Desde que a quarentena imposta pelo novo coronavírus teve início, milhares de brasileiros voltaram suas atenções para a questão do desemprego. Sem renda, muitos se preocupam em como pagar as contas em dia, a começar pelo mais essencial, como os débitos de água e luz.
Nesta semana, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) tornou-se assunto nas redes sociais depois que consumidores passaram a relatar contas de luz com valores exorbitantes, bem acima do esperado. Uma publicação a respeito do assunto, feita em um grupo fechado no Facebook, já reúne mais de mil comentários sobre os valores de faturas recentes.
O BHAZ conversou com moradores da capital para saber a reação deles ao receberem a conta de luz do mês de abril. Todos disseram ter levado um susto diante dos valores e afirmaram que não mudaram os hábitos, mesmo estando em casa todos os dias por conta da pandemia. Apesar disso, a Cemig descarta ter realizado reajustes tarifários e credita a elevação nos valores à mudança no consumo de energia (veja abaixo).
“A gente nunca espera que de um mês para o outro a conta vá aumentar R$ 100. Bate um desespero na gente, principalmente por causa da pandemia, quando estamos impossibilitados de trabalhar. O valor normal é R$ 180, no máximo, e desta vez veio R$ 275”, diz a fisioterapeuta Raquel Bizarri.
Há 40 dias sem poder ir ao serviço, por conta do isolamento social, a assistente de loja Cristina da Silva disse não ter entendido o aumento na conta, já que na casa dela moram apenas três pessoas.
“O valor veio arrancando o couro. Levei um susto por que aqui em casa o máximo que vem é R$ 190 e neste mês veio R$ 252,38. A única mudança deste mês pro outro é que só estamos ficando em casa”, relata.
A administradora Fernanda Lamounier garante que a única mudança efetiva no consumo de energia em sua casa durante o último mês ficou por conta de um computador, que agora está ligado parte do dia. Para ela, no entanto, o uso do equipamento não justifica a conta dobrar de valor. “A gente ficou bem assustado. Eu não esperava que um computador fizesse a conta que vinha uns R$ 200 chegar a quase R$ 400”, conta à reportagem.
Cemig explica
Procurada pelo BHAZ, a Cemig explicou que a pandemia de Covid-19 mudou a rotina da grande maioria da população mundial e que, ao ficar mais tempo em casa, as pessoas estão consumindo mais energia.
“A Cemig registrou aumento médico de 0,6% no consumo de energia dos clientes residenciais da sua área de concessão”, informou.
Apesar dos consumidores terem notado aumento nas faturas, a companhia nega qualquer reajuste em 2020. “Não houve, até o mês de abril, qualquer tipo de reajuste na tarifa de energia da Cemig”, esclareceu.
A companhia aconselha as pessoas a acompanharem o consumo mensal, que vem descrito nas contas.
“Quando for avaliar a variação de consumo, o cliente deve, inclusive, comparar a leitura atual no medidor do seu imóvel com a leitura apresentada na fatura: a diferença entre os números indica o quanto já foi consumido de energia em kWh desde que o leiturista passou pelo imóvel”.
Revisão de valor
Cristina pretende solicitar a revisão do valor da conta. “Quero que o valor da conta seja revisto. Vou procurar saber como que faz”, diz.
O processo pode ser feito por meio dos canais de atendimento da companhia:
- O aplicativo Cemig Atende (disponível para Android e IOS)
- A agência virtual Cemig Atende Web (disponibilizada no endereço https://atende.cemig.com.br)
- O SMS (enviar um torpedo para o número 29810) e
- Os aplicativos Telegram (@cemigbot direto no app) e Whatsapp (31 3506-1116, disponível para informar leitura e segunda via de contas).
Cuidados
A Cemig pede que não haja aumento excessivo de consumo e que as pessoas utilizem energia de “forma racional”.
Engenheiro de eficiência energética da Cemig, Thiago Batista ressalta que a população deve ter atenção com o chuveiro. Segundo ele, o aparelho merece atenção especial da população. “A recomendação para economizar energia com o chuveiro é reduzir o tempo de banho e, se possível, colocar o seletor de temperatura na posição ‘verão’, o que reduz a potência em 30% e faz uma grande diferença na conta de energia”, explica.
A geladeira, conforme Thiago, é outro item que merece destaque, pois o “abre e fecha” faz o eletrodoméstico ser o segundo a consumir mais energia em casa. O home office, adotado por muitas empresa na pandemia, também requer cuidados.
“As famílias precisam ficar atentas ao consumo de computadores e periféricos. Ao se ausentar por curto período de tempo, o monitor deve ser desligado. Outros componentes, como impressoras e caixas de som também devem ficar desligados, quando o computador não estiver sendo utilizado”, alerta a Cemig.