Nelson Teich não explica motivação para deixar ministério, cita Bolsonaro e diz: ‘Escolhi sair’

Ministro saiu antes de completar um mês no cargo
Ministro saiu antes de completar um mês no cargo (Júlio Nascimento/PR)

O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, fez um pronunciamento na tarde desta sexta-feira (15) após anunciar ter deixado a pasta. O médico afirmou que a vida é feita de escolhas e que ele escolheu sair do cargo. Apesar disso, não deu detalhes a respeito do que o motivou a abandonar o governo.

No pronunciamento, de menos de 10 minutos, Teich disse que não aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “pelo cargo”. “Eu aceitei por que achava que poderia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas”, disse.

“A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhi sair […] Não é uma coisa simples estar a frente de um ministério como esse em um período tão difícil. Agradeço ao meu time que sempre esteve ao meu lado. É um trabalho de um grande time”, afirmou em outro momento.

O ex-ministro agradeceu a equipe que trabalhou junto com ele neste período e afirmou que deixa um plano de enfrentamento à Covid-19.

“Deixo um plano de trabalho para auxiliar secretários estaduais e municipais, além de prefeitos e governadores para entenderem o que está acontecendo e os próximos passos”.

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Teich citou Bolsonaro uma única vez, mas não chegou a explicar o que motivou a saída dele do ministério. Ele também não disse nada sobre a cloroquina, medicamento defendido pelo presidente no tratamento da doença, mas que não possui recomendação de especialistas.

Os profissionais da saúde também foram lembrados pelo ex-ministro. “Agradeço aos profissionais da saúde. Quando você vai na ponta e vê o dia a dia deles se impressiona. A dedicação das pessoas, correndo risco ao lado das pessoas, é espetacular”.

Ao final do discurso ele foi aplaudido e concluiu: “É uma honra estar aqui com todas estas pessoas”.

Divergências

A principal divergência entre o posicionamento do então ministro e do presidente seria em relação ao uso da hidroxicloroquina no tratamento para a doença. Enquanto Bolsonaro quer mudar o protocolo do SUS (Sistema Único de Saúde) para o uso do medicamento, permitindo o uso desde o início do tratamento, Teich defendia que o uso continuasse recomendado apenas para cargos graves.

Nessa quinta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou Teich de ir contra a sua posição e disse que a decisão cabe unicamente a ele. “Votaram em mim para eu decidir, essa decisão passa por mim. Acredito no trabalho dele, mas essa questão eu vou resolver”, disse Bolsonaro”, disse.

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O presidente e o então ministro também discordam quanto ao isolamento social, defendido por Teich e menosprezado por Jair Bolsonaro. Nelson Teich foi pego de surpresa em plena coletiva de imprensa quando soube do decreto, assinado pelo presidente, que incluiu salões de beleza, barbearia e academias de ginástica como atividades essenciais.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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