Manifestantes fazem carreata em BH contra medidas para conter coronavírus; especialistas condenam

Carreatas pedem o fim de medidas contra o coronavírus (Reprodução/Facebook + Marcos Corrêa/PR + Amanda Dias/BHAZ)

Inflamada pelo discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e contrariando decretos que determinam o distanciamento social para conter o avanço do novo coronavírus, parte da população está organizando carreatas e protestos em todo o país pedindo a volta do funcionamento do comércio.

Em Belo Horizonte, manifestantes se reuniram, no fim da manhã desta sexta-feira (27), em frente à Cidade Administrativa. De lá, uma carreata saiu em direção à porta da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), na avenida Afonso Pena, no Centro da capital. Os organizadores pedem o fim das medidas de restrição de circulação e a volta das atividades comerciais.

Pelas redes sociais, os protestantes convocaram a população para acompanhar o ato. Uma das incentivadoras é a ativista Adriana Borges, que postou vídeos e fotos em suas páginas convocando para o ato.

“Estamos apoiando o presidente Jair Messias Bolsonaro e somos a favor que as pessoas voltem a trabalhar. Além disso, somos contra esse isolamento horizontal, somos a favor do isolamento vertical, que são pessoas de risco, idoso, imunodeficiências e pessoas com problemas de pulmão ficarem isolados. Aos demais, somos a favor que todos voltem a trabalhar na próxima segunda-feira”, afirma Adriana ao BHAZ.

Por volta das 10h30 de hoje, haviam veículos enfileirados em frente à Cidade Administrativa e até mesmo um carro de som para acompanhar a manifestação.

(Reprodução/WhatsApp)

Em Minas, além de Belo Horizonte, há atos marcados em Betim, na Grande BH, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e em outras cidades. Nessa quinta (26), houve uma manifestação em Ipatinga, que foi endossada pelo presidente.

Reprodução/WhatsApp

Colapso na saúde

Segundo a médica infectologista Vírginia Andrade, não é o momento de dar fim às medidas de distanciamento social. “Não é o momento de acabar a contenção. Essas ações têm se mostrado como a única forma eficaz de trazer segurança para pessoas do grupo de risco. Se as pessoas voltarem às ruas agora, seria inevitável um colapso da saúde porque o número de leitos disponíveis seria insuficiente para atender uma grande quantidade de doentes”, explica.

Ainda de acordo com a infectologista, não há um tempo estimado para a duração do isolamento social, mas as pessoas precisam ter paciência. “Não estima-se um período mínimo ou máximo, estamos acompanhando a curva de casos. As pessoas querem voltar às ruas, mas, na verdade, profissionais de áreas essenciais estão trabalhando, isso já é o necessário. É preciso preservar a vida das pessoas do grupo de risco”, afirma.

Governo endossa campanha

Desde a última terça-feira (24), após pronunciamento em rede nacional do presidente Jair Bolsonaro, seus apoiadores estão incentivando o fim das medidas contra o Covid-19. No discurso, Bolsonaro minimizou a doença e disse que o Brasil não pode parar, pois isso causaria um impacto econômico.

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Desde então, o governo federal iniciou campanha, inclusive em suas redes sociais, incentivando os movimentos e levantando a #OBrasilNãoPodeParar.

“No mundo todo, são raros os casos de vítimas fatais do coronavírus entre jovens e adultos. A quase-totalidade dos óbitos se deu com idosos. Portanto, é preciso proteger estas pessoas e todos os integrantes dos grupos de risco, com todo cuidado, carinho e respeito”, diz postagem feita pelo governo federal.

Ainda no texto, a administração federal pede a volta à normalidade. “Vamos, com cuidado e consciência, voltar à normalidade”, acrescenta.

Nessa quinta (26), Bolsonaro compartilhou vídeos em que mostra carreatas em cidades do Brasil pedindo o fim da quarentena. Uma delas em Balneário Camboriú, Santa Catarina, e outra em Ipatinga, no Valo do Aço mineiro. “O povo quer trabalhar”, escreveu Bolsonaro.

Medidas de isolamento

Em BH, desde a última sexta-feira (20), o prefeito Alexandre Kalil (PSD) suspendeu o alvará de funcionamento de bares, restaurantes e shoppings da capital, para evitar a aglomeração de pessoas. A medida foi expandida para todo o Estado pode meio de decreto de estado de calamidade, assinado pelo governador Romeu Zema (Novo). As ações visam conter o avanço de casos da Covid-19 em Minas.

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Até o momento, o Estado tem 17,4 mil casos suspeitos de novo coronavírus, ao todo são 153 casos confirmados e nenhuma morte, segundo dados da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais).

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Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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