Moro pede demissão e acusa Bolsonaro de interferência política na PF: ‘Tiraram minha carta branca’

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Moro anuncia demissão após Bolsonaro exonerar chefe da PF (José Cruz/Agência Brasil +Isac Nóbrega/PR)

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deixou o cargo, na manhã desta sexta-feira (24), depois da exoneração do diretor-geral da PF (Polícia Federal), Maurício Valeixo. A demissão de Valeixo foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por meio do Twitter e foi publicada no Diário Oficial da União de hoje.

+ Maurício Valeixo não é mais diretor-geral da Polícia Federal

Em pronunciamento feito no fim da manhã desta sexta, Moro afirmou que Bolsonaro não manteve a promessa de conferir ao ministro “carta branca” na gestão da pasta. “O problema é o porquê trocar. É permitir a interferência política na Polícia Federal”, justificou Moro.

O ministro contou ainda que Bolsonaro quer nomear alguém da confiança dele “para colher relatórios e informações e até atender ligações”. O ex-juiz relatou que não concorda com a proximidade do Executivo com as investigações da corporação. Bolsonaro teria informado ainda ao ministro que gostaria de saber mais sobre investigações de processos que correm em tribunais superiores.

É importante lembrar que os filhos de Bolsonaro estão envolvidos em investigações que são encabeçadas pela PF. Há um inquérito ainda sobre notícias falsas, em que Bolsonaro é citado.

Moro seguiu informando que Valeixo não deve ser o único nome da PF a ser trocado. O chefe do Executivo sinalizou que quer ainda substituir autoridades da PF no Rio de Janeiro e também em Pernambuco.

“Eu sinto que tenho o dever de tentar proteger a PF. Busquei uma solução, uma alternativa, em meio a uma pandemia. Mas entendi que não poderia deixar de lado o meu compromisso”, informou Moro.

O ministro afirmou que não tinha a intenção de deixar a pasta e agravar a crise política em meio a pandemia da Covid-19.

Surpresa

Moro afirmou ainda que não sabia que a exoneração de Valeixo seria publicada nesta sexta-feira. Ele não teria sido consultado e o ex-diretor-geral não havia pedido para ser exonerado. Ele inclusive afirma não ter assinado a exoneração.

“Eu não tinha como aceitar essa substituição. Eu não me senti confortável. Acima de tudo eu tenho que preservar o compromisso que assumi com o presidente de combate ao crime organizado. Estou sendo fiel a esse compromisso”, disse.

Futuro

Moro informou que vai empacotar seus pertences e encaminhar a carta de demissão. Sobre o futuro, ele comentou que não há como voltar a ser juiz. “Eu já sabia disso quando aceitei o convite. Vou tirar um tempo para descansar”, relatou.

Aline Diniz[email protected]

Editora do BHAZ desde janeiro de 2020. Jornalista diplomada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) há 10 anos e com experiência focada principalmente na editoria de Cidades, incluindo atuação nas coberturas das tragédias da Vale em Brumadinho e Mariana. Já teve passagens por assessorias de imprensa, rádio e portais.

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