Vai flexibilizar! Saiba detalhes da reabertura gradual do comércio de BH, que será anunciada por Kalil

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Kalil já tem definida a estratégia de flexibilização do comércio em BH (Amanda Dias/BHAZ)

A PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) planeja anunciar no início da tarde da próxima sexta-feira (22), por meio do prefeito Alexandre Kalil (PSD), a reabertura de parte do comércio da capital. A medida tem sido chamada por especialistas de “flexibilização intermitente” e funcionará como uma gangorra: caso os números de contaminação da capital melhorem, a flexibilização aumenta; se piorar, fecha tudo novamente.

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A medida de flexibilização foi adiantada em reunião com secretários da PBH, a presidente da Câmara Municipal, Nely Aquino, e representantes dos empresários e lojistas da capital, realizada nessa terça-feira (19). O BHAZ teve acesso a detalhes da estratégia que será adotada pela administração municipal.

De acordo com interlocutores que estiveram no encontro, toda sexta-feira, a prefeitura anunciará os setores que poderão reabrir na segunda-feira seguinte. Ou seja, nesta sexta (22), Kalil vai anunciar os comércios que reabrirão na próxima segunda (25).

O prazo de cada anúncio seria quinzenal, no entanto, após discussão com os setores, as mudanças passaram a ser semanais. A reunião, no entanto, não definiu quais serão os primeiros setores a reabrirem as portas. O martelo sobre a questão será batido somente na sexta.

Termômetro

A flexibilização vai depender do termômetro criado para monitorar o número de casos na cidade e a ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). De acordo com especialistas que compõem o comitê de enfrentamento à epidemia criado pela PBH, os dados atuais descartam a possibilidade de um lockdown.

De acordo com o termômetro divulgado pela PBH na última sexta (15), o nível de alerta na capital é amarelo.

“O indicador de transmissão Rt indica que a epidemia está em expansão mas a taxa de ocupação dos leitos ainda está dentro de limites aceitáveis. Para o nível de transmissão apurado (1,09) é esperado que a ocupação destes leitos suba em 14 dias”, diz o texto que acompanha o gráfico.

“Todavia, o indicador de transmissão tem apresentado volatilidade e será importante acompanhar a apuração da próxima semana. O quadro é de atenção, mas ainda não compromete a tendência de abertura do comércio no dia 25”, complementa.

Dados não sustentam lockdown

De acordo com o infectologista Carlos Starling, que faz parte do time de especialistas responsável por determinar a reabertura gradual do comércio de BH, os dados da capital indicam que o momento permite uma flexibilização.

“Nós temos dados favoráveis até esse momento. Menos de 50% dos leitos para Covid-19 estão ocupados e temos uma velocidade de evolução da epidemia que mostra estabilidade. Ainda é uma posição de alerta, mas longe do que acontece no Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo”, afirma.

Questionado se o lockdown está completamente descartado, o especialista explica que não, mas a possibilidade ainda é mínima. “Temos uma situação mais estável e confortável, não dá para relaxar completamente. É um conforto com atenção. Como estamos lidando com um problema de progressão geométrica, hoje pode estar tudo tranquilo e, de repente, amanhã está caótico. O comportamento da população vai mostrar o caminho”, diz.

Em conversa com o BHAZ, Starling confirmou que Kalil vai anunciar a nova medida em BH. “O prefeito deve flexibilizar algumas ações a partir da próxima segunda-feira (25). Essa estratégia de flexibilização intermitente nos permite andar tanto para frente quanto voltar. Vai depender mais da população. A  recomendação continua sendo: ficar em casa, ao sair e retornar e receber qualquer coisa, fazer a higienização, lavar as mãos, usar álcool e manter o distanciamento social”, diz.

Aumento da responsabilidade

O infectologista Unaí Tupinambás, que também participa do comitê de enfrentamento à Covid-19 da administração municipal, a medida vai exigir mais responsabilidade da população e dos empresários, especialmente na adesão ao uso de máscaras e medidas de distanciamento.

“Esse modelo vai exigir mais da população. Vão ter que comprar a ideia, as pessoas vão ter que mudar comportamento. Nós temos visto, principalmente na região Central e Área Hospitalar, que a população aderiu ao uso da máscara. Agora, vamos começar a fazer medições para entender o impacto disso na transmissão.”, diz.

“Com isso, vamos monitorando a cada dia. Se os dados mostrarem uma piora, voltaremos atrás. Esse movimento vai ser feito com todo mundo, é um movimento de gangorra. Portanto, a população precisa entender a responsabilidade dela nesse processo”, acrescenta.

