Blumenau está próximo de triplicar os casos de Covid-19 após reabertura do comércio

casos de coronavírus aumentam após volta do comércio em blumenau
Prefeitura ainda não vê necessidade de voltar a restringir comércio (Eraldo Schnaider/Secretaria de Promoção da Saúde de Blumenau/Reprodução)

O município de Blumenau, em Santa Catarina, resolveu afrouxar as regras do isolamento social e liberar a reabertura do comércio. No entanto, isso causou um aumento significativo no número de casos de coronavírus na cidade. A prefeitura atribui a escalada da doença às medidas mais brandas de quarentena, mas também ao aumento no número de testes realizados na população.

De 71 casos confirmados em 13 de abril, dia que o comércio voltou a funcionar, a cidade foi para 194 casos, de acordo com o último boletim divulgado pela prefeitura, nessa terça-feira (28). A reabertura dos estabelecimentos foi autorizada pela prefeitura, após decreto do governo catarinense permitindo a retomada do comércio. O município decretou também a obrigatoriedade do uso de máscaras e orientação para higienização das mãos.

Os critérios para realização de testes de identificação do coronavírus também foram ampliados e podem explicar a subida dos casos. Segundo o secretário da Secretaria de Promoção da Saúde, Winnetou Krambeck, pessoas com síndrome gripal também estão sendo testadas. “No momento, também entendemos que não há necessidade de restringir as ações, só lembrar a população das medidas necessárias para que não se tenha transmissão”, declarou.

O secretário ainda afirmou que os novos casos se concentram na faixa etária entre 30 e 50 anos. Krambeck reforça o pedido de mais cuidados com a população idosa. “A gente vem acompanhando esses números, a medida que a gente entender que há a necessidade de outras medidas, nós vamos tomar conforme a expansão no nosso município”, concluiu.

Relaxamento perigoso

Apesar do rápido crescimento nos números, a Prefeitura de Blumenau mantém, por enquanto, o afrouxamento na quarentena. Essa decisão vai de encontro ao que é defendido pelo professor de estatística da UFMG Luiz Henrique Duczmal.

O pesquisador é um dos responsáveis pelo estudo da UFMG que aponta que o isolamento social vertical, aquele que é restrito aos grupos de risco, é quase tão ineficiente quanto nenhum isolamento. O chamado isolamento vertical tem sido defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema também considera adotar medidas de isolamento mais brandas. Para o professor, o momento não é de relaxar medidas, mas de reforçá-las.

“O sucesso no combate é relativo, ainda vemos muitos carros circulando nas ruas, não são só serviços essenciais que estão funcionando. Já conseguimos adiar um pouco o pico, mas não é hora de relaxar. É hora de manter e deixar ainda mais intenso”, explicou, em entrevista concedida ao BHAZ na última semana.

“Se relaxarmos agora, todo o progresso desse mês de isolamento vai ser perdido. No momento, qualquer redução no isolamento vai provocar aceleração do contágio e vamos perder todo o trabalho. Se relaxarmos agora, os hospitais não vão ter condição de suportar os casos e muitas pessoas vão morrer por falta de atendimento”, completou.

Duczmal afirmou que o ideal é que só trabalhadores essenciais saiam e todos se protejam o máximo possível. Ele também considera imprescindível que as pessoas mais pobres recebam assistência governamental, para que possam ficar em casa sem trabalhar.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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