Um estudo divulgado nesta sexta-feira (8), do Grupo de Resposta a Covid-19 do Imperial College de Londres, mostra que pelo menos 4,2 milhões de pessoas já estão infectadas pela doença no Brasil. O estudo mostra que cerca de 3,3% da população da cidade de São Paulo e 10,6% dos residentes do Amazonas já contraíram o novo coronavírus. O estudo leva em conta 16 Estados mais afetados até o momento.
A pesquisa avaliou o modo como deve estar a taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil. Segundo o estudo, o isolamento social foi capaz de reduzir em 54% o número de reprodução da doença, contudo, a taxa ainda está ativa.
Ao Estadão, o médico Ricardo Schnekenberg, doutorando da Universidade de Oxford, explica o resultado. “Apesar de medidas tomadas até agora terem reduzido o número de reprodução, os dados sugerem que a epidemia continua em aumento exponencial em todos os 16 Estados brasileiros analisados”.
O estudo aponta que o número de reprodução mais alto é visto no Pará, que chega a 1,90. Por lá, os pesquisadores estimam que 5,05% da população já foi infectada pela doença. Belém iniciou, nessa quinta-feira (7), o lockdown da cidade, para tentar frear a pandemia.
“Condicional aos padrões de mobilidade observados até o momento no Brasil, concluímos que a transmissão do vírus SARS-CoV-2 ainda não está sob controle. Se esse padrão for mantido, é esperado um colapso no sistema de saúde de alguns Estados”, disse o estatístico brasileiro Henrique Hoeltgebaum.
Descontrolado
A taxa de transmissão é superior a 1 em todos os Estados brasileiros, o que indica que a epidemia ainda não foi controlada. O estudo ainda lembra que a distribuição da Covid-19 é altamente heterogênea no país.
São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Amazonas são responsáveis por 81% dos óbitos registrados no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, até essa quinta-feira (7), 9.146 pessoas já morreram e outras 135 mil já foram infectadas com a doença.
“Essas tendências estão em forte contraste com outras grandes epidemias de Covid-19 na Europa e na Ásia, onde bloqueios forçados levaram com sucesso o número de reprodução para abaixo de 1. Embora a epidemia brasileira ainda seja relativamente incipiente em escala nacional, nossos resultados sugerem que ações adicionais são necessárias para limitar a propagação e impedir a sobrecarga do sistema de saúde”, dizem os autores.