Autora de vídeo sobre ‘enterro de pedras’ se apresenta à polícia e pede desculpas: ‘Equívoco’

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Mulher se apresentou à polícia nesta manhã (Reprodução/Whatsapp + Divulgação/PCMG)

Um dia depois de a PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais) informar que investigaria a origem do vídeo que divulgava informações falsas sobre os enterros de vítimas da Covid-19 em Belo Horizonte, a autora das imagens foi localizada. Ela se apresentou à polícia na cidade de Jacutinga, no sul de Minas, nesta terça-feira (5). 

Nas imagens, Valdete Pereira Zanco acusava autoridades de BH de enterrar caixões com pedras e madeira no lugar dos corpos. Agora, a mulher se desculpou. Uma nota enviada por Alexsander Pereira, advogado de Valdete ao BHAZ conta que a mulher viu a informação falsa em uma rede social e, no mesmo dia, um cliente também comentou o suposto fato, “o que a fez julgar o ocorrido como verdade”.

O advogado explica ainda que a gravação foi feita na loja onde ela trabalha, compartilhada inicialmente em um grupo da família de Valdete no Whatsapp e, a partir daí, enviado para outras pessoas até viralizar: “Desconhecemos a forma como o vídeo ganhou notoriedade nas redes sociais e nos demais veículos de comunicação”.

Na nota, Alexsander diz que a cliente reconhece o erro e pede desculpas a quem foi atingido pela divulgação da informação falsa. “Valdete reconhece humildemente o erro e pede perdão ao Município de Belo Horizonte e seu Ilustre Prefeito e a todos quantos foram atingidos negativamente por este equívoco que cometeu”, pontua.

Punição

Em uma entrevista coletiva concedida na manhã desta terça, os delegados Wagner Sales e Rodrigo Damiano explicaram que o início das investigações da Polícia Civil confirma que as informações contidas no vídeo são falsas e que, por isso, Valdete pode responder pelos crimes de denunciação caluniosa, difamação contra autoridade pública municipal e à contravenção penal de produzir pânico e tumulto.

“É preciso que a população se conscientize que as atitudes no mundo virtual têm consequência no mundo real”, defende Sales, que lembra da necessidade de considerar as pessoas que são afetadas por casos desse tipo: “No momento em que todos sofrem com a pandemia, é um vídeo que só vem trazer incerteza e insegurança, demonstrando total desrespeito à sociedade e sobretudo às famílias das vítimas do coronavírus”.

Durante a entrevista, que aconteceu antes de a autora do vídeo se apresentar à polícia, Sales chegou a mencionar uma possível prisão preventiva da mulher. Ao fim das investigações, Valdete pode pegar até 9 anos de prisão, além de multa.

Entenda o caso

Na última semana, viralizou nas redes sociais um vídeo onde Valdete afirma que vários caixões de vítimas do coronavírus estariam sendo enterrados com pedras e pedaços de madeira em vez de corpos em BH. Ela afirma também que as famílias das vítimas estariam enterrando os caixões devido a uma suposta falta de coveiros nos cemitérios da cidade.

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O vídeo foi amplamente compartilhado e utilizado como argumento por pessoas que questionam as medidas adotadas pela administração da capital para combater o vírus que já matou 94 pessoas em Minas Gerais e mais de 7 mil no Brasil. 

Nota de retratação de Valdete na íntegra:

Venho a público esclarecer a respeito do vídeo gravado pela minha cliente Valdete Zanco que repercute nas redes sociais.

Ela havia visto na rede social denominada Facebook um fato ocorrido no Município de Belo Horizonte/MG, do qual caixões haviam sido desenterrados e localizado em seu interior, pedras e pedaços de madeira. Na data da gravação, no interior da loja onde trabalha, ela recebeu um cliente que coincidentemente fez os mesmos comentário, o que a fez julgar o ocorrido como verdade.

Quero deixar claro que o vídeo foi postado unicamente em um grupo de Whatsapp da família, tanto que no início do vídeo ela chama a atenção de um certo Hernandes, sendo este irmão da minha cliente.

Com o vazamento do vídeo do grupo da família, ele chegou a ser compartilhado em um canal de Youtube, colaborando assim pela propagação.Desconhecemos a forma como o vídeo ganhou notoriedade nas redes sociais e nos demais veículos de comunicação.

Valdete reconhece humildemente o erro e pede perdão ao Município de Belo Horizonte e seu Ilustre Prefeito e a todos quantos foram atingidos negativamente por este equívoco que cometeu.

Gostaria ainda de frisar que minha cliente já se apresentou na Delegacia de Polícia Civil da cidade de Jacutinga/MG na data de 04/05/2020, onde fora lavrado a ocorrência, e deixado registrado o incidente, contribuindo com a justiça e para que essa seja promovida.

Me coloco à disposição, Dr. Alexsander Ribeio – OAB/SP 343.210.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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