Teste: avaliamos a Ducati Multistrada 1260 S, a aventureira mais potente do Brasil

Foto: Henrique Rabelo

Gosta do desempenho de uma superesportiva, como as do Moto GP, porém, prefere o conforto postural de uma trail? Então as motos estradeiras esportivas são seu estilo e uma das representantes importantes disponíveis é a aventureira mais potente à venda no Brasil, a Ducati Multistrada 1260 S, avaliada pelo Acelera Aí.

A 1260S é uma das quatro versões da linha Multistrada

E, como uma Ferrari, a preferência por uma Ducati começa com a de cor vermelha. Para quem é do contra, existe outra opção de cor: a branca ice, exclusiva para a versão S.

Leia também: Motocicleta na Quarentena

A Ducati Multistrada conta com quatro versões no Brasil: 950, 1200 Enduro, 1260 ABS e a S, a que avaliamos, sendo a mais estradeira e completa em equipamentos e acessórios.

A Multistrada 950 — para quem não quer gastar tanto ou entende que não precisa de tanto —, a Multistrada 1200 Enduro — ainda com o motor da geração anterior e para quem quer uma moto mais para o fora de estrada — e Multistrada 1260 ABS e esta S.

Comparativo com as concorrentes, considerando a cilindrada acima de 1.000 cc, potência, torque e equipamentos (a versão mais completa de cada marca)
Motor é da família Testastretta com 1.262 cc de cilindrada (Foto: Ducati/Divulgação)

158 cv aspirados

A Multistrada 1260 tem um dos motores mais forte entre as motocicletas de produção em série, com tecnologias que vieram sendo desenvolvidas no Moto GP. A unidade avaliada reúne tudo que foi aperfeiçoado ano a ano pelos engenheiros da Ducati até 2019.

A eletrônica tem tornado as motocicletas Ducati mais “pilotáveis” por motociclistas sem grandes experiências com motos de alta potência.

O seu motor Testastretta de 1.262 cc entrega 158 cv de potência em até 9.500 rpm, e torque de 13,2 mkgf alcançados em 7.500 rpm, no entanto, com 85% da força disponível em apenas 3.000 rpm. E trata-se de um bloco de dois cilindros e, por isso, pistões gigantes, de 106 mm de diâmetro e 71,5 mm de curso.

Leia também: Honda Collection Hall

Os diversos sensores presentes em vários componentes do Testastretta enviam centenas de informações que são bem analisadas pela centralina e faz que potência e torque sejam muito bem administrados conforme o desejado pelo piloto.

Tudo começa a partir do que for programado no painel de instrumentos e, depois, pelo controle que o motociclista tem sobre seu punho sobre a manete do acelerador.

A suspensão tem quatro modos de pilotagem (Foto: Henrique Rabelo)

Modos de pilotagem

São quatro modos de pilotagem programáveis. Além disso é possível programar o modo de potência em cada modo de pilotagem, tudo facilmente pelos botões do lado esquerdo no guidão e com os olhos no belo painel digital de TFT e 5”.

Por exemplo, o modo mais forte, o “Sport”, é possível deixar a liberação de cavalos mais forte e rápida, ou mais “manso” e lenta, dentro do que os engenheiros de motos superesportivas entendem de “manso”.

Para se ter uma ideia, o modo “Urban” é o mais comportado. A potência é limitada em 100 cv e os cavalos vão sendo liberados de uma forma, digamos, mais lenta. Assim, o quanto se deve girar o punho para chegar a 100 km/h no modo “Sport” deve ser 9 vezes menos do que no modo “City”. Do contrário, saiba controlar a moto acima dos 100 km/h em de três segundos.

Leia também: Royal Enfield em BH

Portanto, no uso urbano, o indicado é o modo “Urban”, porém, se o piloto tiver um bom controle do punho e conseguir girar o acelerador de forma milimétrica, a experiência de conduzir a Multistrada no trânsito urbano foi mais agradável no modo “Sport”.

A sensação foi do funcionamento do motor de forma mais homogenia, mais suave e silencioso. Os outros modos são Touring (para uma viagem agradável e Enduro para rodar em estradas de terra).

Chassi para muita força

Toda a força é transferida por um câmbio de seis marchas quick-shift que funciona sem precisa de acionar a embreagem após estar em movimento e voltar o acelerador.

A transmissão é por pinhão, coroa e corrente, com suas vantagens e desvantagens. Um eixo cardã no lugar pode ser interessante, já que às críticas a esse sistema, como peso e perda de potência, não mudaria em nada as qualidades desta Multistrada, pois ela tem potência de sobra e é mais leve do que as concorrentes, pesa 232 kg em ordem de marcha (com óleos e combustível). Para uma maxi trail é um excelente número. A BMW R 1250 GS Adventure pesa 268 kg.

Claro que tanta engenharia no motor teria também na ciclística. As suspensões, com sistema semiativo Ducati Skyhook Evo, podem ser ajustadas eletronicamente com a mesma facilidade dos modos de condução.

Pode-se escolher piloto mais bagagem, dois pilotos e dois pilotos mais bagagem. Pode-se configurar entre máximo conforto e máxima esportividade de forma independente para a roda dianteira e traseira.

