Bolsonaro superfaturou gastos com combustível por mais de dois anos, diz site

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Dados dizem respeito a período em que Bolsonaro era deputado (Reprodução/Agência Sportlight/Youtube)

Notas fiscais obtidas pela Agência Sportlight na Câmara dos Deputados mostram que o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria superfaturado os gastos com combustível durante o período de janeiro de 2009 a fevereiro de 2011, quando ainda era deputado federal. Os documentos indicam que, em uma das situações, o então deputado teria abastecido o carro com mais de mil litros de gasolina comum, desembolsando R$ 2.608 em uma só vez.

Nota fiscal do Posto Rocar, datada de 7 de janeiro de 2009, no valor de R$2.608 (Reprodução/Agência Sportlight)
Reembolso da Câmara dos Deputados equivalente à nota acima (Reprodução/Agência Sportlight)

Além desta, a situação teria se repetido outras 10 vezes em dois postos do Rio de Janeiro – Posto Pombal e Posto Rocar -, totalizando R$ 45.329,48 (valor corrigido pelo IGP-M, que calcula a inflação de preços de produtos e serviços, a partir da soma de cada nota). Isso significa que Bolsonaro gastou uma média de aproximadamente R$ 4 mil a cada ida nesses dois postos. Todos os valores foram reembolsados integralmente e sem objeção com dinheiro público pela Câmara dos Deputados.

Outras incompatibilidades nos gastos chamam atenção além do valor altíssimo gasto em combustível. A primeira delas é que, em algumas datas, há registros de abastecimentos nos dois postos no mesmo dia, apesar do grande volume de litros comprados. Além disso, há também pagamentos registrados no Rio de Janeiro em datas em que as votações no congresso revelam que Bolsonaro estava presente em Brasília.

Esta situação aconteceu, por exemplo, no dia 2 de junho de 2009, quando Bolsonaro registrou em seu nome um abastecimento R$ 2542 – o equivalente a R$ 4.765,28 atuais – no posto Rocar, no Rio de Janeiro. No entanto, assinaturas nas votações no congresso indicam que, nesta data, o então deputado estava presente na Sessão Extraordinária nº 133, que se realizou em Brasília.

A mesma situação se repetiu em outras datas, como no dia 28 de outubro de 2009 e no dia 14 de abril de 2009. Em todas elas, o valor foi reembolsado com dinheiro de contribuintes pela Câmara dos Deputados, de forma conflitante com a legislação vigente. Isso porque uma alteração na legislação sobre verba indenizatória impossibilita que um valor gasto no Rio de Janeiro seja reembolsado quando, na verdade, o deputado estava em Brasília.

Nota fiscal do Posto Pombal, datada de 14 de abril de 2009, no valor de R$2.440,20 (Reprodução/Agência Sportlight)
Reembolso da Câmara dos Deputados equivalente à nota acima (Reprodução/Agência Sportlight)

Mudanças estabelecidas em 2009 não incluem o reembolso da cota de combustível para assessores parlamentares, o que significa que não é possível que Bolsonaro tenha notas registradas em seu nome no Rio de Janeiro nos dias em que teve presença registrada em Brasília para votação.

O BHAZ entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, mas, até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta. Tão logo a assessoria se manifeste, esta matéria será atualizada.

Todas as notas fiscais obtidas pela Agência Sportlight podem ser acessadas aqui.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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