Unaí diz também afirma que o momento permite discutir a flexibilização. “Acho que a gente tomou a medida do isolamento no momento certo, antes de sair de controle. E isso nos trouxe a um equilíbrio frágil e o número de casos tem aumentado de forma branda. Portanto, depois de dois meses de isolamento, com leitos de CTI ainda com folga e a mortalidade baixa, já se consegue flexibilizar um pouco o isolamento, com atividades saindo mais precocemente do que outras”, ressalta.

Unaí não quis dizer quais setores seriam priorizados neste primeiro momento, mas cravou. “Não posso adiantar no momento, prefiro deixar para sexta-feira. Aí sim, teremos uma coisa mais concreta e definida”, disse.

Comércio se prepara

Temendo o retrocesso na flexibilização, o comércio de BH começa a se preparar para adotar medidas de isolamento e cobrar responsabilidade da população.

Nessa terça (19), a CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) iniciou o processo para instalação de mil faixas educativas nos centros comerciais de maior movimento da cidade. As faixas trazem mensagens incentivando o uso de máscara e o distanciamento.

A entidade encaminhou um ofício à PBH solicitando a autorização para afixar as mil faixas na cidade para sensibilizar a população a adotar os procedimentos necessários para combater a disseminação do Coronavírus.

Coronavírus em BH

A capital é a cidade mais afetada pelo novo coronavírus em Minas Gerais. De acordo com boletim divulgado pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde), nesta quarta (20), dos 5,2 mil casos da doença no Estado, cerca de 1,2 mil estão em Belo horizonte. O boletim também mostra que, das 177 mortes em Minas, 35 foram registradas em BH.

Segundo a SMS (Secretaria Municipal de Saúde), a capital tem 1.061 casos recuperados da doença.

Decretos

Desde o dia 18 de março, quando assinou o primeiro decreto, a prefeitura da capital mineira vem tomando medidas mais rígidas para reduzir a circulação de pessoas na capital.

Confira a evolução das medidas:

18 de março

Temendo o avanço da doença na capital, o prefeito assinou no dia 18 de março um decreto através do qual todos os bares, restaurantes e shoppings de BH tiveram o alvará de funcionamento suspensos temporariamente, para evitar aglomeração de pessoas e o avanço da Covid-19.

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A decisão passou a valer a partir do dia a partir do dia 20 de março de 2020, por tempo indeterminado. A medida vale para:

  • Casas de shows e espetáculos de qualquer natureza;
  • Boates, danceterias, salões de dança;
  • Casas de festas e eventos;
  • Feiras, exposições, congressos e seminários;
  • Shoppings centers, centros de comércio e galerias de lojas;
  • Cinemas e teatros;
  • Clubes de serviço e de lazer;
  • Academia, centro de ginástica e estabelecimentos de condicionamento físico;
  • Clínicas de estética e salões de beleza;
  • Parques de diversão e parques temáticos;
  • Bares, restaurantes e lanchonetes.

7 de abril

Com a proximidade da Páscoa, lojas de chocolate começaram a pressionar a prefeitura para a reabertura, expandindo o movimento para outros setores do comércio, que, até então, estavam fechados por conta de um acordo entre os sindicatos dos trabalhadores e patronais. O fim do acordo entre as partes poderia culminar na reabertura de até 50 mil lojas em BH e região.

Temendo o aumento de circulação da capital, no dia 7 de abril, a PBH endureceu as limitações de funcionamento de lojas na capital. Com um novo decreto, a PBH determinou que os estabelecimentos só estavam autorizados a funcionar com restrição de aglomerações e não poderiam permitir que os compradores acessassem às lojas. “Só poderão atender da porta pra fora, sem clientes do lado de dentro”, resumiu o prefeito Alexandre Kalil em publicação no Twitter.

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8 de abril

A medida do dia 7 de abril causou confusão entre os comerciantes que estavam fechados. O entendimento foi de que poderiam reabrir, desde que atendessem os clientes da porta para fora.

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Diante da confusão e da iminência da sensação de volta à normalidade na capital, o prefeito anunciou no dia 8 de abril que todas as lojas não essenciais seriam totalmente fechadas em Belo Horizonte. “É muito sério. Todos os estabelecimentos não essenciais estarão fechados por decreto amanhã. Quem não está entre os serviços essenciais não deve ir trabalhar”, escreveu Kalil em seu Twitter.

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Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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