‘Não se trata da minha opinião. É ciência, p**’, diz Kalil sobre combate à pandemia em BH

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O prefeito criticou as atitudes do governador de Minas Gerais e do presidente no combate à pandemia (Amanda Dias/BHAZ)

Com uma das menores taxas de incidência da Covid-19 entre as capitais do Brasil, Belo Horizonte é citada como exemplo no combate à pandemia. Mas, para o prefeito Alexandre Kalil (PSD), apesar dos bons resultados, o cenário geral ainda não é otimista.

“Não vamos sair melhores dessa situação. Ninguém se comove em ver corpo jogado em vala. Quase mil famílias perdendo gente por dia e ainda tem sujeito preocupado em abrir comércio”, declarou, em entrevista ao El País Brasil, nesse domingo (17).

Na entrevista, o prefeito elogiou o isolamento social praticado na capital mineira e explicou que a decisão de não flexibilizar as medidas vem da ciência. “Na pandemia, a palavra final é dos cientistas. O que eles mandam fazer, eu faço. Como não sou médico nem infectologista, sigo a cartilha e apenas entrego o dinheiro para executarem a parte social e de saúde”, contou.

Preocupação com cidades da RMBH

Apesar dos bons índices em Belo Horizonte, a preocupação de Kalil é a região metropolitana na capital. O prefeito teme que pacientes de cidades como Nova Lima, que flexibilizou as medidas de isolamento social e está reabrindo o comércio, sobrecarreguem o sistema de saúde da capital.

“Não adianta a prefeitura tomar precauções, fechar lojas e o escambau, e juiz depois mandar abrir. Precisam entender que não se trata da minha opinião. É ciência, p**”, declarou ao El País Brasil. O prefeito também criticou a abordagem do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia.

“[Bolsonaro] politizou a coisa. Fica parecendo que quem não quer morrer é comunista. E quem quer morrer, mas protesta em caminhonete cabine dupla, é de direita. Enquanto isso, a gente vê cidade que não tem um respirador sequer abrindo o comércio”, disse.

Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) desse domingo (18), Belo Horizonte tem 1129 casos confirmados de Covid-19 e já registrou 31 mortes pela doença. Em Minas Gerais, são 4611 casos e 156 óbitos.

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Aclamado e criticado

Nas redes sociais, as atitudes de Kalil no combate à pandemia dividem opiniões. Enquanto alguns defendem a manutenção do isolamento social e as medidas de restrição ao comércio, outros pedem a flexibilização das medidas na capital.

“Melhor prefeito do país! Está dando show em muitos prefeitos, governadores e o idiota do presidente!”, escreveu um usuário no Twitter. Em resposta, outro rebateu: “Está causando desgraça em nossa BH com esta intransigência, muitos já perderam o seu ganha pão, sustento de famílias inteiras por conta de sua teimosia. Torço para que mude de ideia logo e assim como no restante do estado libere o funcionamento de comércios tomando cuidados”.

Mais uma carreata foi feita em Belo Horizonte nesse domingo (17), em que apoiadores de Jair Bolsonaro pediam a reabertura do comércio e manifestavam contra o prefeito Alexandre Kalil. Em um vídeo, uma manifestante declara: “Fora Kalixo, que é o nosso prefeito ditador perverso, que tá fazendo coisas absurdas contra os belo-horizontinos”.

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Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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