Nove em cada 10 casos de coronavírus no Brasil não são detectados, diz estudo britânico

Brasil tem 5 mil pessoas internadas devido a Covid-19
Brasil tem 5 mil pessoas internadas devido a Covid-19 (Envato/Reprodução)

Uma pesquisa da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres chegou à conclusão de que há uma enorme subnotificação de casos de coronavírus ao redor do mundo. No caso específico do Brasil, a escola acredita que somente 12% das infecções foram identificadas.

Outros países também foram identificados com uma baixo número de casos notificados, em comparação com a realidade. Entre eles, a Itália e o Irã, com 5,2% e 8,7% das infecções notificadas, respectivamente. Por outro lado, países como Noruega e Coreia do Sul tem quase 100% dos pacientes do Covid-19 notificados.

Para o pesquisador Tim Russell essa análise inicial dá uma ideia de quanto da pandemia estamos vendo na realidade. “Tem havido muita especulação sobre qual é o verdadeiro tamanho do surto em diferentes países, dado que nem todas as pessoas com sintomas estão necessariamente sendo testadas”, comenta.

O método

Para chegar a essa proporção de subnotificação, a equipe analisou o número de óbitos sendo reportados nos países. Estimou também o padrão de casos que seria esperado se 1 a 1,5% dos casos sintomáticos fossem fatais, como vários outros estudos sugerem. A diferença entre o observado e o esperado permitiu que os pesquisadores estimassem quantos casos podem não estar sendo reportados.

A equipe admite que existem limitações para o estudo. Por exemplo, a presunção de que a taxa de mortalidade seria similar em diversos países. O instituto pondera que essa proporção pode ser afetada pela idade média da população e pela capacidade do sistema de saúde.

A análise também assume que todas as mortes por Covid-19 estão sendo reportadas, o que pode não ser o caso em todos os países. Assim, a subnotificação pode ser ainda maior.

Outras descobertas

Além da subnotificação, a escola também analisou a transmissão por pessoas que ainda não apresentam sintomas. Os pesquisadores concluíram que entre 10 e 30% das infecções são passadas por pessoas com o vírus, antes mesmo delas apresentarem qualquer sinal de doença.

Segundo o instituto, isso implica que uma parte substancial das transmissões não pode ser prevenida com o isolamento de pessoas que apresentam sintomas. A escola enfatiza a necessidade de reduzir contatos, mesmo na ausência dos sintomas.

A pesquisadora Yang Liu, que conduziu essa etapa do estudo, afirma que a testagem em massa e o isolamento de casos confirmados previne de 35 a 60% das transmissões. “Mas é improvável que isso pare a pandemia. É por isso que pessoas potencialmente infectadas também precisam ficar em quarentena”, analisa.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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