Igrejas de BH retomam cultos presenciais e fiéis são flagrados sem máscaras

igrejas retomam cultos
Na Igreja Batista Getsêmani, os fiéis não são obrigados a usar máscaras (Amanda Dias/BHAZ)

Com Amanda Dias

Após um período sem realizar cultos religiosos por causa das recomendações de saúde para o combate à pandemia da Covid-19, algumas igrejas de Belo Horizonte retomaram as atividades neste domingo (3), com medidas especiais. O BHAZ visitou duas delas e, em um dos templos, fiéis foram flagrados sem máscaras. Especialista ouvido pela reportagem desaconselha visitas a igrejas (veja abaixo).

Na Igreja Batista da Lagoinha, foram estabelecidas restrições na entrada e no interior para reduzir os riscos do contágio. Diáconos ficaram na porta, oferecendo álcool em gel. Eles também pediram para que pessoas com mais de 60 anos voltassem para as suas casas.

Para o culto desta tarde, só foi usado o primeiro andar da igreja, e o público estava muito reduzido em relação ao que é visto normalmente. Nos bancos, foram estabelecidas marcações para evitar a aproximação das pessoas e todos usavam máscaras.

Igreja Batista Getsêmani

Na Igreja Batista Getsêmani, no bairro Dona Clara, o culto também foi mais vazio, mas as restrições foram menos severas. Apesar dos assentos estarem divididos com faixas de segurança, havia fiéis sem máscaras, incluindo uma idosa, e nem sempre o distanciamento foi cumprido.

Na Igreja Batista Getsêmani, é aconselhado o uso de máscaras, mas a entrada sem elas não é proibida (Amanda Dias/BHAZ)

Em contato com o BHAZ, o pastor Jorge Linhares, da Igreja Getsêmani, afirmou que os membros orientam os fiéis a seguirem as recomendações determinadas, mas não impedem a entrada.

“Antes, o culto durava em média duas horas, e reduzimos para uma hora. Estamos usando apenas (de) 20% a 30% do espaço físico da igreja e evitamos aglomerações na entrada e na saída. Em caso de pessoas acima de 60 anos, recomendamos que fiquem em casa, mas não impedimos que entrem. Às vezes a pessoa não tem escolha, tem que vir para não ficar sozinha em casa, por exemplo. Não incentivamos isso, mas não proibimos”, esclareceu o pastor.

‘Serviço essencial’

A Igreja Batista da Lagoinha esclareceu, por meio de nota, quais medidas foram tomadas para o retorno de algumas das atividades. A organização ressalta que somente alguns cultos presenciais foram retomados para atender “membros que não tem acesso à tecnologia ou tem dificuldade em usá-la”.

“Somos considerados serviço essencial e o decreto municipal reconhece isso ao não citar a igreja na lista de entidades proibidas de abrir. Muitas pessoas estão em pânico e ansiosas e tem na igreja um lugar de refrigério”, informou um trecho da nota (leia na íntegra abaixo).

Na Igreja Batista da Lagoinha, mesmo as pessoas que chegam juntas são orientadas a sentar respeitando o distanciamento (Amanda Dias/BHAZ)

No comunicado, a igreja lista as orientações que a equipe tem seguido para evitar o contágio pela Covid-19: a demarcação dos lugares com afastamento de 2 metros de distância, a limpeza de todo o templo com cloro antes e depois das reuniões, a obrigatoriedade do uso de máscaras, a disponibilização de álcool em gel e a proibição da entrada de idosos e pessoas do grupo de risco.

“Estamos fazendo de tudo para deixar a nossa comunidade muito consciente em todos os aspectos, acreditamos que as nossas medidas aqui na igreja mostram a importância que damos a este período. Lembrando sempre que estamos incentivando os nossos membros a ficarem em casa”, relatou outro trecho do texto.

