Voluntários criam ‘varal de lanches’ para moradores de rua em BH; carro de som orienta sobre Covid-19

voluntários ajudam moradores de rua em BH
Ações voluntárias ajudam moradores de rua e pessoas carentes (Débora Máximo/Arquivo Pessoal + Rede Solidária/Divulgação)

Em meio à pandemia do novo coronavírus, grupos de voluntários de Belo Horizonte encontraram maneiras criativas para ajudar pessoas em situação de rua e mais vulneráveis. Um ‘varal de lanches’, na grade do Parque Municipal, na avenida Afonso Pena, faz sucesso no Centro da capital. E um carro de som informa a população de rua sobre o vírus.

A fisioterapeuta Débora Máximo faz trabalho voluntário há 20 anos e como não podia mais ajudar pessoas em hospitais e centros de saúde, ficou angustiada.

Em conversa com o BHAZ, Débora conta que, conversando com um amigo, ele questionou sobre a situação dos moradores de rua e assim ela teve a ideia do varal. “Com o varal, não estaríamos nos expondo ao risco de contaminação do coronavírus e nem os moradores de rua. Fomos muito criticados no início. Muitos falaram que deveríamos ficar em casa”, explica.

Débora Máximo/Arquivo Pessoal


A fisioterapeuta diz que é muito otimista e que só pensava na falta de assistência dessa população. E assim, começou a pedir doações pelas redes sociais. Contou com ajuda de amigos e também comprou caixas de biscoitos para montar os kits em casa com ajuda de suas duas filhas.

Débora Máximo/Arquivo Pessoal

Ao BHAZ, ela disse ainda que a escolha do local foi pensada para evitar aglomeração. “Com o avanço da doença queria um local de passagem e que as pessoas não se justassem. Elas podem vir e retirar o saquinho’, explica.

Débora afirma ainda o lanche é mais fácil para o consumo dos moradores de rua. “Não o adianta dar uma cesta básica, porque a maioria não tem onde preparar o alimento. Aí pensamos em fazer o lanche, porque a pessoa pode colocar na mochila ou no carrinho e comer onde quiser”, conta.

Os voluntários penduram 50 saquinhos, três vezes por semana, desde que começou a pandemia do novo coronavírus. Já foram distribuídos 700 kits. “Vi mães com crianças no colo pegando o lanche, vários moradores de rua e escutei relatos que se não fosse o kit eles estavam passando fome. É muito emocionante poder ajudá-los”, finaliza.

Para ajudar entre em contato pelo Instagram oficial do projeto: www.instagram.com/correntedobemri

Rede Solidária

A empreendedora social, Diana Dias, é fundadora do Rede Solidária BH. Ela trabalha com voluntariado desde 2016, com o projeto Banho Solidário, na Pedreira Prado Lopes, na região noroeste da capital. Em meio a crise, eles intensificaram as ações, buscando conexões com diversos outros grupos de Belo Horizontes e outras cidades.

Ao BHAZ, Diana explica que Rede Solidária atua no suporte aos moradores de rua e também na arrecadação de cestas básicas para distribuição em bairros como Taquaril e Morro do Papagaio.

Rede Solidária BH/Divulgação

O grupo circula também com um carro de som alugado, em regiões com maior concentração de pessoas em situação de rua. “A população de rua não estava entendendo o motivo da cidade estar parada, sem gente na rua. Por isso, com o carro, anunciamos sobre a suspensão dos programas sociais, orientações sobre o novo coronavírus e também informando locais de distribuição de alimentos, explica a empreendedora social.

A Rede Solidária aceita doações financeiras e de cestas básicas. Para doar é só entrar em contato pelo instagram.com/redesolidariabh.

Prefeitura amplia serviços

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, pelo menos 4,6 mil pessoas  vivem nas ruas da capital.

As secretarias municipais de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC) e de Saúde (SMSA) iniciam o serviço temporário de atenção e cuidados para homens e mulheres em situação de rua que apresentem sintomas de gripe e que precisem permanecer em quarentena. Ainda não existem casos identificados na cidade neste público, mas a administração municipal iniciará a execução de forma preventiva. Inicialmente, o serviço contará inicialmente com 300 vagas. 

A distribuição de marmitex para a população em situação de rua também foi ampliada aos finais de semana, com o apoio operacional e logístico da Guarda Municipal da capital. O acesso a refeições diárias nos Restaurantes Populares, de segunda-feira a sexta-feira, também está mantido.

Cartilha orienta voluntários

Considerando o acesso reduzido à informação sobre a população de rua, uma cartilha para voluntários foi criada.

Disponível em formato digital, essa versão traz orientações técnicas para iniciativas individuais e coletivas sobre precauções distribuídas em três etapas: preparo da alimentação e montagem dos kits, organização das atividades de distribuição e finalização das atividades e também orienta como abordar e informar a população em situação de rua a respeito da pandemia.

As duas versões estão disponíveis no site: www.sisejufe.org.br.

Marcela Gonzaga[email protected]

Editora do BHAZ desde fevereiro de 2020. Jornalista graduada pela Newton Paiva. Trabalhou como produtora de TV e chefe de produção durante 14 anos, com passagens pela RecordTV, Rede Minas, RedeTV!, TV TRT-MG e TV TJMG.

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