Mandetta muda tom sobre isolamento, cobra Bolsonaro e recebe resposta por criticar a imprensa

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, participa da Comissão Geral para atualiazação da situação nacional do coronavírus (Arquivo/EBC)

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mudou o tom do discurso a respeito do chamado isolamento social em coletiva de imprensa nesse sábado (28). Ele virou personagem central do governo diante da pandemia do novo coronavírus e, nos últimos dias, estava mais alinhado ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – que propôs isolar apenas pessoas do grupo de risco, o chamado isolamento vertical.

Nesse sábado, no entanto, Mandetta disse que irá pautar-se a partir de critérios técnicos e da ciência. Apesar do tom mais enfático para que as pessoas fiquem em casa, ele não falou publicamente a respeito das decisões de Bolsonaro. Ele justificou sua defesa de que as pessoas devem permanecer em casa para que o sistema de saúde não se sobrecarregue, aumentando a letalidade da Covid 19 por falta de leitos e de UTI.

De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o ministro cobrou o presidente durante uma reunião em que apresentou possíveis cenários da Covid-19 no Brasil. Ele teria dito que a doença não é uma ”gripezinha” e traçou um paralelo: a morte de mil pessoas no país é equivalente à queda de quatro aviões comerciais de grande porte. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde informam 144 mortos por Covid-19 no Brasil.

“Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?”, questionou Mandetta. Além disso, ele teria pedido para que o presidente criasse um ”ambiente favorável” de cooperação entre estados, cidades e a própria presidência da República.

Mandetta também teria pedido a Bolsonaro para que não menospreze a gravidade da Covid-19 em atos públicos, admitindo que pode criticar o presidente ao responder questionamentos. O presidente, segundo o jornal, disse que iria demitir o ministro diante de tal caso.

Por fim, o Estado de São Paulo explica que o ministro disse que não pedira demissão no meio da crise, mas que deixará o ministério ao fim da pandemia se for o caso. Por outro lado, se comprometeu a não capitalizar a situação em caso de sucesso, por não ter ambições políticas ou reivindicar posição de destaque.

Crítica e resposta

Durante a coletiva, Mandetta criticou o trabalho da imprensa ao dizer que os meios de comunicação são sórdidos e que só vendem se a notícia for ruim. A fala gerou reações em profissionais da imprensa, e o ministro recebeu uma resposta da Globo durante o Jornal Nacional desse sábado (28).

Confira na íntegra abaixo:

“O ministro da saúde encontrou uma outra maneira de agradar o presidente: criticou o trabalho da imprensa, afirmando que os meios de comunicação são sórdidos, porque na visão dele só vendem se a matéria for ruim. Na pandemia de um vírus letal contra o qual não há medicamento ou vacina é estarrecedor que ele não reconheça que o nosso trabalho, o trabalho de todos os colegas jornalistas, daqui da Globo, mas também de todos os veículos, é um remédio poderoso: dar informação para que o povo possa se proteger. Há muitos trabalhos essenciais, dos médicos e enfermeiros em primeiro lugar, mas nós jornalistas estamos nas redações e nas ruas arriscando nossa saúde, para cumprir nossa missão. E fazemos isso com orgulho.”

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!