Sem resultados dos testes, 30 mortos são enterrados por dia em SP com suspeita de Covid-19, diz Folha

enterrados em SP com suspeita de coronavírus
Demora de até 20 dias na liberação de resultados de exames influencia conhecimento da situação real do país (Arquivo Agência Brasil)

Cemitérios públicos da cidade de São Paulo estão recebendo diariamente, ao menos 30 corpos para sepultamento com suspeita de infecção por coronavírus. No entanto, os resultados de testes laboratoriais não confirmam a condição, por conta de atrasos do Instituto Adolfo Lutz, responsável pelos testes na saúde pública de São Paulo.

As informações levantadas pela Folha de São Paulo mostram que a imensa maioria desses casos não está sendo contabilizada pelo Ministério da Saúde como mortes causadas pelo Covid-19. Os médicos que assinam os atestados de óbito afirmam que a infecção só pode ser registrada no documento após a confirmação dos exames laboratoriais.

Segundo a Folha, esses óbitos são provenientes principalmente do sistema de saúde pública da cidade. Das 121 mortes por Covid-19 registradas em SP, 79 foram em hospitais particulares, que não dependem do Instituto Adolfo Lutz para realização de testes.

“A minha impressão é a de que as mortes que estão ocorrendo no sistema público de saúde ainda não estão entrando na contabilidade oficial por causa da sobrecarga do Adolpho Lutz, que está demorando em alguns casos até 20 dias para entregar os resultados”, disse o coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia e ex-presidente da Associação Panamericana de Infectologia, Sérgio Cimerman, ao jornal.

Exames mais rápidos

Segundo a reportagem, até o início desta semana, o Instituto Adolfo Lutz tinha uma fila de 14 mil testes aguardando resultados e recebia mais 1.200 novas amostras por dia.

No entanto, a velocidade de processamento já teria aumentado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Antes, o Instituto liberava 400 resultados por dia, agora a capacidade passou para 1.000 processamentos diários.

“O que estamos vendo nesse momento nesses números de óbitos é uma realidade de duas ou três semanas atrás”, disse Cimerman à Folha. “E isso me preocupa profundamente, exatamente porque teremos uma explosão de casos daqui a algumas semanas, bem no meio da quarentena, e isso servirá de argumento de que o isolamento não funcionou.”

O que diz a administração pública

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, assim como o Serviço Funerário Municipal da capital, se recusaram a informar ao jornal o número total de pessoas que vieram a óbito e foram enterradas como casos suspeitos de Covid-19. Os dois órgãos responderam que os números são internos e não serão divulgados enquanto os casos não forem confirmados pelos exames.

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