Prefeitura nunca proibiu

Os cultos nunca foram proibidos em Belo Horizonte durante a pandemia do novo coronavírus. No decreto do prefeito Alexandre Kalil (PSD), que suspende o alvará de shoppings, restaurantes e outros serviços, as igrejas não foram citadas.

Em contato com o BHAZ, a assessoria da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) confirmou a informação e afirmou que as igrejas estavam aderindo voluntariamente às medidas de distanciamento social até então. A prefeitura também não estabelece restrições em relação ao número de pessoas que podem se aglomerar nas igrejas.

Especialista desaconselha

O médico infectologista Leandro Curi alerta que, mesmo que todas as recomendações de saúde sejam cumpridas nos cultos, o ideal ainda seria que todos ficassem em casa. Ele citou algumas das orientações que os membros e as administrações das igrejas devem seguir para evitar a contaminação pelo coronavírus.

“Os perigos biológicos em uma igreja são os mesmos de qualquer aglomeração. Em um ambiente em que todos fazem orações em voz alta, cantam, as gotículas podem se espalhar. Além disso, a maioria das igrejas tem corrimões, púlpitos, objetos que são contaminantes e podem ser vetores do vírus”, explicou.

O especialista recomenda que uma distância de, no mínimo, um metro e meio seja mantida entre as pessoas, e que as máscaras sejam usadas imprescindivelmente. Ele ressalta que idosos e pessoas com os sintomas da Covid-19 devem evitar ao máximo ir às igrejas.

Leandro Curi também orienta que a administração das igrejas ofereça álcool em gel, máscaras, higienize todo o local e organize filas e assentos de modo que a distância seja mantida. Mesmo assim, o risco de contaminação ainda existe, e o ideal seria que as atividades fossem mantidas apenas pela internet.

“Qualquer junção de pessoas é perigosa, independentemente do número. As igrejas devem orientar as pessoas a não saírem a não ser que seja realmente necessário. Eu respeito todas as crenças e acho que a liberdade religiosa é muito importante, mas este é um momento de perigo biológico e o mais seguro seria ficar em casa”, conclui o especialista.

Nota da Igreja Batista da Lagoinha

“A Igreja Batista da Lagoinha Matriz retomou com alguns cultos presenciais para atender aqueles membros que não tem acesso à tecnologia ou tem dificuldade em usá-la.

Somos considerados serviço essencial e o decreto municipal reconhece isso ao não citar a igreja na lista de entidades proibidas de abrir. Muitas pessoas estão em pânico e ansiosas e tem na igreja um lugar de refrigério.
Temos em nossa igreja várias formas de prestar atendimento às pessoas, atendimentos pastorais on-line, plantão pastoral, telefone da paz 24hs e mais de 200 ministérios em ação social que estão mantendo as atividades mesmo à distância. Mas acreditamos que o momento de culto é algo muito importante para a nossa fé, é onde temos a oportunidade de cultuarmos ao nosso Deus juntos.

Estamos seguindo todas as normas e recomendações do Ministério da Saúde e da secretaria de saúde do nosso estado.
Temos uma equipe de apoio preparada e experiente na condução de eventos que estão demarcado os lugares com o afastamento de 2 metros de distância entre um lugar e outro e fazendo o controle do número de pessoas que entrarem para não passar do limite estabelecido.

Treinamos a nossa equipe de limpeza para limparem antes e depois da reunião todo o templo e os acessos com solução com cloro, conforme recomendação do ministério da saúde. É obrigatório o uso de máscaras para entrada e permanência nas dependências da igreja. Além disso, dispomos de álcool em gel na portas para livre uso dos fiéis. Não estamos permitindo a entrada de pessoas que fazem parte do grupo de risco (idosos, gestantes, hipertensos e diabéticos).

Estamos fazendo de tudo para deixar a nossa comunidade muito consciente em todos os aspectos, acreditamos que as nossas medidas aqui na igreja mostram a importância que damos a este período. Lembrando sempre que estamos incentivando os nossos membros a ficarem em casa.”

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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