Obesidade é o principal fator de risco associado aos jovens que morrem por Covid-19

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Acúmulo de gordura na barriga pode estar ligado a complicações nos pacientes com coronavírus (Pixabay/Reprodução)

Com Faculdade de Medicina da UFMG

A obesidade é uma doença crônica, considerada fator de risco para o desenvolvimento de diversos quadros patológicos. Dentre eles, infarto, hipertensão e diabetes são os mais conhecidos por sua relação direta. Agora, com o novo coronavírus, ela também é um dos principais fatores para o agravamento da covid-19. Mas, o destaque é que o número de óbitos alerta sobre o perigo dessas comorbidades principalmente ao grupo com menos de 60 anos de idade, que não são considerados “grupo de risco”.

De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o novo coronavírus, do número de óbitos de todos os grupos de risco (com cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença neurológica ou renal), a maioria era indivíduos idosos (60 anos ou mais), exceto quando a comorbidade associada era a obesidade. Mais da metade das pessoas obesas que morreram devido à covid-19 tinha menos de 60 anos. No entanto não é possível saber uma média de idade do grupo.

Óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 faixa etária (A) e grupos de risco (B) (Ministério da Saúde/Reprodução)

O dado é um sinal de alerta para o país, já que a obesidade teve um aumento expressivo nos últimos anos. De acordo com o Ministério da Saúde, o número de pessoas obesas no Brasil cresceu cerca de 68% no período de 2006 a 2018. 

Por que a obesidade é um fator de risco?

Para uma pessoa ser considerada obesa, o critério mais utilizado é o índice de massa corpórea (IMC). O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Josemar de Almeida explica o cálculo: divide-se a massa (em quilogramas) do indivíduo pelo valor da altura (em metros) ao quadrado. Caso o resultado seja maior ou igual a 30 Kg/m2, considera-se o indivíduo obeso.

No entanto, outro critério utilizado é a medida da circunferência abdominal. De acordo com Josemar, se ultrapassar 88 cm, no caso das mulheres, e 102 cm nos homens, a pessoa pode ser considerada obesa, mesmo que o IMC seja menor que 30 Kg/m2.

Faculdade de Medicina da UFMG/Reprodução

As causas para a doença são variadas, no entanto a mais comum é a origem genética. Segundo Josemar, mais de um terço dos pacientes tem a condição ligada à história familiar. Outros fatores apontados pelo professor são outras doenças, incluindo as psiquiátricas, o uso de alguns medicamentos e os hábitos de vida.

O professor também explica o porquê de o acúmulo de gordura ser um possível fator de agravamento de doenças. No caso do novo coronavírus, ele lembra que o risco aumentado pela obesidade não é para ser infectado, mas de ter complicações se isso acontecer, podendo precisar de internação, inclusive em CTI, e precisar de respiração ou ventilação mecânica.

“A obesidade é uma doença crônica que está associada ao risco e o desenvolvimento de várias doenças, piorando essas doenças em si. Numa infecção qualquer, inclusive a infecção pelo coronavírus, o indivíduo mesmo que não seja idoso, A obesidade teve um índice maior de internações, inclusive no CTI. O tecido gorduroso quando está na circunferência abdominal é altamente inflamatório, que muito provavelmente contribui para o agravamento dos casos do coronavírus.

Obesidade e quarentena 

“Com a família toda em casa e a falta de lazer, acabam recorrendo ao excesso de comida como uma compensação. É realmente difícil manter o peso, mas é importante a disciplina”, reconhece o especialista. Uma medida para evitar isso é não ter essas opções de “comfort food” em casa, facilitando as “tentações”.

Há o lado em que pessoas comem mais do que precisam e há aqueles em que se preocupam tanto em não engordar ou perder os quilos indesejados que recorrem às dietas rigorosas, de emagrecimento rápido. Segundo o professor, os dois têm risco, já que a perda de peso, por si só, não condiciona a melhora na saúde do indivíduo.

Dieta balanceada, seguindo uma rotina de alimentação adequada, disciplina e mastigação correta é o ideal para quem tem o objetivo de emagrecer e ter saúde, de acordo com Josemar, que alerta sobre os anúncios de medicamentos e alimentos milagrosos.

“Lógico que todo mundo gostaria de uma solução mágica, mais rápida. Mas essa solução da obesidade não é assim, nem mesmo na situação mais grave e mais complexa que é a cirurgia bariátrica. Essa também é cheia de complicações, problemas e riscos. Não há solução mágica”, afirma.

Durante a pandemia, deve-se sair de casa apenas para o essencial, como ir a farmácias e supermercados (desde que usando máscara). Isso significa que as compras também tiveram impacto e é necessário planejar melhor o que colocar no carrinho. 

Faculdade de Medicina da UFMG/Reprodução

Não é só comida

A profissional de Educação Física e mestre em Ciências do Esporte pela UFMG, Patrícia Gomes, lembra que, além da alimentação, a prática regular de exercícios físicos é essencial para manter a saúde. Por isso, ela dá dicas de como exercita-se e incluir o hábito na quarentena. 

“Para manutenção da força muscular de quem já tinha o hábito, exercícios com o próprio peso corporal são ótimas opções, já que não são necessários equipamentos para a execução. Quando se tem crianças em casa, explorar diferentes ambientes do lar, através de brincadeiras que utilizam como base movimentos corporais (como pega-pega), pode se transformar em divertidas sessões de exercício aeróbico”, indica Patrícia.

A quem deseja emagrecer, ela recomenda os exercícios aeróbicos. Caminhada pela casa ou quintal, por exemplo, é uma ótima forma de atividade física nesse período da quarentena. Quem não tem espaço dentro de casa, outras opção é andar pelo estacionamento do prédio ou em um quarteirão vazio, desde que siga as recomendações de proteção à covid-19, como o uso de máscaras, manter distância de outras pessoas, lavar as mãos ao chegar e não entrar com os sapatos dentro de casa. 

A dança também é uma opção de exercício aeróbico que chama a atenção já que une a diversão. Vídeos na internet ensinam coreografias que podem ser executadas mesmo na sala e há as famosas “lives dos artistas” nesse período que entretêm e incentivam a movimentar o corpo. 

Faculdade de Medicina da UFMG/Reprodução

No entanto, é preciso ter cuidado com alguns exercícios, pois, principalmente pessoas obesas e sedentárias podem sofrer lesões musculares e nas articulações. “Muitos desses exercícios, como são confinados em espaços físicos pequenos tem uma distribuição de impacto muito grande nas articulações. Então, muito cuidado nos exercícios que tem alto impacto, naquelas pessoas que tem mais peso”, explica Josemar de Almeida.

Patrícia Gomes ainda reforça os cuidados: “Ao realizar exercícios em casa, essas pessoas devem estar atentas a dores e desconfortos durante as atividades. Uma vez que a obesidade é uma doença multifatorial e está associada a doenças cardiorrespiratórias, o cuidado deve ser redobrado. Caso sintam sintomas como dores no peito, falta de ar, palpitações ou suor frio, a atividade deve ser imediatamente suspensa”.

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