UFMG manteve e ampliou assistência estudantil durante a pandemia da Covid-19

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Estudantes da UFMG em dia de registro acadêmico: assistência expandida (Foca Lisboa / UFMG)

Da UFMG

Com a suspensão das atividades presenciais nos campi e nas unidades da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em Belo Horizonte e Montes Claros, como medida de proteção e combate à disseminação do coronavírus, mais de 32 mil estudantes estão fora das salas de aula, dos laboratórios de pesquisa, das quadras esportivas, das bibliotecas e dos restaurantes universitários.

Para apoiá-los nesse momento de isolamento social, a UFMG lançou mão de uma série de medidas. A primeira delas, no dia 18 de março, foi a instituição do Comitê Permanente de Acompanhamento de Estudantes, coordenado pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).

A instância reúne a Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão (CPAAI), o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), a Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Associação de Moradores da Moradia Universitária (AMMU) e o Movimento Universitário de Inclusão (Mudi). O Comitê tem-se reunido semanalmente para discutir e dar encaminhamento a questões relacionadas ao acompanhamento de estudantes da UFMG.

“Também de forma imediata, a UFMG assumiu com os estudantes assistidos o compromisso de manter integralmente a sua política de assistência estudantil e de ações afirmativas, com todos os seus auxílios, o que vem sendo cumprido. Essa política ganhou aportes adicionais, como acolhimento psicológico, auxílios financeiros complementares e fomento à criação cultural”, resume o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Tarcísio Mauro Vago.

Elaborada e coordenada pela Prae e executada pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), a política de assistência estudantil da UFMG oferece apoio aos estudantes, que inclui acesso à moradia e à alimentação, atendimento médico, odontológico e psicológico e suporte para a realização de atividades didáticas. Cerca de 10 mil estudantes da graduação, pós-graduação, extensão e educação básica (Centro Pedagógico, Colégio Técnico e Teatro Universitário) recebem algum tipo de assistência da Universidade.

“A manutenção integral da política de assistência é prioridade para a Administração Central. A ela somaram-se medidas complementares para garantia das condições básicas dos estudantes assistidos e atenção especial a estudantes indígenas, quilombolas e com deficiência”, afirma o pró-reitor.

Repasses complementares

Nesse período, três repasses complementares foram destinados aos estudantes assistidos. O primeiro, no valor de R$ 200, foi liberado ainda em março, logo nos primeiros dias de distanciamento social como ajuda para alimentação ou retorno às suas cidades de origem. Nos meses de abril e maio, o Comitê Permanente para Acompanhamento de Estudantes aprovou mais dois auxílios financeiros complementares específicos para garantia da alimentação – antes oferecida nos restaurantes universitários, que foram fechados por exigência sanitária em razão da pandemia.

Outras ações ganharam corpo nas últimas semanas, como uma iniciativa da Fump (presidida pela professora Sandra Bianchet), em parceria com os fornecedores de alimentos dos restaurantes universitários, que está garantindo cestas de alimentos não perecíveis e hortifrutigranjeiros para 50 intercambistas estrangeiros do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), mantido pelo Ministério das Relações Exteriores.

Além disso, a UFMG, por meio de projeto proposto em janeiro, estabeleceu uma parceria com o Ministério Público do Trabalho, que vai destinar R$ 11,2 milhões para estudantes assistidos, respeitando-se critérios específicos definidos pela Universidade. Todos receberão, durante 12 meses, bolsas de R$ 400 mensais. Os recursos são provenientes de multas pagas pela Vale em decorrência dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro do ano passado.

Acolhimento

O acolhimento psicológico aos estudantes afetados pelo isolamento social foi outra frente abraçada pela UFMG. Ele é coordenado pela Rede de Saúde Mental e Comissão Permanente de Saúde Mental da UFMG, com base nas diretrizes de cuidados especiais formuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para os tempos de pandemia e nos protocolos estabelecidos no Guia de Intervenção Humanitária (MhGAP), também da OMS.

