Em meio a uma pandemia que já causou mais de 11 mil mortes no Brasil, uma cena repercutiu nas redes sociais por evidenciar insensibilidade ao sofrimento alheio. Em um restaurante em Gramado, no Rio Grande do Sul, garçons apareceram segurando baldes com garrafas de espumante e dançando, como no “meme do caixão”.
No vídeo, gravado no sábado (9), o restaurante Divino Gastronomia aparece lotado de pessoas sem máscaras, contrariando as recomendações da saúde. Os garçons, de máscaras, dançam ao som da música que viralizou com o meme e um cliente aparece na frente, “guiando” os funcionários enquanto dança.
Isso aconteceu sábado em Gramado, serra gaúcha. Com mais de 10 mil mortes no país por corona virus. A humanidade realmente não deu certo! pic.twitter.com/WlRTZNOCkZ
— Mauro Borba (@mauropoprock) May 11, 2020
As imagens causaram indignação nas redes sociais: o Brasil já registra mais de 168 mil casos confirmados de Covid-19 e milhares de famílias estão sofrendo com as perdas causadas pela doença.
“É preciso expor e escancarar quem zomba do sofrimento alheio e do sacrifício que muitos estão fazendo na reclusão para que se contenha a epidemia”, escreveu no Twitter o jornalista gaúcho Alexandre Aguiar.
Até esta terça-feira (12), o Rio Grande do Sul contabiliza 2.542 casos confirmados de Covid-19 e 97 mortes pela doença. Em Gramado, segundo a prefeitura da cidade, são 2 casos confirmados e 3 casos suspeitos.
Existem pessoas doentes e existem pessoas q são más. Essas são abjetas, asquerosas!! #nojo
— Lótus ???? (@Lotus_luzpureza) May 11, 2020
DIVINO é o nome do restaurante que além do absurdo que vimos no vídeo deveria estar fechado por consciência coletiva em meio a uma pandemia. Deveria ser absolutamente boicotado. Porém, quem sabe frequenta a gente já sabe quem são. E não estão nem aí.
— Eli Bustamante ?#LulaLivre #LulaLibre ? (@BeteBustamante) May 11, 2020
Que vergonha @cidadedegramado
— luciana (@vindademacondo) May 11, 2020
Que mal de difícil reparação que essa cidade turística está se destacando hj
Zombando da dor de mais de 10 mil familias no Brasil. Outras milhares no mundo.
Vergonha de vcs!
‘Falha operacional’
O vídeo repercutiu na internet e, indignados, vários internautas protestaram contra o restaurante e deixaram avaliações negativas nas páginas do estabelecimento. O diretor do Divino Gastronomia, Valdemir Ecker, publicou uma nota oficial no perfil do restaurante.
“Não compactuamos com esta atitude totalmente descabida para o momento em que vivemos, em meio à pandemia de Covid-19”, escreveu o diretor no Instagram, lamentando o ocorrido.
Segundo Ecker, o episódio “só ocorreu por uma falha operacional”, pois foi no momento em que o gerente do restaurante saiu para comprar um produto que estava faltando. “Se aproveitando do momento, um dos integrantes da mesa foi até o DJ e pediu a referida trilha musical, além de ter encomendado a coreografia aos garçons”, explicou.
O diretor do restaurante pediu desculpas aos clientes e a toda a sociedade, e afirmou que está tomando as providências para que episódios como este não ocorram novamente.
Fiscalização da prefeitura
A Prefeitura de Gramado publicou uma nota afirmando que, assim que a administração da cidade tomou conhecimento sobre o vídeo, a fiscalização foi até o restaurante e orientou o proprietário a interromper a música.
“A fiscalização da Prefeitura de Gramado esteve no local e orientou o proprietário a interromper o uso de som, considerando que o volume e o estilo (revelados no vídeo postado em redes sociais) afrontavam o momento de apreensão e tristeza que a sociedade vive por conta da epidemia de coronavírus”, diz o comunicado.
A cidade segue o “Modelo de Distanciamento Controlado do Rio Grande do Sul”, criado pelo governo do Estado, que consiste em um “sistema de bandeiras, com protocolos obrigatórios e critérios específicos a serem seguidos pelos diferentes setores econômicos”.
O Rio Grande do Sul foi dividido em 20 regiões, que são analisadas considerando a velocidade de propagação da Covid-19 e a capacidade de atendimento do sistema de saúde. No total, 11 indicadores (como número de novos casos, óbitos e leitos de UTI disponíveis, dentre outros) determinam a classificação das bandeiras da região.
Conforme o grau de risco em saúde, cada região recebe uma bandeira nas cores amarela, laranja, vermelha ou preta. O monitoramento é semanal, e a divulgação das bandeiras ocorre aos sábados, com validade a partir da segunda-feira seguinte. Os protocolos obrigatórios devem ser respeitados em todas as bandeiras. Além disso, cada setor econômico tem critérios específicos que variam de acordo com a bandeira.