Atleticanos fazem protesto contra Bolsonaro e o fascismo em BH: ‘Nós estamos aqui’

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Atleticanos se reuniram para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro (Amanda Dias/BHAZ)

Com Amanda Dias

Grupos de torcedores atleticanos se reuniram na Praça da Bandeira, na manhã deste domingo (24), na região Centro-Sul de BH, para protestar. Na pauta, estavam manifestações favoráveis à democracia e contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

O ato ocorreu dois dias após a divulgação do vídeo da reunião ministerial que pode conter indícios de intervenção do presidente na PF (Polícia Federal).

Manifestantes se reuniram na Praça da Bandeira (Amanda Dias/BHAZ)

Os torcedores levaram faixas em que chamam Bolsonaro de “genocida” e bandeiras de movimentos antifascistas. Um dos integrantes do movimento “Somos Democracia BH”, Rafael Santos, conta que a ideia, que começou em São Paulo com a torcida do Corinthians, é marcar oposição às manifestações pró-Bolsonaro e antidemocráticas.

“A primeira intenção era poder reunir os núcleos de esquerdas e democratas de BH e começar a, primeiramente, a mostrar que nós estamos aqui, que nós estamos presentes. Não é somente o outro lado com as manifestações antidemocráticas e fascistas que estão mandando na cidade”, diz Rafael.

Manifestantes levavam bandeiras do movimento antifascista (Amanda Dias/BHAZ)

Ainda segundo o manifestante, o movimento recebeu o apoio de quem passou pelo local, mas também foi alvo de críticas. “A gente percebeu mais apoio. Mas, tiveram carros de elite, como sempre, passando por aqui com gritos favoráveis ao presidente, que é um genocida. Mas isso é normal, estamos em uma região que incomoda bastante. Foi uma escolha estratégica, onde existem muitas pessoas autoritárias e antidemocráticas”, afirma.

O manifestante Patrick Luiz explica que o movimento tem ganhado apoio nacional e deve crescer.  “O ‘Somos Democracia BH’ vem de uma divisão que está começando no Brasil e que surgiu em São Paulo. É um movimento que não tem relação com futebol ou partido, é uma ação democrática. A ideia é juntar todos esses grupos para espalhar em todo o Brasil, pelo menos nas grandes capitais. O objetivo é poder combater o fascismo e esse processo antidemocrático que está sendo instalado no Brasil”, finaliza.

Reunião polêmica

O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nessa sexta-feira (22), autorizar a divulgação do conteúdo do vídeo da reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, apontou a gravação como prova das acusações da suposta interferência política do chefe do Executivo federal na Polícia Federal.

Confira, abaixo, as principais declarações do presidente na reunião:

Bolsonaro reclama das forças de inteligência do país

“Esse serviço nosso é uma vergonha, que eu não sou informado e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, eu vou interferir. Ponto final”.

Bolsonaro afirma que não recebe informações da PF

“Eu não posso ser surpreendido com notícias, pô. Eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não tenho informações; a Abin tem os seus problemas, tenho algumas informações. Só não tem mais porque tá faltando realmente, temos problemas, pô! Aparelhamento etc. Mas a gente num pode viver sem informação.”

Bolsonaro diz que tentou trocar segurança no Rio de Janeiro e não conseguiu

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar f*** a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira.”

Presidente chama prefeito de São Paulo, João Doria de ‘bosta’ e o do Rio, Wilson Witzel de ‘estrume’

“O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros, é exatamente isso. Aproveitaram o vírus, tá um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta.”

Bolsonaro fala sobre a flexibilização do acesso às armas no Brasil

Olha como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Por isso eu quero que o povo se arme, a garantia de que não vai aparecer um filho da p*** e impor uma ditadura aqui.
“Um p*** de um recado para esses bostas: estou armando o povo porque não quero uma ditadura, não dá para segurar mais. Quem não aceitar as minhas bandeiras, família, Brasil, armamento, liberdade de expressão, livre mercado, quem não aceita isso está no governo errado.”

Entenda o caso

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deixou o cargo, no dia 24 de abril, depois da exoneração do diretor-geral da PF (Polícia Federal), Maurício Valeixo. A demissão de Valeixo foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por meio do Twitter e foi publicada no Diário Oficial da União.

+ Moro pede demissão e acusa Bolsonaro de interferência política na PF: ‘Tiraram minha carta branca’

Após a demissão, em depoimento à PF (Polícia Federal), o ex-ministro Sergio Moro afirma que em reunião ministerial, no dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria exigido a troca na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Neste mesmo vídeo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria dito que o STF é composto por 11 “filhos da p**”.

+ ‘Onze filhos da p**’, diz Weintraub sobre ministros do STF em reunião citada por Moro

O presidente esperava que apenas o trecho de vídeo fosse divulgado.

+ Bolsonaro sobre divulgação de vídeo de reunião com Moro na íntegra: ‘Complica a situação’

“O que eu espero que aconteça, numa normalidade, é extrair do vídeo a parte que interessa ao inquérito para saber se houve alguma interferência minha na Polícia Federal ou não. O restante eu tratei de política internacional. Não é justo alguém achar que deve divulgar isso aí”, disse Bolsonaro.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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