Número de infectados por Covid-19 em BH deve aumentar a partir desta quarta; casos terão pico em duas semanas

pesquisa mostra evolução do novo coronavírus
Número de casos de Covid-19 devem se intensificar a partir desta quarta-feira (UFMG/Divulgação _ PBH/Divulgação)

Um grupo de pesquisadores do México e do Brasil, com três professores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), realizou um estudo a respeito do número de novos casos de Covid-19 em todo o país. A pesquisa identificou um possível pico de pessoas infectadas por volta do dia 16 de abril, com a intensificação do contágio a partir desta quarta-feira (1°).

Professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Aristóteles Góes-Neto conversou com o BHAZ sobre a pesquisa. Ele explica que o estudo contou com um método matemático para entender a disseminação do coronavírus, tendo aeroportos do Brasil como pano de fundo. “O Brasil tem 154 aeroportos e 31 deles são internacionais, fizemos um modelo matemático para saber como se daria a disseminação”, explicou o docente.

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Sem considerar medidas de prevenção – como as que já têm sido adotadas nos aeroportos -, os resultados da investigação mostram que esses locais podem favorecer uma alta na disseminação de Covid-19. No estudo, as regiões foram separadas de acordo com a localização das cidades em que os aeroportos estão: Leste e Sul abrangem o Nordeste, Sudeste, Sul e o Distrito Federal. Já o Centro-Oeste compreende, além da tradicional região homônima – com exceção do Distrito Federal -, toda a região Norte.

“O primeiro caso no Brasil foi registrado em 26 de fevereiro e, no modelo, se nada mais for feito, de forma síncrona, a maioria das grandes cidades do Leste e do Sul poderá estar amplamente infectada por volta do dia 50 e tornar-se contaminante das demais cidades, conectadas pela complexa rede de aeroportos. Esse padrão causaria o colapso dos serviços de saúde nas cidades que possuem os hospitais mais bem equipados”, informa o estudo.

Primeira onda: gráfico mostra o aumento dos casos a partir do dia 50 (UFMG/Divulgação)

O dia 50, a partir da data do primeiro caso, é justamente o dia 16 de abril. E as capitais das regiões Leste e Sul, o que inclui BH, seriam as mais afetadas – com registro de mais casos de pessoas infectadas. Como os aeroportos adotaram medidas de segurança, entre elas diminuição no número de voos, os pesquisadores entendem que o número de novas contaminações pode ficar abaixo do previsto. “Nesse meio tempo, embora o Brasil não faça a verificação de temperatura (nos aeroportos), houve uma diminuição drástica de voos. As companhias aéreas cancelaram a maior parte”, diz.

Segunda onda de contágio

No entanto, Aristóteles alerta que é necessário manter o isolamento, entre as cidades e dentro delas, já que as previsões seguem valendo. E o estudo ainda aponta para uma nova alta no número de infectados, o que os estudiosos chamam de “segunda onda de contágio”. Ela pode ocorrer, de acordo com a pesquisa, no dia 26 de maio – 90 dias após o registro do primeiro caso identificado no Brasil (26 de fevereiro).

A onda de novas contaminações se daria na região Centro-Oeste, o que inclui toda a Amazônia, já que, na pesquisa, vale reforçar, também inclui a região Norte. “Essas regiões são mais vulneráveis com relação à saúde pública e a comunidade indígena é mais suscetível. O estudo foi feito até para que o poder público tome providências”, acrescentou o professor.

Projeção da disseminação da doença se nenhuma medida houve sido tomada (UFMG/Divulgação)

Preocupação com a população indígena

Aristóteles explicou ainda que o aeroporto de Manaus recebe aviões de diversas localidades. No entanto, o número de voos foi reduzido. O estudo mostra que o Covid-19 pode ser ainda mais devastador para os indígenas. Isso porque eles têm maior suscetibilidade a doenças não-nativas. Além disso, cidades e vilas mais remotas têm menos acesso aos serviços de saúde.

O grupo de pesquisadores fez um vídeo de como seria a propagação do vírus caso nenhuma medida de contenção fosse tomada.

BH em alerta

O prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), fez uma publicação na última semana, no Twitter, informando que a situação das contaminações seria intensificada a partir desta quarta-feira (1°), justamente a data apontada pelo estudo. Na ocasião, ele pediu para que as pessoas não “aliviassem” o isolamento social.

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Aline Diniz[email protected]

Editora do BHAZ desde janeiro de 2020. Jornalista diplomada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) há 10 anos e com experiência focada principalmente na editoria de Cidades, incluindo atuação nas coberturas das tragédias da Vale em Brumadinho e Mariana. Já teve passagens por assessorias de imprensa, rádio e portais.

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