Em meio à pior crise da história, o Cruzeiro começou, nesta quinta-feira (21), a realizar as eleições para a escolha do novo presidente e do presidente do Conselho Deliberativo do clube. O Ginásio do Barro Preto, em na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi escolhido como local de votação.
Os ânimos dos torcedores que acompanhavam o pleito, do lado de fora, estavam à flor da pele, como já era esperado. Os principais alvos da torcida são Zezé Perrella e Sérgio Nonato, o Serginho. Os dois fizeram parte da gestão do presidente Wagner Pires de Sá.
Um dos momentos mais turbulentos da votação foi a saída de Serginho. Ex-diretor geral do Cruzeiro, ele é, atualmente, investigado pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) e pela Polícia Civil, por irregularidades no clube.
“Serginho vagabundo, desgraçado, filho da puta. Você acabou com o Cruzeiro”, disse um torcedor. O ex-dirigente saiu escoltado pela PM para não ser agredido.
Um dos torcedores que xingavam Serginho e dizia que ele ia “morrer” recebeu um chute por parte de um policial. “Pra que você está me chutando?”, perguntou. “Some daqui”, respondeu o militar. O BHAZ conversou com o major Flávio Santiago, porta-voz da corporação, a respeito da atuação policial na eleição (confira ao fim do texto).
Dia de eleição no Cruzeiro. Pelas imagens, o ambiente está calmo em Belo Horizonte…?… Vive um drama o “Barcelona das Américas”(kkkkkk)… Eu avisei que a conta iria chegar. Eu avisei… pic.twitter.com/IOgtmlfDwC
— Doente pelo Flamengo (@Doente_pelo_Fla) May 21, 2020
Cuspe em Perrella
Zezé Perrella também foi hostilizado por torcedores, tanto na entrada, quanto na saída. No final de 2019, ele passou a ocupar o cargo de gestor de futebol depois que Itair Machado, vice-presidente de futebol, foi demitido.
Na entrada do Ginásio, por pouco Perrella não foi atingido por uma lata de cerveja jogada por um torcedor. “Ei Perrella, vai tomar no c*”, gritavam.
Assim que terminou de votar, o ex-dirigente deixou o ginásio por outra saída. Ainda assim, continuou sendo alvo de críticas e levou uma cusparada.
O clima de guerra no Cruzeiro.
— Tiro de Canto (@TiroDiCanto) May 21, 2020
No dia da eleição do novo presidente do clube, torcedores marcaram presença para protestar contra os principais nomes responsáveis pela crise institucional, entre eles Zezé Perrella, ex-mandatário do time.
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Pedrinho aclamado
Desde que os escândalos da gestão de Wagner Pires foram descobertos, o torcedor do Cruzeiro encontrou em Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH, esperança em dias melhores.
O empresário chegou a integrar o Núcleo Transitório que assumiu o clube, mas saiu prometendo continuar ajudando o time. Ao chegar para a votação, Pedrinho foi bastante aclamado pelos torcedores celestes. O empresário teve o nome ovacionado: “Ei, ei, ei Pedrinho é o nosso rei”.
Ser grato ao Pedro, por tudo que ele fez e faz pro Cruzeiro, é uma coisa, IDOLATRAR é outra.
— Cruzeiro FR (@CruzeiroFR) May 21, 2020
“Pedro Lourenço do Supermercados BH, garantiu que o apoio da sua rede de supermercados irá continuar, independente de quem vencer a eleição.”
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O BHAZ entrou em contato com Cruzeiro Esporte Clube, para falar sobre as manifestações ocorridas durante a votação, e foi informado que o clube está empenhado no pleito.
O que diz a PM?
Em conversa com o major Flávio Santiago, porta-voz da PMMG, ele disse que os policiais agiram com a chamada “gradação de uso da força”. ” O pessoal de torcida organizado é muito complexo de lidar. Se você bobear um segundo pode acontecer uma tragédia. Ali teve a gradação do uso da força e na sequência houve dispersão”, explicou Santiago.
A gradação de uso da força, naquele contexto, este presente em três momentos, segundo Santiago. “O primeiro é o mais leve: a presença policial, por si só, faz com que as pessoas deixem de agredir. Sabíamos que alguns eleitores eram visados por ações diversas e a PM fez um esquema especial”, diz.
“Quando o Serginho sai e ameaçam ele de morte, na frente da PM, e o pessoal vai para cima ele é um desrespeito ao primeiro degrau de uso gradativo da força. O segundo degrau é a advertência”, relata.
“O terceiro degrau ocorre quando os torcedores começam a invadir e perde-se o controle de contato – algumas pessoas vem com deixa pra lá. Existe essa previsão como forma de advertência, mas que promove ação para quem está em volta perceba a ação da polícia”, conta.
“Se a PM não age, os torcedores poderiam ter agido e até invadido o perímetro de segurança e poderia ter tragédia até chegando a morte. A ação não teve nível de arbitrariedade. É importante lidar com gradação do uso da força para impedir que o pior aconteça”, disse o porta-voz.