A escalada de violência contra profissionais da imprensa e à democracia ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (14). Ameaças de morte direcionadas a jornalistas foram pichadas em um tapume na esquina das avenidas Alfredo Balena e Francisco Sales, na região hospitalar de Belo Horizonte. “Jornalista bom é morto” e “mate um jornalista por dia” são alguns dos dizeres.
Ainda na manhã desta quinta, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Alessandra Mello, se deslocou até o local para registrar as pichações e registrar um boletim de ocorrência.
Segundo a presidente, a ação criminosa faz parte de uma onda de ódio que tem ganhado força no país. “Isso é um completo absurdo. É o reflexo do que estamos vivendo na sociedade, uma escalada de violência contra jornalistas estimulada pelo presidente e seus seguidores, que atacam profissionais e descredibiliza a imprensa. Se continuar assim, uma hora, alguma coisa grave vai acabar acontecendo”, afirma Alessandra.
Pelas redes sociais, integrantes do sindicato disseram que vão denunciar o crime e grafitar uma arte no local como resposta aos ataques.
Procurada, a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte disse que ainda não havia sido acionada para a ocorrência. No entanto, via assessoria de comunicação, o órgão repudiou a ação.
“Manifestamos toda a solidariedade aos jornalistas de Minas. Informamos que há algum tempo, quando começaram a surgir ameaça contra jornalistas em nossos briefings diários, nós orientamos nossos agentes para ter um cuidado especial com profissionais de imprensa para evitar ameaças e agressões. Quanto à pichação, vamos entrar em contato com a Polícia Civil e tentar identificar imagens para identificar os autores das ameaças. Manifestamos, como instituição, total apoio a imprensa e aos profissionais”, disse a assessoria da Guarda.
Quem também repudiou a ação foi o porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, o major Flávio Santiago, que disse que a corporação estará empenhada em prender os autores das ameaças.
“Repudiamos qualquer tipo de pichação, bem como ameaças a democracia e a quaisquer profissões que desempenham suas funções com ética e responsabilidade. Estaremos atentos para efetuar as prisões de quem estejam cometendo esses crimes”, afirmou.
O BHAZ também entrou em contato com a PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais), que repudiou os ataques e reforçou a necessidade de denunciar o caso.
“A PCMG recebeu as imagens das pichações e informa que repudia toda e qualquer forma de ameaça contra à pessoa e contra a democracia. Ameaçar jornalistas é atentar contra a democracia. A PCMG esclarece que atua constantemente no combate à pichação. Desde o ano passado, quando foi implementada a Operação Muro Limpo, diversos mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Integrantes de associações criminosas foram presos. A PCMG continua realizando investigações para coibir este tipo de delito. É importante que seja feito o boletim de ocorrência e, também, que as pessoas denunciem no 181, caso tenham alguma informação sobre o fato”, disse a corporação.
Ataques
Ataques aos jornalistas e profissionais da imprensa têm se tornado cada vez mais comuns, vindos do pessoas que interrompem reportagens, gritam e agridem repórteres, até mesmo do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), que já chegou a desferir ofensas e mandar jornalistas calarem a boca.
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