Acelerou, tem que frear

O freio é algo fora de série. Além de não dever nada aos de motos de competição, conta com o que há de mais moderno de freios ABS já desenvolvido pela Bosch. Aquele medo de frear em curva já vale mais para esta Ducati. Ela freia bem em qualquer situação, o piloto só precisa ter força para segurar o seu corpo sobre a moto, pois a eficiência para reduzir a velocidade e está no mesmo patamar de acelerar.

Voltando ao painel, pode-se conectar o smartphone via Bluetooth e ter algumas funções de um multimídia no painel. A chave é do tipo presencial que, em motocicletas, pode é um custo que não traz tanto benefício, já que, para abrir o tanque é necessário da chave com o sistema convencional.

Além disso, diferentemente do que ocorre em um automóvel, que é poder abrir as portas com sem a chave, na moto não há essa necessidade e, se perder a chave, prepare-se para um custo alto e uma substituição demorada.

A Multistrada 1260 S possui quatro modos de pilotagem programáveis
(Foto: Ducati/Divulgação)


Punho decide o consumo

O preço da Multistrada 1260 S é de R$ 88.900,00. Não é barata, mas, em comparação com as concorrentes no propósito de esportiva aventureira, prestígio de marca e equipamentos, não está entre as mais caras.

A BMW R 1250 GS Adventure custa a partir de R$ 99.950. Dentro da casa italiana e nesta faixa de cilindrada, ainda há a Multistrada 1200 Enduro por R$ 94.900, com motor de 1.198 cm3, 152 cv de potência e 136 Nm de torque. No momento, a Multistrada 1260 ABS não está disponível no site da Ducati do Brasil.

Com tanta potência, mas por outro lado, muita tecnologia e excelente relação peso-potência, como fica o consumo? O seu punho decide. Ela pode fazer médias de 20 km/l usando os modos de pilotagem e acelerando de forma progressiva e com as trocas de marchas no tempo da condução econômica.

Leia também: Novo “capo” na Ducati BH

Mas, qual a graça de ter uma moto de 158 cv se, vez ou outra, não puder ver o computador bordo registrar 12 km/l? E para esse consumo não é preciso desobedecer às leis de trânsito, basta querer chegar aos limites das placas, como 60 km/h, 80 km/h ou 110 km/h na rapidez de um Fórmula 1. A Multistrada não vai decepcionar você.

Assim, como o tanque da Multistrada comporta 20 litros de gasolina, a autonomia pode ser 400 ou 240 quilômetros. Aliás, o marcador de combustível poderia ser mais preciso, mas o problema é comum a diversas marcas e modelos.

O mostrador digital informa que o tanque está na reserva e quando ela é abastecida, descobre-se que ainda havia muito combustível. O marcador só quis estressá-lo um pouco.

Ela tem defeitos? Tem, mas tão pequenos perto das qualidades. A posição do USB para recarregar celular, o barulho do sistema pinhão, corrente e coroa, a chave muito grande e outras coisas sem muita importância.


Equipamentos da versão S

A versão S vem com Pack Touring: alças aquecidas, malas laterais fáceis de manusear e com trancas com a mesma chave do tanque de combustível. Além disso, ela se diferencia por ter excelentes faróis em LED (à noite parecem holofotes de tanto que iluminam), e a tela digital em algumas informações em cores.

Aliás, o painel pode ser configurado entre ter todas as mais informações disponíveis (full) e só as essenciais (city). Outro item bastante interessante, só presente nesta S, é o assistente de partida em rampa, sistema que usa o sensor do ABS para segurar o freio por alguns segundos até que o piloto consiga acelerar e soltar a embreagem.

Leia também: Nos arquivos da Ducati

A Ducati conta com concessionárias nas capitais de nove estados e em Brasília (DF). Apenas, até o momento, os estados de São Paulo e o Paraná contam com concessionárias da marca no interior: Campinas e Ribeirão Preto (SP), e Londrina (PR).

Ficha Técnica

Motor: 1.262cc, Testastretta DVT, Desmodrômico, refrigerado a água, 4 válvulas por cilindro e 2 velas por cilindro.
Potência: 158 cv a 9.500 rpm
Torque: 129,5 Nm a 7.500 rpm
Peso seco: 212 kg
Peso em ordem de marcha: 235 kg
Altura do banco ajustável: 825 – 845 mm
Tanque: 20 litros

Texto: Marcos Villela

Marcos Villela é jornalista. Começou a escrever sobre motocicletas em 1988 aos 18 anos em jornais de Minas Gerais e, em 2006, como diretor de núcleo da Motor Press Brasil, foi diretor de redação da prestigiada revista “Motociclismo” entre 2006 e 2015. Motociclista há 31 anos e apaixonado por motos, também é jornalista especializado em transportes e editor da revista “Transporte Mundial” desde 2002.

Acesse: www.aceleraai.com.br

Acelera Ai[email protected]

Jornalistas Eduardo Aquino e Luís Otávio Pires são os editores do site Acelera Aí e da seção veículos do portal Bhaz

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!