Esse apoio beneficia 280 estudantes e professores em programas de mobilidade no exterior. Segundo o diretor de Relações Internacionais, Aziz Tuffi Saliba, os intercambistas vivenciaram distintas situações e contaram também com gestões da UFMG junto ao Ministério das Relações Exteriores para retornarem ao Brasil. Para os estudantes internacionais na UFMG, o acolhimento psicológico inclui dicas culturais e de entretenimento.

O acolhimento a distância foi estendido a toda a comunidade acadêmica e aos alunos da rede de cursinhos pré-universitários da UFMG. Por meio de parceria com Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), a equipe conta também com um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que, via Skype, tornou o serviço acessível também a servidores e alunos surdos.

Segundo a diretora do NAI, Rosana Passos, o núcleo também está divulgando no Instagram a tradução em libras de perguntas e informações sobre a Covid-19, divulgadas em boletins diários da Faculdade de Medicina e da Escola de Enfermagem da UFMG. A equipe deu início ainda à tradução de spots sobre o tema produzidos pelo programa de rádio Saúde com Ciência, da Faculdade de Medicina.

Indigênas e quilombolas

Os 160 estudantes indígenas e 20 quilombolas matriculados na UFMG são acompanhados pelo Comitê de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei) da Faculdade de Educação.

Segundo a professora do curso e integrante da coordenação de Ações Afirmativas da Universidade, Shirley Miranda, as ações, com foco no relacionamento com as comunidades, devem resultar em um diagnóstico sobre questões relacionadas a barreiras sanitárias, atendimento básico à saúde e infraestrutura de acesso à internet e telefonia. “São realidades muito distintas e desafiadoras que, pela primeira vez, estão sendo mapeadas nessa amplitude. Por isso, todas as propostas são compartilhadas com entidades como Funai e Ministério Público”, observa Shirley.

Estudantes indígenas são acompanhados por comitê da Faculdade de Educação (Foca Lisboa / UFMG)

Cultura e ‘belezuras’

A professora cita como desafio a singularidade dos povos Maxakali, na Região Nordeste de Minas, que mantêm um comitê próprio para enfrentamento da Covid-19, com representação da UFMG, e Krenak, que possuem língua própria.O Programa de Fomento Cultural, formulado pela Diretoria de Ação Cultural (DAC) em parceria estabelecida com a Prae, financiará 30 projetos culturais de estudantes sobre as implicações da pandemia na cultura, destinando-lhes bolsas de R$ 900. Cerca de 20% das bolsas estão reservadas a propostas que contribuírem com a política de ações afirmativas da UFMG. Os trabalhos selecionados poderão ser realizados de maio a outubro deste ano. O programa recebeu 531 propostas.

Também no campo da cultura, foi criado, por iniciativa do pró-reitor Tarcísio Vago, o Movimento Belimbeleza UFMG, com o objetivo de propor a doação de músicas, poesias, dança, literatura, fotografias, vídeos, shows e outras “belezuras” à comunidade universitária para aliviar a travessia desse período. Segundo o pró-reitor, o movimento foi inspirado no neologismo “Belimbeleza”, criado pelo escritor Guimarães Rosa, e “na importância de colocar-se no lugar do outro – “outrar-se”. As manifestações são veiculadas pelo aplicativo WhatsApp  e por spots na programação da Rádio UFMG Educativa.

Para o professor, a experiência da quarentena, que levou a equipe da Prae a se reorganizar em atividades remotas, com respostas rápidas e compartilhadas, traz também a necessidade de reflexão sobre o quanto é necessária a construção de relações sociais mais fraternas, pautadas na solidariedade e nas trocas humanas, em oposição à priorização da economia. “Espero muito poder afirmar que Nelson Rodrigues estava enganado quando disse que a humanidade não deu certo”, conclui Tarcísio Mauro Vago.

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