O cientista Neil Ferguson, que propôs ao governo britânico o estabelecimento do “lockdown” para conter os efeitos da pandemia de Covid-19, pediu demissão do comitê que assessora o governo após um jornal revelar que ele “furou a quarentena” para encontrar a amante.
Ferguson é epidemiologista e trabalhava como consultor científico para o governo do Reino Unido há 20 anos. Ele ficou conhecido recentemente por convencer o premiê Boris Johnson a adotar medidas mais restritas de confinamento para combater o coronavírus no país.
Nessa terça-feira (5), o jornal britânico The Telegraph revelou que a amante do cientista, Antonia Staats, o visitou na casa dele depois do dia 23 de março, quando foram estabelecidas as medidas de isolamento social. A mulher, de 38 anos, é casada e vive com o marido e com filhos.
Segundo a publicação, ela teria atravessado a cidade de Londres pelo menos duas vezes para visitar o amante, apelidado pela população de “Professor Lockdown”. Ferguson havia acabado de completar as duas semanas de isolamento após testar positivo para o coronavírus.
O cientista é conhecido pelo estudo que liderou na Imperial College London, que previa a morte de meio milhão de britânicos caso as medidas de distanciamento social não fossem aplicadas no país. Até então, o recomendado pelo governo era que apenas pessoas que testassem positivo para o vírus ficassem em casa por sete dias.
Ao Telegraph, o epidemiologista assumiu o erro e comunicou a saída do governo. “Eu confesso que cometi um erro e tomei uma decisão errada. Portanto, eu me retirei do SAGE [Grupo Assessor Científico para Emergências]. Eu agi acreditando que estava imune, após ter testado positivo para coronavírus e me isolado por quase duas semanas depois de desenvolver os sintomas”, explicou.
“Eu lamento profundamente ter diminuído a validade das mensagens claras que envolvem a necessidade contínua de distanciamento social para controlar essa epidemia devastadora”, concluiu Ferguson.
A amante fez a segunda visita no dia 8 de abril, quando, segundo relatos, seu marido estava com sintomas de Covid-19. Ao jornal, ela declarou que mantém um relacionamento aberto com o marido e não acredita que tenha sido hipócrita, já que a casa do cientista é seu “segundo lar”.