Aumentar a testagem da Covid-19 pode salvar vidas, diz estudo da UFMG

A ausência de dados confiáveis sobre a evolução da doença, submete as cidades ao risco de assistirem o crescimento exponencial da doença (Envato Elements)

O aumento de testes da Covid-19 em apenas 20% é a condição necessária para que o poder público possa tomar decisões e gerir a saúde, alerta grupo de especialistas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) que produzem cálculos sobre evolução do novo coronavírus em Belo Horizonte.

A ausência de dados confiáveis sobre a evolução da doença, submete as cidades ao risco de assistirem, sem capacidade de reação, o crescimento exponencial da doença.

De acordo com o coordenador da pesquisa, Ricardo Hiroshi Takahashi, o aumento da testagem não precisa ser tão expressivo. “Belo Horizonte poderia ter dados mais confiáveis sobre o avanço da Covid-19 se testasse uma amostra aleatória de até 20% das pessoas que procuram o sistema de saúde apresentando sintomas compatíveis com a doença”, explica.

Coronavírus em BH

Belo Horizonte registrou nesta segunda-feira (4), 20 mortes e 825 casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. “Estamos às cegas neste momento, no que diz respeito à evolução da epidemia, e estamos tentando alertar sobre o perigo que isso representa”, reforça o pesquisador.

No primeiro relatório, divulgado no dia de 24 de março, o grupo indicou que, sem nenhuma medida de controle da circulação de pessoas, a doença se espalharia de tal maneira, que a capital mineira poderia chegar em maio com a necessidade de 90 mil leitos em um único dia, sendo que a capital mineira tem apenas 7,7 mil leitos no sistema público. 

Já o segundo relatório, as medidas de distanciamento social se mostraram eficazes. O grupo apontou que apenas a decisão das maiores empresas e das escolas e universidades de suspender preventivamente as aulas já havia sido suficiente para reduzir a necessidade de leitos simultâneos para 15 mil – ainda assim, o dobro da capacidade da capital.

Estudos baseados na ocupação de leitos

Na ausência de dados confiáveis sobre a parcela da população que já teria sido infectada pelo novo coronavírus, alguns municípios têm decidido pela flexibilização do isolamento social com base na contagem do número de leitos ocupados em hospitais. “Uma vez que uma pessoa infectada leva, em média, sete dias para necessitar de leito e que, nesse período, ela pode transmitir a doença, quando se der conta de que está perto da lotação, o sistema já não terá mais condições de evitar a superlotação, porque as pessoas já estarão infectadas”, pondera Takahashi.

Novas frentes de estudo

Diante da inexistência de dados para modelar predições de evolução da doença na capital ou em Minas Gerais e como forma de continuar apoiando o poder público na tomada de decisões orientadas por dados científicos, o grupo Modelagem da Covid-19 trabalha agora em outra frente. “Estamos estudando maneiras ‘inteligentes’ de fazer medições, de forma a aumentar a capacidade de detecção tempestiva de eventuais aumentos do número de casos. Esses esforços só gerarão um novo relatório se alguma das propostas der certo, pelo menos em simulação”, conclui Takahashi.

Com UFMG

Marcela Gonzaga[email protected]

Editora do BHAZ desde fevereiro de 2020. Jornalista graduada pela Newton Paiva. Trabalhou como produtora de TV e chefe de produção durante 14 anos, com passagens pela RecordTV, Rede Minas, RedeTV!, TV TRT-MG e TV TJMG.

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