O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), afirmou, nesta segunda-feira (18), que o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 será determinado pelo Comitê de Enfrentamento à Epidemia.
O medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apesar do maior estudo sobre o assunto, conduzido nos EUA, mostrar que não há eficácia do remédio contra a doença.
Perguntado sobre o possível decreto do governo federal autorizando o uso da cloroquina em todos os pacientes com Covid-19, Kalil reforçou a autonomia dos municípios para decidir sobre o tema.
“O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que quem decide critérios sobre o uso de qualquer coisa é o município. Quem define o uso em Belo Horizonte é este grupo, então não tem decreto nenhum que vai fugir dos protocolos que já foi feito”, disse.
O chefe do Executivo municipal afirmou que não vai negar o medicamento na cidade, pois um dia ele mesmo pode necessitar.
“O uso da cloroquina em Belo Horizonte é feito pelo doutor Jackson [Pinto, secretário de Saúde], Carlos [Starling, infectologista], Unaí [Tupinambás, infectologista] e Estêvão [Urbano, infectologista]. Eles aplicam e orientam a secretaria de Saúde do jeito que acharem melhor, pois a responsabilidade é da ciência. Eu não acho nada, pois posso precisar usar uma hora”.
Todos os infectologistas citados por Kalil integram o grupo responsável por guiar as políticas públicas de BH contra a Covid-19.
Cloroquina
Uma das drogas testadas no mundo para tentar combater a Covid-19, a cloroquina ultrapassou o debate médico e virou questão política no Brasil após o presidente Jair Bolsonaro começar a defender o produto como esperança de cura.
Discordâncias sobre a recomendação do uso mais amplo do remédio pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ajudaram a derrubar os ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich.
No fim do mês passado, o CFM (Conselho Federal de Medicina) reforçou, após analisar extensa literatura científica, que não há evidências sólidas de que essas drogas tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento da Covid-19.
“Porém, diante da excepcionalidade da situação e durante o período declarado da pandemia de Covid-19, o CFM entende ser possível a prescrição desses medicamentos em três situações específicas”, diz trecho de publicação do conselho (leia na íntegra aqui).