataca medidas contra Covid-19 e é duramente criticado

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Bolsonaro realizou discurso em rede nacional (Reprodução/TV Brasil)

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a minimizar a pandemia provocada pelo avanço de casos do novo coronavírus em todo o mundo. Em discurso transmitido em rede nacional na noite dessa terça-feira (24), o mandatário ignorou as recomendações dos órgãos de saúde e especialistas que pedem que a população fique em casa para evitar o contágio pelo vírus.

O discurso do presidente gerou reações imediatas dos presidentes da Câmara e do Senado. Pelas redes sociais, Bolsonaro foi chamado de “genocida” e “criminoso”. Até o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), respondeu às declarações pedindo que os moradores da capital fiquem em casa.

Mesmo com a medida sendo adotada em grande parte do país, já são 48 mortes e 2,2 mil casos de Covid-19 confirmados. Estudiosos concordam que o número poderia ser pior, caso a quarentena não fosse adotada. Bolsonaro, no entanto, criticou a medida, atacou a imprensa e pediu a reabertura das escolas e do comércio em todo o país. Ele voltou a chamar a doença que já matou mais de 17 mil pessoas em todo o mundo de “gripezinha” e “resfriadinho”.

“No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria, ou seria quando muito acometido por uma gripezinha. Ou um resfriadinho, como diz aquele famoso médico, daquela famosa rede de televisão”, disse o presidente em referência ao médico Dráuzio Varela e à Rede Globo.

Repercussão

Durante o discurso do presidente, houve “panelaço” e gritos pedindo a sua saída em todas as regiões do país, como tem sido nos últimos pronunciamentos do mandatário.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), junto ao vice presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD), criticaram o discurso do presidente. “Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”, diz trecho da publicação de Alcolumbre.

“Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)”, complementa.

Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia, também por sua rede social, disse que o discurso foi equivocado. “Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública”, afirmou.

Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte, que tem adotado medidas de quarentena e fechamento de comércio na capital, reagiu pedindo que os moradores fiquem em casa. “Pelo amor de Deus. Ficar em casa”, escreveu o prefeito.

Ainda nas redes sociais, Bolsonaro foi criticado, inclusive por figuras políticas que pedem seu impedimento, diante de sua descompostura frente à grave crise enfrentada pelo país.

Discurso reforçado

Na manhã desta quarta (25), mesmo após a repercussão negativa de seu discurso, o presidente voltou a defender seu ponto de vista que contraria autoridades da Saúde. Em postagem em seu Twitter, Bolsonaro defendeu a reabertura dos comércios.

“38 milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem não pagarão salários. Se a economia colapsar os servidores também não receberão. Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades”, escreveu na publicação em que anexou um áudio no qual um homem elogia o discurso do presidente americano Donald Trump e ataca a imprensa brasileira.

Ainda na manhã desta quarta, a tag “Bolsonato tem razão”, levantada por apoiadores do presidente, era o assunto mais comentado no Twitter, com mais de 200 mil menções.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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